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Quinta-feira,
20/8/2015
Escritores baianos fazem sucesso na Colômbia
Valdeck Almeida de Jesus
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Luiz Menezes, Maria Prado e Valdeck Almeida.
"Não vim só, não estou só, tenho todos vocês". Com esta fala, e tirando camisas do Sarau da Onça e da Galinha Pulando, eu comecei minha apresentação, que arrancou aplausos antes e depois da leitura de um resumo sobre o panorama da arte da palavra no Brasil, Bahia e Salvador. Para provocar, eu disse que tinha ido à Colômbia em busca de traficantes, e que tinha encontrado vários deles, todos viciados em traficar palavras, livros, ideias e sonhos, aos quais me juntei.
O XIII Parlamento Nacional de Escritores da Colômbia aconteceu de 12 a 15 de agosto de 2015, em Cartagena das Índias, e foi marcante demais. Viajei dia 10, junto com Maria Prado de Oliveira e Luiz Menezes de Miranda, ficamos no mesmo hotel e aproveitamos tudo o que o evento proporcionou, e mais um pouco. Chegamos um dia antes da estreia do parlamento e nos acomodamos no Stil Cartagena Hotel, na Plazuela Telecom, bairro La Matuna, região central da cidade. Apesar do calor e da umidade do clima, não foi difícil esquecer o incômodo e sair pelo Centro Histórico, conhecido como Cidade Murada e aproveitar as belezas naturais do lugar.
A primeira providência foi visitar a Rádio Universidade de Cartagena, onde tínhamos uma entrevista agendada com a jornalista Laura Romero, muito simpática, que nos recebeu e confirmou o encontro para o dia seguinte. Bem cedinho, dia 11, fizemos a caminhada outra vez e lá estávamos, felizes, sob os cuidados de Laura e sua equipe, sendo entrevistados. Demos o recado, falamos sobre nossas produções literárias e da apresentação que faríamos no Parlamento de Escritores. Maria Prado de Oliveira explanou sobre o conto "Umas Acadêmicas", do livro "Urbanos, Humanos, Estranhos"; Luiz Menezes falou sobre o Sarau da Onça e do artigo sobre o grupo de poetas; eu distribuí exemplares autografados do livro "Poesias ao Vento: vinte poemas de amor e uma crônica desesperada", ilustrado por Zezé Olukemi, e li poemas, além de falar rapidamente sobre o Parlamento de Escritores. Apesar do pouco domínio da língua espanhola, nos saímos muito bem e deixamos amigos na universidade, portas abertas para novos contatos.
Parlamento Nacional Durante quatro dias a agenda foi apertada, entre palestras, leituras de poemas, exposições, divulgações de livros etc, que consumiu o tempo inteiro da gente, com muito prazer, é claro. Só não ficamos para o encontro de encerramento, porque coincidia com horários de saída do hotel e embarque para o Brasil. Mas desde a cerimônia para imprensa, ainda no hotel, cerimonial de abertura do parlamento, no Teatro Adolfo Mejía e jantar de gala no Club Unión de Cartagena, não perdemos nada. Na cerimônia de abertura, um show musical preparou o ambiente e a alma de todos nós para o restante da programação. O destaque foi para o escritor Andrés Brum, que recebeu o livro de ouro por sua atuação literária. Em agradecimento, ele dedicou o prêmio a todos os escritores e escritoras que lutam por liberdade de expressão e por democracia. Ele pediu o apoio do Parlamento de Escritores à luta em prol da leitura e da escrita e o incentivo de oficinas de criação literária, para que cada autor pudesse falar de si e de suas experiências para enriquecer o debate contra a fome, violência e morte de jovens.
No dia seguinte, quinta-feira (13), tiramos uma tarde de folga para conhecer a praia de Boca Grande e tentar conhecer a Escola do Corpo, para projetos futuros de intercâmbio entre Brasil e Colômbia. Nosso dia a dia em Cartagena, não se repetia, porque, apesar de ter uma programação extensa, o assunto, literatura, estava rolando solto, com conversas nos bastidores, troca de livros, anotações de contatos, fotos para álbuns nas redes sociais e a cordialidade do colombiano, que vale registro.
Em nossas apresentações, percebemos olhos e ouvidos atentos ao que os brasileiros tinham pra mostrar. Maria Prado contou com uma plateia em silêncio na leitura de seu texto, que depois foi distribuído entre os escritores e colocado estrategicamente em bancos da praça Telecom, em frente ao hotel onde nos hospedamos. Luiz Menezes recitou e leu sua apresentação sobre o Sarau da Onça, em português, e distribuiu, também, cópias traduzidas entre a audiência. Eu, Valdeck Almeida, fiz leitura de poemas e tracei um breve panorama sobre as políticas literárias do Brasil, citando o Plano Nacional do Livro, o Plano Estadual do Livro e o Plano Municipal do Livro, Leitura e Biblioteca de Salvador. Dei exemplos exitosos da capital baiana como a Primeira Parada do Livro, o Selo Literário João Ubaldo e o Prêmio Jorge Amado de Literatura. Nomeei alguns membros do Conselho Diretivo do PMLLB: Célia Sacramento, Lurdes de Fátima, Jorge Baptista Carrano, Solange do Espírito Santo, Adriana Reis, saudando à presidente honorária do Parlamento, Guiomar Cuesta Escobar, fazendo observação e parabenizando às mulheres por serem maioria nessa citação. De quebra, fiz uma apresentação em que citei a União Baiana de Escritores - UBESC e os coletivos Sarau da Onça, Grupo Ágape, Sarau do Gheto, Sarau da Paz, Sarau Bem Black, Sarau da Jaca, Sarau do Gato Preto, entre outros.
