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Sábado,
12/9/2015
A Queda
Julio Daio Borges
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Ontem assisti a "A Queda", filme de 2004, sobre os últimos dias de Hitler.
Como todo mundo sabe, Berlim estava sendo invadida pelo exército russo, enquanto continuava bombardeada pelos Aliados, mas Hitler insistia.
No final, não sobravam soldados e o Führer apelava para crianças, que tentavam conter os tanques russos, com pequenas bazucas. (Imagine a cena.)
Algumas reações de Hitler à derrota, que se instalava:
Primeiro, ele se dizia "traído". Cada um que decide abandonar o bunker, sem a sua autorização, é considerado traidor. A alguns, ele manda fuzilar (e consegue).
Depois, ele diz que suas ordens não foram cumpridas à risca. Se tivessem sido, a Alemanha teria vencido a guerra, e não o contrário.
Por último, além de desqualificar seus subordinados - e o exército como um todo -, ele conclui que o povo alemão é que não é digno de si (digno dele, Hitler).
São antológicas as suas explosões, no filme. São o grande momento do ator que encarna Hitler.
O Führer, obviamente, não admitia ser contestado. E nunca havia errado, naturalmente.
Numa determinada cena, os subordinados começam a discutir entre si. Quem vai informar o Führer da situação? Quem vai lhe contar toda a verdade? Quem, afinal de contas, vai suportar sua cólera diante dos fatos?
Mas os delírios não cessam. Hitler, volta e meia, ainda sonha com a vitória. Imagina exércitos (escondidos) que virão em seu resgate.
Dentro de uma câmara hermeticamente fechada - que não lhe permite ver o que se passa no mundo exterior -, refugia-se em mapas e traça planos para o Terceiro Reich...
São constantes os apelos para que abandone Berlim. Mas ele sempre se recusa. Na imagem de Albert Speer - o arquiteto do Reich -, "quando o pano descer, o Führer tem de estar no palco".
Também são constantes os apelos para que, ao menos, poupe a população civil. Hitler responde, entre outras coisas, que, se a Alemanha perdeu a guerra, seu povo não merece sobreviver.
"Os melhores já se foram", Hitler pondera. "Só restaram os fracos". E encerrando o assunto: "Eliminei a compaixão da minha vida há muito tempo. Não vou derramar sequer uma lágrima".
Num dado momento, alguém apela para a simples lógica: "Mein Führer, mas você é o *líder* deles!?"
Ao que Goebbels, mais pra frente, responde: "Ninguém obrigou o povo alemão a nada". (Como se dissesse: "A culpa não é nossa".)
E conclui: "Eles nos deram mandato. Nós o estamos exercendo".
Goebbels assume como chanceler, quando Hitler se suicida (junto com Eva Braun e sua cachorra, Blondi).
E uma das sequências mais impressionantes de "A Queda" é quando a senhora Goebbels envenena, pessoalmente, cada um dos seis filhos do casal. Todos crianças.
A justificativa da mãe, para o ato: "Eles não merecem viver num mundo onde não haverá mais o Nacional Socialismo".
"O nosso ideal morreu", a senhora Goebbels escreve numa carta. E termina executada pelo próprio marido (que, igualmente, se mata)...
Vale lembrar que a Europa quase acabou naqueles dias.
Mas o mundo sobreviveu, ao menos, para contar essa história.
"A Queda" é um filme muito elucidativo...
Para ir além
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Postado por Julio Daio Borges
Em
12/9/2015 às 11h38
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