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Quinta-feira,
13/8/2015
Esse mundo é um busão
Luís Fernando Amâncio
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Fonte da imagem: http://www.megacurioso.com.br/
Sabem aqueles engarrafamentos à paulistana, onde os carros andam um metro e ficam parados por 5 minutos? Onde as nuvens passam, mudam de forma, voltam à forma anterior e você ainda não saiu do lugar? Então, dá para se sentir bem com eles. E até ficar feliz. Verdade. É só você estar do lado de fora do engarrafamento, fazendo uma caminhada despretensiosa, de preferência perto de casa.
Pois os carros proporcionam status, simbolizam a entrada na vida adulta para uns, a bonança financeira para outros, conforto e mobilidade. Isso sem falar em como automóveis são fetiches para homens e mulheres... Porém ali, enfileirados, impedidos de fazer aquilo para que foram projetados, a saber, andar, os carros são um tanto inúteis. Aí, não importa painel de madeira e bancos de couro. Você, caminhando na calçada, todo esculhambado, de chinelo e camisa de candidato para vereador da eleição de 2008, será mais feliz do que um dono estressado de uma BMW, buzinando loucamente só para aliviar a tensão.
Os carros têm suas vantagens, não desdenho deles. Mas eles também são um indício do quanto nossa sociedade se aprofunda em soluções individualistas para problemas coletivos. Sabemos bem que o transporte público é sucateado na enorme maioria das cidades brasileiras e do tanto que seu usuário sofre com ele. Logo, qual é a solução? Comprar um carro. O meio ambiente não agradece. As montadoras, sim.
Mas, vejam, eu defendo que a convivência com o transporte público tem uma função educadora para os cidadãos. Afinal, ele é uma simulação de nossa sociedade. Sigam meu raciocínio. Ônibus e metrôs quase sempre estão lotados - o mundo também está. Neles encontramos gente de todos os tipos: educada, grossa, folgada, falante, desrespeitosa, fedida, cheirosa... Gente que você não queria que estivesse lá, no assento desejado (pode confessar, aquele alto, em cima das rodas do busão). Gente mais velha, por quem você será gentil cedendo seu lugar. Ainda que ficar em pé, sacolejando no ônibus, pois o motorista tem pressa, não seja legal - ser gentil é.
Amigos, nossa vida é uma roleta russa de situações envolvendo outras pessoas. Nem todas são agradáveis - roletas russas não envolvem uma bala no revolver? Ainda assim, é o que tem pra hoje. O mundo é diferente daquilo que você deseja para ele. Suas fronteiras são mais amplas do que suas concepções estúpidas.
Acredito que quem se aliena desses ambientes, esses autoexilados que usam o carro para ir na padaria, vai criando "nojinho" de conviver com outros seres humanos. Ao menos com aqueles que fogem de seu círculo social. Aí, criamos esse pessoal que dividem o mundo entre "humanos direitos" (seus amigos) e meliantes.
Andar de ônibus ou de metrô faz bem para a sanidade mental/ social das pessoas. Nos faz ser mais gente e menos esses avatares que postam comentários na internet.
Postado por Luís Fernando Amâncio
Em
13/8/2015 às 20h29
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