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Terça-feira,
1/9/2015
O que mais falta acontecer?
Julio Daio Borges
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Este governo me faz lembrar dos tempos em que eu trabalhava na controladoria, no banco ABN Real.
Agora, no meio do segundo semestre, era época de orçamento - e todas as áreas, do banco, tinham de apresentar o seu.
Na controladoria, a gente "consolidava" os números das diversas áreas - até chegar ao orçamento do banco como um todo. Não só do banco no Brasil, mas do banco na América Latina.
Outra função da controladoria era confrontar esses números - principalmente os das áreas de negócios - com a contabilidade. Em outras palavras, com a realidade.
No banco, não existia a hipótese de uma área não entregar seu orçamento - como o governo fez agora. Imagina um gestor - em qualquer empresa - chegar para seu superior direto com um orçamento pela metade?
"Olha, eu calculei todas as despesas. Mas, quanto às receitas, eu não sei o que fazer... As contas não fecham!"
Era obrigação de cada área de negócio - e deve ser assim em qualquer empresa - ter um plano para gerar receitas. E não só receitas para *cobrir* as despesas - mas receitas para *ter lucro*. No caso do governo, para gerar "superávit". E, no caso do governo brasileiro, para diminuir a relação dívida/PIB.
Infelizmente temos um governo - mais precisamente, uma equipe - que, apesar de um primeiro mandato inteiro, não aprendeu a fazer orçamento. E, mesmo que aprenda, isso vai ter um custo enorme para o País. (Não dá mais tempo.)
Uma gente que passou os últimos anos na Ilha da Fantasia, maquiando resultados, tirando receitas extraordinárias da cartola, pegando "emprestado" de onde não devia - e jogando a conta sempre mais pra frente (as famosas "pedaladas fiscais").
Só que - um dia - chega a hora de pagar. E esse dia chegou. Foi ontem.
Quer dizer: este governo já vem atrasando pagamentos - ou até deixando de pagar - com uma certa frequência. Ontem foi o dia de, finalmente, reconhecer: "As contas de 2016 são essas - e não temos dinheiro suficiente".
E agora?
O governo ainda tentou um último movimento - completamente desarticulado -, a recriação da CPMF (com outro nome).
Mas nem teve como disfarçar que estava passando a conta - dos seus erros - para a sociedade brasileira. E a sociedade, claro, não aceitou. E o governo - à beira do abismo, por tantos outros motivos - voltou atrás.
Como não dava mais tempo - como o prazo era ontem - o governo resolveu apresentar o orçamento "assim mesmo". Sem ter fechado a conta.
Ao contrário do que disseram - e o vice-presidente estava entre eles - não foi um gesto de maturidade reconhecer o rombo e apresentar um orçamento "realista".
Foi apenas o reconhecimento da própria incompetência. Eles não sabem mais o que fazer. E não há mais tempo...
"Tudo bem. Manda desse jeito. Na hora a gente vê..."
Quando isso acontece dentro de uma empresa ou organização, é a demonstração, mais eloquente, de que o gestor não sabe... como *gerir* - como administrar - o que está sob sua responsabilidade.
Se for um pequeno gestor, de uma área pequena, talvez ainda reste alguma chance de ele aprender... Contando com a enorme compreensão da alta gerência...
Mas e se for um diretor de empresa? E se for um *presidente*? O que vocês acham que deveria acontecer com ele?
E se for a *presidente do Brasil*? O que vocês acham que deveria acontecer?
Para ir além
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Postado por Julio Daio Borges
Em
1/9/2015 às 09h06
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