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Quarta-feira,
12/8/2015
O primeiro livro que li
Guilherme Carvalhal
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Tenho um carinho especial pelo livro A Comédia Humana, de William Saroyan. Foi o primeiro livro que li, quando eu contava 14 anos. Não foi de fato o primeiro, mas é o que assim considero. Antes dele vieram os livros infantis e três livros que li na escola, O Bom Ladrão (Fernando Sabino), Dom Casmurro (dispensa comentar o autor) e O primeiro amor e outros perigos (obra adolescente do Marçal de Aquino, típico livro que professor de português adota no ensino fundamental para tentar fazer aluno pegar gosto pela leitura).
Considero a obra de Saroyan a primeira porque dali em diante eu nunca mais fiquei sem ler nada, engatando um livro atrás do outro. Foi o primeiro livro que li com interesse de leitor e não por obrigação estudantil. Era uma edição da Abril, parte de uma extensa coleção lançada pela editora, todos os livros com capa branca e identificáveis, do tipo que se coloca lado a lado na prateleira.
Assim como primeiro beijo, primeiro carro e primeiro emprego são coisas inesquecíveis, essa obra de Saroyan nunca me saiu da cabeça. É uma obra interiorana, com enfoque na infância, bem parecida com os trabalhos de Mark Twain. É com ares um tanto quanto autobiográficos que ele faz essa obra familiar e humana.
O núcleo da história gira ao redor dos irmãos Homero e Ulisses, que vivem na cidade de Ítaca enquanto do outro lado dos oceanos ocorre a Segunda Guerra Mundial. Homero é um adolescente que trabalha como estafeta - profissão hoje conhecida como office boy e que foi exercida pelo autor durante a adolescência - e aguarda o retorno de seu irmão mais velho Marcus que foi convocado.
Homero encara um processo de maturidade mostrado por diversas formas. A perda do pai e a necessidade de assumir responsabilidades quando o irmão mais velho parte para a guerra é um choque de realidade. Sua família de origem armênia como o autor é mais uma mostra do caráter um tanto quanto autobiográfico.
O livro retrata fatos do dia a dia de uma cidade pequena, como o trabalho, a escola e as expectativas diante do conflito na Europa, tudo isso com certa lição de humanismo como pano de fundo. A parte do vendedor de frutas e seu filho é um desses casos, sendo o personagem Ulisses com sua inocência juvenil o responsável pelo lado lírico do livro.
A Comédia Humana é o tipo de livro que tem como lição de moral a ideia de que, se o mundo está imerso em problemas, ainda assim é um lugar bom. É um clássico da literatura do Estados Unidos, adaptador para filme em 1943 e ganhador do Oscar de Roteiro Original, recebido por Saroyan.
Postado por Guilherme Carvalhal
Em
12/8/2015 às 20h29
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