É um mistério aberto,
um falso enigma.
É um mosaico talvez ou coletânea,
antologia para o bem ou mal.
Os longos dedos de tocar piano,
cor de sonata, orvalho, serenata.
Pelos do púbis das cores mais raras:
Verde sereno de nobre esmeralda,
vermelho-sangue de rubi flamante.
Voz de soprano, eco ao longe, uivo.
Face marmórea de fatal beleza,
ao mesmo tempo etérea borboleta.
Bocas secretas que guardam tesouros
e numa delas um pote de ouro.
Sorriso arcano qual de Monalisa,
imprevisível raio em céu de azul total.
Onipresente em domicílio incerto,
roda-gigante do azar e sorte.
Quem sabe um sonho de alguém desperto,
talvez delírio ou algo de concreto,
leva consigo sabendo ou sem saber
o inefável aroma de ser e de não ser.
Ayrton Pereira da Silva