BLOGS
>>> Posts
Domingo,
27/9/2015
Os Onassis - e os Kennedys
Julio Daio Borges
+ de 1400 Acessos
Confesso que, quando era mais jovem, não tinha muita paciência para a família Onassis
Via a minha mãe acompanhado as vidas deles, pelo jet set e por revistas de celebridades - e as aventuras deles não me interessavam em nada
Mas o livro de Peter Evans, Nêmesis, autor que escreveu a biografia de Aristóteles Onassis, e que eu comecei a folhear porque a editora me mandou, me pegou de jeito
Talvez porque eu tenha percebido que, por trás de toda grande celebridade, existe uma história de poder, e dinheiro - e essa história pode vir a me interessar
O livro tem a vantagem de não ser grande, então eu tinha a oportunidade de não perder muito tempo com ele - se o assunto se revelasse banal ou frívolo
Mas eu sabia que não seria, porque era muito bem escrito, desde o início. E aquela estrutura, tipo thriller, acabou me prendendo (eu só pensava em voltar para o livro)
Nêmesis, basicamente, revela que Aristóteles Onassis, o homem mais rico do mundo (e um dos mais poderosos) em seu tempo, financiou o assassinato de Robert F. Kennedy, irmão de John F. Kennedy, o célebre presidente dos EUA
E financiou porque queria se casar com Jacqueline Kennedy, a célebre viúva de JFK - e Bobby Kennedy sempre foi um obstáculo: porque Onassis não valia nada, e os Kennedys nunca aceitaram ele
Na verdade, o livro refaz a trajetória do ódio entre Onassis e Bobby, que é anterior a Jackie, e que é anterior à própria presidência de Jack Kennedy. ("Não há nada mais tenaz que um bom ódio", escreveu o nosso Machado)
A figura de Onassis é fascinante e eu confesso que fui seduzido por ela, também. É um mau-caráter no estilo Assis Chateaubriand (por mais que você saiba dos seus crimes, não tem como não sair embevecido da leitura de "Chatô")
Onassis fez de tudo na vida, foi um tremendo de um gângster, fez fortuna, foi amante de mulheres importantes - e abriu caminho até as mais altas rodas, à sua maneira
O romance com Jackie começou antes da morte de John Kennedy - e vale dizer que os casamentos, na alta sociedade, eram uma bandalheira (se é que não continuam sendo)
Além do presidente que todos conhecemos, JFK entrou para a História como um incorrigível mulherengo. Assim como seu pai, e seu irmão (esse um pouco menos). Os dois últimos dividiram Marilyn Monroe - e o livro dá a entender que ela foi "suicidada" por eles: pois ameaçava colocar a boca no mundo...
Acontece que Jacqueline não era nenhuma santa e não aguentou as humilhações passivamente. Quando aceitou o convite de Onassis para um cruzeiro em seu iate, foi um escândalo mundial - porque ela havia acabado de sofrer um aborto e estaria de consolando com "o grego" de má fama, longe dos EUA e do presidente...
Embora tenha ficado viúva logo depois, não podia se casar com Onassis imediatamente. Primeiro, porque o papel de viúva lhe caía bem. Segundo, porque ela recebia uma boa pensão. E terceiro porque, após a morte de JFK, se construiu o mito de "Camelot". E como uma princesa - dos EUA - iria se casar com um homem de tão baixa estirpe, como Ari, o grego?
Seria como se Lady Di se casasse com Pablo Escobar, mais ou menos. Considerando-se que Diana, embora fosse mais bonita, era menos interessante que Jacqueline. E Escobar, embora talvez mais rico, nunca se tornou um homem refinado, como Onassis
A história do assassinato de Bobby Kennedy - que protegeu Jackie de Onassis até o fim - é intrincada. Mas, basicamente, Onassis financiou um terrorista palestino que tinha ligação com outro terrorista - que acabou matando Bobby, quando ele fazia campanha para a presidência dos EUA e havia acabado de vencer as primárias na Califórnia
Assim, essa história de que "surge" um "maluco" que "de repente" mata uma pessoa importante, sozinho, sem nenhuma estrutura, não cola mais. Nunca colou, para mim. Agora, cola ainda menos. (Pense nos assassinatos de John Lennon e do próprio JFK...)
Enfim: Jackie saiu de uma família trágica para causar tragédia em outra. Depois que se casa com ela, Onassis perde: a cunhada, o filho, Alexander, e sua primeira mulher, Tina. Seus negócios começam a ir mal, ele adoece - e, em questão de meses, morre (aos 75 anos)
A batalha, então, começa pela herança. Desta vez, é Christina Onassis, a filha remanescente de Tina e Ari, tentando proteger o espólio... dos Kennedys! Afinal, Jackie sempre quis o dinheiro. E Aristóteles quis as vantagens comercias - de ser casado com uma ex-primeira dama dos EUA - embora não tenha conseguido obter tantos ganhos...
A história dos herdeiros não é tão interessante e o livro termina, basicamente, com o acordo entre Christina e Jackie. Segundo o qual, aliás, Jackeline foi obrigada - por Christina - a assinar "Onassis" para sempre
Se você quer se introduzir no mundo de Camelot, e na sua vasta bibliografia, Nêmesis poder ser uma boa porta de entrada. E eu confesso que fiquei com vontade de ler "Ari", sobre a vida desse mostro, ao mesmo tempo grotesco e sublime, chamado Aristóteles Sócrates Onassis
Para ir além
Compartilhar
Postado por Julio Daio Borges
Em
27/9/2015 às 11h55
Ative seu Blog no Digestivo Cultural!
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
|
|