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Domingo,
2/8/2015
Uma História da Tecnologia da Informação- Parte 9
Claudio Spiguel
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Parte 9: Lembro aos leitores e leitoras que não leram Partes 1 - 8, que vocês podem acessá-las "clicando" no Mais Claudio Spiguel aí embaixo no rodapé do texto.
E um par de anos se passaram estudando, e ensinando História da Computação na Universidade de Michigan (ver Parte 8). No fim dos anos 70 a marcha da miniaturização (ver Parte 5) dos processadores, da memória interna (RAM - "Random Access Memory"), memória permanente (discos e fitas magnéticas), e praticamente todos os componentes daquela gambiarra que eu havia usado para o acesso remoto ao computador da Universidade (ver Parte 7) estava em franco progresso. Com o tamanho e o preço diminuindo, e a capacidade aumentando, todos vertiginosamente, a distribuição da capacidade de processamento (Parte 3) na direção de computadores pessoais se tornou uma realidade inevitável.
Uma firma chamada Apple já havia lançado uma série de "personal computers" - computadores pessoais (Apple I, II, III e LISA). O povo em geral, no entanto, ainda não havia se ligado no que estava por vir, e havia uma certa dúvida generalizada sobre a utilidade do que era ainda visto como apenas uma calculadora cara. A Apple oferecia apenas "software" (programas ou coleções de instruções que operam o computador) proprietário, e com isso poucos programas eram disponíveis para usos mais corriqueiros, como, por exemplo, edição de textos. O "marketing" da Apple era insuficiente para qualquer penetração significativa, e como o conceito de rede (conexão entre computadores) ainda era latente e os computadores pessoais da época, como os computadores "mainframes", eram praticamente estanques, o conceito como um todo parecia ter a aura de uma curiosidade de ficção científica, ao invés da ferramenta indispensável que é nos dias de hoje.
APPLE I
APPLE II
APPLE III
APPLE LISA
Mas aí, em 1981, o peso-pesado da indústria de computadores, a IBM, lançou o seu PC ("Personal Computer"), com o "software" de operação DOS ("Disk Operating System"), e o fez com esse sistema aberto (não proprietário), de modo que firmas de produção de "software", que não a própria IBM, foram incentivadas a criar e desenvolver uma miríade de programas para as mais variadas necessidades do dia-a-dia inicialmente profissional, e depois pessoal de indivíduos. Isso, aliado ao poder formidável de "marketing" da IBM, lançou de uma vez por todas o computador pessoal, e estabeleceu uma dominância de mercado para a IBM e máquinas compatíveis com o PC que se mantém até hoje.
IBM PC
Em 1980 a Apple havia evoluido o LISA para uma série de computadores pessoais denominados MACintosh, incorporando uma interface gráfica para os usuários e o aparecimento do "mouse"; na verdade, essa interface foi desenvolvida pela XEROX PARC - Palo Alto Research Center na California, mas os executivos da XEROX julgaram que esse era um produto sem futuro... IMAGINEM SÓ!! Incorporando o conceito de uma interface gráfica para usuários o DOS evoluiu para o que é hoje o WINDOWS da Microsoft. Perguntem ao Sr. Bill Gates se esse produto não tinha futuro...
APPLE MACINTOSH
Mas aí em 1981 o Centro de Computação da Universidade de Michigan adquiriu um IBM PC só com o intuito de ter um, sem muitos planos, apenas para pesquisa. Ao mesmo tempo, a XEROX desenvolveu a 9700, a primeira impressora para imprimir por laser em uma página normal de papel, ao invés das impressoras por impacto em formulário contínuo (aqueles com os furinhos nas margens esquerda e direita usados por catracas para avançar o papel). Essa nova impressora era uma outra revolução por si só, e para todo o controle da nova tecnologia de impressão era ela mesmo um outro computador que requeria uma sala inteira com ar condicionado para operar. Comparem com as impressoras de hoje... a Universidade de Michigan, como uma das instituições mais avançadas na Ciência de Computação da época, foi escolhida para testar a nova impressora, e uma foi instalada no Centro de Computação com acesso apenas para o pessoal interno ao Centro.
IMPRESSORA XEROX 9700
Eu, na época, estava começando a escrever a minha dissertação de Doutorado. Até então, a única maneira de publicar uma dissertação, um dos requerimentos para a obtenção do título de Doutor, era seguir o mesmo processo de publicação de um livro (a dissertação É um livro... a minha tem quase 300 páginas!), ou seja, pagar um datilógrafo profissional para datilografar o seu texto, projetar a paginação, inserir apropriadamente figuras, gráficos, fotos, tabelas, etc., fazer um índice de títulos e subtítulos, um índice remissivo de palavras-chave, uma bibliografia de citações e referências, notas de rodapé, e assim por diante. Dada a natureza evolutiva do texto de uma dissertação, com vários ciclos de leitura e comentários de todos os cinco professores da banca examinadora, esse processo era extremamente ineficiente e CARO (os datilógrafos profissionais eram pagos por hora de trabalho!).
O formato para aceitação de uma dissertação é bastante rígido, e portanto uma adição, correção, ou eliminação de um parágrafo, digamos, na página 20, praticamente forçava uma nova datilografia de TODAS as páginas a partir da 20, para acertar a paginação, inserção de figuras, índices, citações, etc. Os datilógrafos ganhavam a vida com essa história. A 2ª experiência minha relevante a como esse processo evoluiu aos dias de hoje foi como eu produzi a primeira dissertação na Universidade de Michigan sem o uso de um datilógrafo profissional, e direto da impressora para o encadernador. Os detalhes comporão a Parte 10. Não percam o trem, e continuem viajando comigo nessa viagem fantástica!
Postado por Claudio Spiguel
Em
2/8/2015 às 19h19
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