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Quarta-feira,
14/10/2015
Debate Democrata na CNN
Julio Daio Borges
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Assim como fiz com os pré-candidatos republicanos, assisti, ontem, ao debate dos pré-candidatos democratas à presidência dos EUA
Eu devia ser o único brasileiro que não estava assistindo ao jogo do Brasil, contra a Venezuela, no mesmo horário. Mas, depois de um dia trágico na política brasileira, eu precisava de um refresco
Depois de ficar bem impressionado com a Carly Fiorina, pelo lado dos republicanos, eu queria ver como estava a Hillary Clinton
Eu nunca tinha visto a Hillary num debate. Convivo com a Hillary, no noticiário, como todo mundo, desde que Bill Clinton foi presidente. Mas é diferente vê-la em ação, e sem o marido
Hillary teve uma ascensão, sozinha, já na campanha "contra" Obama (ou, talvez, até antes). Mas a comoção em torno de Obama foi tão grande, que ela abriu mão. E, graças a uma manobra inteligente dos dois, ela foi secretária de Estado, o equivalente ao ministro das Relações Exteriores, no Brasil
Bem, a Hillary é muito, muito inteligente. E me impressionou. Não que eu concorde 100% com ela. Hoje em dia, depois da experiência do PT, me alinho muito mais com os republicanos
Só que a Hillary está no seu momento, e temos de reconhecer isso. Ela mesma percebe que é a favorita há muito tempo. E domina a cena com muita tranquilidade
Fora que é muito preparada. Tem uma experiência, em política, como ninguém tem. Foi primeira-dama. Foi senadora. Trabalhou com Obama. "I've been in the situation room" (qualquer um que tenha visto seriados americanos onde o presidente aparece, sabe o que isso significa...)
Ela, obviamente, usa o fato de vir a ser a primeira mulher presidente. O que eu acho uma bobagem. (Vide o nosso exemplo aqui...) Mas, nos EUA, isso comove muita gente
Depois, ela usa o fato de ser muito atacada pelos republicanos - afinal está na frente -, brinca, faz piadas... E ataca de volta: como quando disse que os republicanos queriam ver os imigrantes pelas costas - mas que ela gostaria de colocar os filhos dos imigrantes ilegais na escola (desde que os estados aprovassem)...
As pautas dos democratas, que são a "esquerda" norte-americana, são diferentes das dos republicanos. Como se fosse outro debate. Como se fosse outro país
Bernie Sanders, por exemplo, que é uma espécie de senador hippie que deu certo, é total "Occupy Wall St". Para ele, o problema são os bilionários, e os milionários, que ficam com boa parte da riqueza. E acha que a solução, entre outras coisas, pode ser taxar mais...
Sanders não tem um bom discurso para a política externa, assunto que a Hillary naturalmente domina - mas se empolga ao dizer que as finanças estão corrompendo o processo eleitoral e que é preciso resgatar a "democracia vibrante" que vai redimir a classe média (que, segundo ele, está desaparecendo) e a classe trabalhadora...
Não me empolga. Mais impostos? Fora que no Brasil a gente não aguenta mais ouvir falar dos "trabalhadores" - e de um certo partido criado em nome deles... (Eu sei que os EUA não são o Brasil)
Um colega de Sanders, no lado oposto a Hillary, Jim Webb, resumiu bem a situação: "Bernie, eu gosto muito de você, mas a revolução não vai acontecer". Militarista, foi o único mais habilitado a falar de conflitos armados. Sanders, por exemplo, prefere uma "coalizão". Acontece que com o Estado Islâmico, por exemplo, não há diálogo (basta lembrar do "fora" que a Dilma deu na ONU)...
Para fechar o grupo, Martin O'Malley, que me lembra - não sei se estou enganado - John Kennedy. Tem aqueles mesmos olhos apertados. É bom moço, bem apessoado. E a Hillary - não sei se estou enganado novamente - parecia meio embevecida, pela sua figura, e quase que só concordou com ele... Imaginei que ela estivesse pensando em colocá-lo no seu governo - caso vencesse -, mas, apesar de ele falar bem, não tem chance...
O último que cito é Lincoln Chafee, que acabou fazendo mais um papel de bobo da corte. Não conseguiu nem se desvencilhar das perguntas do moderador. Quando este, por exemplo, questionou por que ele foi republicano, depois "independente" e, agora, democrata...
Hillary, enfim, surfa as ondas democratas com desenvoltura... Sanders empolga os mais desavisados, mas não acredito que seja uma ameaça a ela... Tem 74 anos e não tem a mesma energia de Hillary (apesar de ela não ser muito mais nova)
Aguardo o enfrentamento de Hillary com os republicanos. Não é por nada, mas acho a fauna republicana mais interessante. Deu para se divertir mais com o debate deles. (O debate democrata eu não aguentei ver todo...) Que venham Fiorina, Dr. Ben Carson, Trump e todos os outros. Que venham desmanchar o topete de Hillary Clinton. Mesmo porque, até agora, está muito fácil pra ela...
Para ir além
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Postado por Julio Daio Borges
Em
14/10/2015 às 10h25
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