Hoje ao voltar do almoço fui surpreendido com a chegada de um envelope pardo, tamanho ofício (não pelo envelope em si, mas porque hoje em dia raramente recebemos correspondências que não sejam cobranças...). Remetente: FestCineAmazônia, de Porto Velho. Ao abrir, uma grande surpresa: descubro que meu curta-metragem Tia Biló, o terceiro da série As Tias do Marabaixo, foi selecionado para integrar o acervo do festival. A foto que ilustra o post mostra a página onde foi publicada a ficha técnica e sinopse do curta, material este distribuído durante o evento, realizado no Teatro do SESC Esplanada, na capital rondoniense, de 6 a 10 de outubro de 2015.
O uso do verbo "descubro" no parágrafo acima tem sua razão de ser - de fato, não fui comunicado pela organização do evento da inclusão de meu curta em seu acervo, mas tudo bem, o regulamento deixava claro que o evento se comunicaria diretamente apenas aos 35 selecionados, representando sete países, para a Mostra Competitiva, que disputaram o Troféu Mapinguari. O curta Lucha, Azteca!, de Caio D'Andrea (SP) recebeu o prêmio de Melhor Documentário, além de Melhor Montagem.
Quero ressaltar aqui é que essa bela surpresa me mostrou o quanto é válido acreditarmos em nosso trabalho e em nosso potencial, mesmo que as condições pareçam adversas. Fiz a inscrição online no FestCineAmazônia a 4h20 do encerramento do prazo de inscrições - mais precisamente às 20h40, pelo horário de Salvador, que está um fuso horário à frente de Porto Velho, em 15 de setembro. Uma vez inscrito, meu curta foi analisado pela Comissão de Seleção do festival do mesmo modo que todos os que haviam se candidatado a partir de 25 de agosto; o fato de ter passado a integrar o acervo indica que atende as especificações técnicas de um festival que é realizado há 13 anos em Rondônia.
O que significa, na prática, integrar o acervo do FestCineAmazônia? Significa dizer que meu curta Tia Biló poderá a partir de agora ser exibido (cito aqui os termos do Regulamento) "em mostras culturais e ambientais, em eventos nacionais ou internacionais, sempre sem fins lucrativos, com entrada franca". E devo dizer que isto não é apenas retórico, o FestCineAmazônia tem um belo histórico de itinerância de seu acervo, tanto pela Amazônia (justificando, aliás, o próprio nome do evento) - foram 31 cidades percorridas em 2015, em Rondônia, Amazonas, Acre, Bolívia e Peru. A parte internacional do evento não se resume a estes dois países vizinhos: o FestCineAmazônia tem tradição em exportar nosso cinema, já tendo feito mostras também na Colômbia, Cabo Verde e Portugal. Esse é, portanto, o público potencial do meu filme a partir de agora, sem contar que continuamente o FestCineAmazônia vem ampliando a lista de lugares onde chega sua itinerância.
Afinal de contas, é para isto que fazemos filmes: para que eles sejam vistos. Por isto, não vejo melhor forma de encerrar este texto do que convidá-los a assistir o curta Tia Biló, o filme que fez estudantes baianos saírem cantando Marabaixo pelos corredores da Biblioteca Pública afora.