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Quarta-feira,
7/10/2015
A um aspirante a escritor
Sonia Regina Rocha Rodrigues
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Todo médico conhece os princípios da cirurgia, mesmo que seja um clínico; sabe os fundamentos da homeopatia, mesmo sendo alopata; é capaz de fazer um parto, mesmo não sendo obstetra; e estudou a evolução das ciências médicas, embora não ande por aí a receitar cataplasmas ou a aplicar sanguessugas.
Quem já ouviu falar de um pintor que desconhece a perspectiva? Que não tem noção de anatomia? Que ignora a teoria das cores? Que não tem a menor noção de história da arte?
Não importa a qual escola pertença, um artista conhece sua arte a fundo. Um pintor não precisa pintar como um impressionista, nem ao menos gostar do impressionismo, mas ele sabe do que se trata.
Diga-se o mesmo de qualquer arte, de qualquer ciência.
Para conhecer, no entanto, é preciso estudar.
Não se concebe, portanto, um escritor que não leia e que desconheça a história da literatura. Quem escreve só para si não faz literatura, faz diário.
Sabe aquela história original que você imaginou, em que acordava transformado em um inseto? Pois bem, ela já existe, foi escrita por um autor genial, Kafka, e se você publicá-la, vão chamá-lo de plagiador. Quem conhece, evita o vexame de apresentar como idéia nova e sua algo que o mundo está cansado de saber; pelo menos tem a chance de reestudar a idéia, encontrar para ela uma roupagem nova, um novo sentido, um aspecto de modernidade.
Se você gosta de escrever, leia. Não se limite a decorar regras. Um soneto não é apenas determinado número de versos alexandrinos dispostos de uma certa forma, um soneto tem alma. Se você quer que seus escritos tenham alma, beba direto da fonte da imortalidade - os clássicos. Não é à toa que os imortais da literatura são assim chamados. Se você quer escrever como um imortal, faça amizade com eles, lendo, devorando suas obras.
Não se limite ao moderno. Não se restrinja aos autores de língua portuguesa. Leia tudo. Leia. Leia. Leia.
Leia os ingleses, os russos, os gregos, os latinos. À sua disposição estão vinte e cinco séculos de escrita e mais de uma centena de povos contribuindo para enriquecer a cultura do planeta Terra.
Seja um ávido e curioso leitor.
Não acredite que a inspiração resolve tudo. Se você tem o dom, lembre-se de que não é o único a tê-lo.
Um pintor que se limita a divertir-se com as tintas, um escultor que só deseja preencher o vazio das horas ociosas, não são artistas, são artesãos.
O médico que não vai além da aspirina nossa de cada dia é um reles curandeiro.
Não seja humilde. Tenha a ambição de tudo conhecer, de dominar fundo as possibilidades da palavra.
Pode ser que você não se torne um imortal, afinal de contas, nem todos nascem para Shakespeare, mas sem dúvida você vai romper seus limites e voar.
Eu lhe garanto que é divertido.
Voe!
para saber mais sobre a autora visite sua pagina
Postado por Sonia Regina Rocha Rodrigues
Em
7/10/2015 às 14h49
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