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Domingo,
20/9/2015
Once More 'Round The Sun, do Mastodon
Guilherme Carvalhal
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O Mastodon conquistou nos últimos anos uma posição de destaque no meio do heavy metal de forma dúbia. A banda apresentou um som pesado, mas sempre se alinhou a uma tentativa de composição mais elaborada. Seus discos são um festival de riffs pesados e harmonias complexas, precisando de mais de uma audição para serem realmente apreciados. Ao mesmo tempo em que a banda consegue destaque e atinge boas vendagens, não tem se tornado um referencial tão grande no meio do rock.
O disco de estreia da banda, Remission (2002), já apresentava qual a pegada da banda: som ágil, pesado, gritado e com harmonias mais elaboradas, por vários momentos tentando dar uma cara de metal progressivo. Esse disco já traz músicas bem bacanas, como "March of the Fire Ants" e "Where Strides the Behemoth". O segundo trabalho, Leviathan (2004), tem um cuidado maior com as melodias. O disco é mais detalhado e possui mais nuances, o que em definitivo o aproxima do termo metal progressivo. Diferente do Remission, que era mais gritado e cru, esse disco possui um acabamento maior, tentando também trabalhar a ideia de conceito, com o tema do livro Moby Dick. Esse costuma ser cotado como seu melhor trabalho.
Em Blood Mountain (2006) a banda apresenta o mesmo estilo de Leviathan, mas sem atingir a mesma qualidade sonora. Os mesmos elementos estão presentes: belas composições, destaque às melodias diferenciadas, baterias alucinantes e vocais gritados. É um grande disco, mas não tão grande como o trabalho anterior. Já no disco Crack The Skyes" (2009) a banda apresenta um estilo completamente alterado. As músicas possuem uma cadência mais lenta, diferenciando bastante dos discos anteriores. Se receberam o rótulo de metal progressivo, esse trabalho é a maior justificativa. As músicas apelam bem mais para pegadas melódicas, mantendo os arranjos complexos, algumas em um ritmo mais arrastado.
The Hunter (2011) mescla a guinada de Crack The Skyes com os outros discos da banda. Se o som do Mastodon no início de carreira era dúbio pelo estilo pesado e nervoso com arranjos complexos e assim podia afastar alguns ouvintes, nesse álbum a banda encontrou uma fórmula mais palatável, com sons mais digeríveis, o que não quer dizer necessariamente melhor que os demais. As faixas são realmente mais agradáveis, mas não há a mesma energia dos primeiros e nem chega ao nível de Leviathan. A faixa "Curl of the Burl" até apresenta refrão repetido.
Once More 'Round The Sun é seu mais recente lançamento. Nesse disco se vê a banda com o mesmo estilo apresentado em The Hunt. O som não apresenta a mesma energia de Remission e nem chega ao nível de composições de Crack The Skyes ou Leviathan. O som da banda caminha mais para a tentativa de um som comercial, sendo um prato cheio para trilha sonora de vídeo game.
Esse disco novo se alinha bastante ao trabalho anterior. Possui algum peso, mas não o suficiente para agradar fãs de metal mais exigentes. As harmonias são interessantes, mas quem ouve os trabalhos anteriores da banda sente falta de algo mais. Agradar até agrada, mas não empolga de fato. Como ponto alto, há belos solos, como na faixa "The Motherload".
Músicas como "High Road" e "Feast Your Eyes" recuperam o apelo dos melhores momentos da banda. A melhor do disco é a faixa-título. É a mais original, agregando as melhores qualidades do Mastodon. É harmonicamente perfeita, pesada e bem estruturada. Os belos riffs, uma das suas principais características, estão presentes em músicas como "Asleep In The Deep" e "Ember City".
A sensação que Once More 'Round The Sun passa é de que o Mastodon apresentou um belo trabalho desde o início, mas que não consegue mais apresentar grandes inovações. Ao mesmo tempo, não agrada tanto a fãs mais tradicionais de rock pesado, então se apega mais a algumas fórmulas musicais para se aproximar de outros ouvintes.
O disco não é ruim, mas o Mastodon já apresentou uma qualidade maior e acabou caindo em alguns lugares comuns. É bem trabalhado e tem bons solos, que definitivamente são o principal diferencial. Mesmo assim, não se torna uma disco realmente fantástico. A audição vale a pena, só não se deve manter muitas esperanças com o produto.
Postado por Guilherme Carvalhal
Em
20/9/2015 às 16h26
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