|
BLOGS
>>> Posts
Quarta-feira,
7/10/2015
A Loucura da Guerra
Guilherme Carvalhal
+ de 1200 Acessos
Joseph Heller participou da Segunda Guerra Mundial na Força Aérea dos Estados Unidos. Ele fazia parte da tripulação de um bombardeiro que realizou missões na Itália e essas suas experiências deram origem a uma das melhores sátiras literárias do século XX, o livro Ardil 22.
Na história, o Ardil 22 é um mecanismo que supostamente permitiria a soldados que fossem loucos retornar para casa. O problema é que caso o soldado se declare louco, ele estará dando uma mostra de lucidez ao reconhecer a própria loucura, então esse mecanismo deixa o indivíduo preso na guerra até o fim.
Se pode parecer esdrúxulo, essa ardil serve como base para toda a história sem sentido, que acaba sendo uma crítica bem direta à loucura de uma guerra. E esse livro tem um peso grande pelo sucesso obtido durante a Guerra do Vietnã.
A história tem vários personagens inseridos nas batalhas na Itália durante a guerra. O principal deles é Yossarian, que tenta escapar da guerra utilizando o dito ardil. Dentro da caserna, ele se envolve com diversos outros personagens, cada um deles com suas próprias características, mostrando uma capacidade criativa muito significativa por parte do autor junto a uma verve crítica muito refinada. Youssarian se encontra também em um grande dilema, pois sempre que está prestes a alcançar o número de missões totais que o permitiriam regressar para casa, ele se depara com um aumento, o que vai o deixando preso no ambiente de guerra.
Alguns personagens são bastante emblemáticos. Um deles é o Major Major Major Major. Na verdade o nome dele é Major Major Major, porém, ao ser convocado pelas Forças Armadas, deram-lhe essa patente apenas para combinar com seu nome, sendo ele completamente incapaz de exercer qualquer comando sobre seus subalternos. Ou então o Chefe White Halfoat, índio que ameaça cortar a garganta do companheiro de guerra capitão Flume, e esse, paranoico, chegou a dormir com um pé de coelho na torcida de que não fosse atacado. Ou então um ferido todo engessado e que não fala nada, que acaba sendo taxado como gente boa por um dos soldados amalucados.
Muitas cenas beiram o surreal. Por exemplo, quando os bombardeiros recebem a ordem de atacar uma vila exclusivamente para se realizar uma foto aérea com boa composição. Ou então a hipótese de que o indivíduo engessado tratava-se de uma massa de gesso oca, sem ninguém de fato lá dentro.
Joseph Heller lançou uma das mais profundas sátiras contra o sistema belicoso reinante no século XX. Essa obra serviu de base para outras produções em várias mídias que lançaram um olhar cômico sobre os conflitos. Além da relevância da obra, ele deixou também um marco de inventividade em suas páginas.
Postado por Guilherme Carvalhal
Em
7/10/2015 às 15h35
Ative seu Blog no Digestivo Cultural!
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
|
|
|