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Domingo,
30/8/2015
Monumento a Noël Rosa
Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
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Ainda em 2014, no primeiro sábado de novembro, voltei a Vila Isabel para conhecer o Monumento a Noël Rosa. Passei pelo Maracanã e cheguei ao destino. Pequena praça, ambiência de bar. Noël sentado. E uma cadeira vazia. De pé, o garçom ─ querendo limpar a mesa ─ me lembrou o humor de Noël retrucando naquela Conversa de botequim:
"Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto nem pago a despesa (...)."
Em Vila Isabel, o encantamento norteia os passos do visitante. E ora repito: em Vila Isabel a fábula desenha o dia a dia. E a tal conversa de Noël começara assim:
"Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada (...)".
Na Vila de Noël, a poesia rege o enleio do visitante. A poesia conduz a memória a lugares e tempos de antes e atualiza o passado. Antigos saraus. Poetas. Amorável encantamento, de onde vens? Eu, visitante desse lugar, te recebo em festa, lembrando o Feitiço da Vila versejado por Noël, com melodia de Vadico:
Quem nasce lá na Vila,
Nem sequer vacila
Ao abraçar o samba (...).
De há muito o samba abraçara a Vila. Egresso do conjunto Flor do Tempo, surgiu o Bando de Tangarás:. Dele faziam parte Noël, Braguinha, Almirante, Alvinho e Henrique Brito. Primeiro eles trouxeram ao bairro o Brasil regionalista. Depois, acolheram valsas e marchas. E logo caíram no samba, como está dito no Dicionário do Ricardo Cravo Albin. Por isso, dá pra sentir, a Vila não é território neutro. Sabe o que quer. Sabe sambar. Por isso Martinho da Vila sonhou bonito:
"Esta noite eu sonhei com uma roda de samba no céu
Com Pixinguinha, Donga, Almirante, Sinhô, Ismael...
Noel Rosa versava (...)".
No centro dessa roda, dá pra imaginar ─ não podia ser outro ─ Noël respondendo a Wilson Baptista:
"Fazer poema lá na Vila é um brinquedo (...)".
Da Vila de hoje, muito mais poderia ser dito. O coração conduz o afeto. Escola de Samba. Compositores. Praças. Comes e bebes. O estômago carrega o corpo. Vamos à Rua dos Artistas? Que tal ir ao Siri? Vamos ao Boulevard? Um chopinho no Petisco?
Andei pelas ruas. De volta, ao passar pelo Monumento a Noël Rosa, dei uma paradinha pra mais uma foto. Em cena, Noël e o garçom. E alguém ocupava a cadeira ao lado:
─ "Um cafezinho?"
Ah! Ia me esquecendo de dizer. Acompanhava-me, então, Seo Armindo, o gentil senhorzinho português, que conheci numa padaria, quando eu buscava informações sobre antigas casas da Vila, na minha primeira ida ao bairro. Ele entrou no meu blog na Homenagem a Orestes Barbosa.
Sempre brincalhão, Seo Armindo lembrou:
─ "Na semana próxima vamos à antiga fábrica de tecidos. É só ligar pro meu escritório: 34 43 33".
Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
Em
30/8/2015 às 09h38
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