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Domingo,
4/10/2015
Drummondiando Mário de Andrade
Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
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Antônio amava Judite, mas era noivo de Maria
que era amada por Juca:
─ Vestido azul! Estás linda, Maria.
─ Não preferes o rosa, Juca?
─ Azul no vestido. Rosa em teus lábios.
─ Antonio prefere me ver vestida de branco.
─ Por que sempre falas nele?
─ É meu noivo, como não falar?
Na mesma sala. O carrilhão toca seis vezes.
O céu escurece:
─ De vermelho, prima? Sinal de alegria?
─ Sim. Amanhã me caso e seguirei viagem com Antônio.
─ Não te verei mais?
Um ano depois, Maria retorna. Ansioso,
Juca espera um aceno amoroso. Na mesma sala,
hora do almoço:
─ O lilás te cai bem, Maria. Te aviva o semblante.
─ Sempre, reparas na cor das minhas roupas. Fetiche?
─ Não, o belo me atrai.
Dois anos depois. Hora da ceia. Maria vestida de preto.
Um licor após o cafezinho. Apaixonado por outra,
Juca se retrai.
─ Nada falaste do meu vestido, Juca?
─ Por que falaria? Enviuvaste?
─ No ano passado.
Juca não mais amava Maria, que agora amava Juca.
Apaixonado por Judite, Juca esquecera Maria
que no mesmo ano se casou com Simplício,
que só agora entrou nessa história de amor.
E o amor de antes ficou sem entender nada
dessa história antiga.
(Texto em torno do poema "Quadrilha", de Carlos Drummond de Andrade, e do conto "Vestida de preto", de Mário de Andrade)
Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
Em
4/10/2015 às 11h50
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