Maria Prado, Pedro Blas e Valdeck Almeida.
O recital na Plaza Trinindad, no bairro Getsemaní, no penúltimo dia, coroou de êxito o parlamento. Ali estávamos ao ar livre, rodeados de curiosos, amantes da poesia, poetas declamando, a praça lotada, onde se podia comprar desde um pastel, uma arepa típica ou uma fruta fresquinha. Ao redor, restaurantes e lanchonetes onde eram servidas outras iguarias. Andar pelas ruas e becos da cidade era ao mesmo tempo um misto de surpresa e alegria, pois o patrimônio histórico é muito bem cuidado e a segurança pública funciona. De quebra, jantamos no restaurante El Santíssimo, com ambiente requintado e comida de nível internacional, mesclada com a culinária caribenha. Passamos pelas praças e pontos turísticos, tiramos muitas fotos e aproveitamos bastante a estadia em Cartagena. Conhecemos, dentre outros lugares, a Torre del Reloj, Teatro Adolfo Mejía, praia de Boca Grande, Club Unión, Universidade de Cartagena, Universidade Tadeo Lozano, Colegio Mayor de Bolívar etc.
Fizemos varios amigos, dentre eles Johan Salgado, Hallyson Stefanía, Andres David Cardozo Escobar, Cristian Camilo Hidaldo e Jorge Fernando Montenegro Ballesteros, do Parlamento Jovem, uma novidade do evento, que reuniu jovens escritores de toda a Colômbia, para debates, recitais e, também, intercâmbio com os escritores veteranos. Importante iniciativa, que traz novas ideias e também cria expectativas para o futuro do parlamento, que precisa de sangue novo para continuar a caminhada. Também nos encontramos com Carmen Ceci Morales, Sonia Solarte Orejuela e Fernando Chelle. Eu levei livros que João Vanderlei de Morais Filho me pediu para entregar ao poeta Pedro Blas Julio Romero, o qual conheci e gostei da pessoa e da obra apresentada durante o parlamento e em recitais na Praça Trinindad.
Presentes para todos, livros, livros, a mão cheia: ¡Alfa, Casa y Aldea! - Andrés Elías Flórez Brum; Vovó Lulu - Maria Prado de Oliveira; Poesías al viento: veinte poemas de amor y una crónica desesperada - Valdeck Almeida de Jesus; Cabaré - Luiz Menezes de Miranda; Generación Fallida - varios escritores; Actores de arena - Jarl Ricardo Babot; Gente que camina - Mariela Zuluaga; Poemas soñados en un Mar de Ilusiones - Néstor Augusto Esquivel Donato; Navegando en el mar del tiempo - Jaime Enrique Otero Sáez; Poetas Aguachiquenses - José Orlando Blanco Toscano (organizador); Agujas contra el tiempo - Carmen Cecilia Morales Gonzales; Ritual del silencio - Gerardo Frey Campo Gómez; Revista Cotoxó, editada em Jequié por Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho; Me salva un poema - Mara Castell; Dicionário de Escritores Contemporâneos da Bahia - Carlos Souza Yeshua; Escritores Baianos - um panorama - Fundação Cultural do Estado da Bahia - Funceb e Fundação Pedro Calmon - FPC.
Os organizadores e patrocinadores do XIII Parlamento Nacional de Escritores estão de parabéns, pelo cuidado e carinho com seus convidados e pela condução dos trabalhos. Eu, Luiz Menezes e Maria Prado de Oliveira ficamos encantados. Eu, apesar de estar na cidade pela segunda vez, também me surpreendi, pois desta vez pude aproveitar melhor o evento, além de contar com a companhia de meus amigos brasileiros. Para Maria, "eventos de pensamento sempre são fontes inesgotáveis de trocas, de intercâmbios prósperos, de novas amizades...". E completa: "o XIII Parlamento de Escritores da Colômbia foi tudo isso e muito mais... A cidade de Cartagena das Índias é mágica e belíssima... Assim como em Paraty, no Rio de Janeiro, que faz uma festa literária internacional há mais de uma década, e Cachoeira, na Bahia, que também sedia um evento literário nos últimos anos, além de outras lindas cidades, no Brasil e no mundo, que promovem festas, feiras e encontros literários, Cartagena é um cenário encantador para um encontro entre escritores de várias partes do mundo...". Luiz Menezes já planeja seu retorno em 2016, prometendo levar mais poetas para o encontro. Deixamos saudades e boas recordações. Luiz distribuiu fitas do Senhor do Bonfim e outros presentinhos, que agradaram a todos. Maria distribuiu cópias de seu conto e Valdeck presenteou a equipe do parlamento com mini berimbaus e livros de sua autoria para os participantes do encontro de escritores.
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Postado por Valdeck Almeida de Jesus
Em
20/8/2015 às 10h00
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