20 anos de Graça Infinita, de David Foster Wallace | Blog de Cassionei Niches Petry

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Segunda-feira, 1/2/2016
20 anos de Graça Infinita, de David Foster Wallace
Cassionei Niches Petry
+ de 4400 Acessos

(Graça Infinita, do David Foster Wallace, completa 20 anos de sua publicação hoje. Aqui, resenha que escrevi sobre o tijolão para o jornal Gazeta do Sul no ano passado.)

Com a graça de David

O escritor que criou uma obra como Graça infinita (Companhia das Letras, 1.136 páginas) não poderia ter feito o que fez: enforcar-se na garagem de sua casa, justamente o lugar onde escrevia seus livros. David Foster Wallace nasceu em 1962 e se suicidou em 2008, mas foi reconhecido ainda em vida como um dos grandes nomes da literatura de sua geração nos Estados Unidos. No Brasil, o romance era lido por poucos, na língua inglesa, em tradução para o português de Portugal ou até mesmo em espanhol, através de e-books compartilhados na internet. Agora, finalmente chega por estas bandas.

Pensando bem, não dá pra julgar a atitude de DFW (sigla pela qual é chamado por seus leitores mais fiéis. Não me surpreenderia se alguém começasse a dividir a literatura em antes e depois de DFW.). Ele sofria de depressão e vivia à base de medicamentos. Como bem escreveu o tradutor de Graça infinita no Brasil, Caetano Galindo, em um artigo para a revista Piauí, “ninguém entende os motivos de um suicida. Ninguém. A única pessoa talvez capaz de entendê-los é morta pelo ato. Nem mesmo quase suicidas que quase morreram dão relatos muito racionais e organizados. Eu? Nem tento.”

O romanção Graça infinita foi publicado originalmente em 1996. Antes disso, DFW havia publicado o romance The broom of system, que serviu como conclusão de seu curso de graduação, e o volume de contos Girl with Curious Hair, além de um tratado acadêmico sobre o Rap, escrito em conjunto com um colega da universidade. Presentes nessas obras estão a metalinguagem, os jargões acadêmicos, o vocabulário científico, a criação de palavras, a ironia, o humor negro, os enormes enunciados e as notas de rodapé que se tornaram características marcantes do autor.

Não deixe de ler as notas de rodapé. Algumas são essenciais para o entendimento da história. Faz-se necessário, para não se perder tempo, a utilização de dois marcadores de páginas, pois as notas estão no final do romance e são difíceis de localizar. Aliás, não espere nada fácil nesse livro. Desde o peso para segurá-lo, passando pelas letras pequenas e chegando à complexidade do enredo, tudo é difícil, chegando a ser chato e cansativo muitas vezes. O livro é para aqueles que realmente não buscam uma literatura de entretenimento, apesar de a trama tratar, entre outras coisas, sobre esse tema. É o que chamo de Literatura com L maiúsculo e que requer um Leitor com L maiúsculo. Feitas essas ressalvas, vamos à história.

O enredo é ambientado na ONAN, Organização das Nações da América do Norte, numa época futura, em que as denominações dos anos são subsidiadas por marcas de produtos, sendo que boa parte dos acontecimentos se passam no Ano da Fralda Geriátrica Depend. A maioria das personagens – que são inúmeras – gira em torno dos Incandenzas, uma família feliz ou infeliz a sua maneira – para glosar Tolstói, também adepto do romanção, mas no século XIX. O patriarca é James O. Incandenza, cientista e cineasta, produtor de filmes experimentais, mas chamados de entretenimento, contidos em cartuchos, o que seria o equivalente às fitas de videocassete dos anos 90, e o principal e mais misterioso desses filmes é o que dá título ao romance – retirado, por sua vez, de uma frase de Hamlet, de Shakespeare – e que, devido à elevada carga de entretenimento, provoca a morte de quem assiste. James, conforme ficamos sabendo logo no início, cometeu suicídio metendo a cabeça num forno de micro-ondas – a descrição de como isso foi possível é impagável. Completam a família a mãe, Avril, diretora da Academia de Tênis Enfield, de propriedade da família; o filho mais velho Orin, jogador de futebol americano; Mario, o filho do meio, adolescente com dificuldades físicas e mentais; e Hal, o caçula, gênio na escola e prodígio como jogador de tênis, personagem central da história.

As primeiras páginas me fazem lembrar do clichê do início de muitos filmes hollywoodianos, em que um estudante é entrevistado para ingressar em uma universidade, sendo que os diretores estão interessados muito mais nas suas qualidades de esportista do que nas notas do indivíduo. O comum é vermos promissores jogadores de basquete ou futebol americano. Em Graça infinita, a história gira em torno do tênis, e Hal passa por uma fracassada conversa com diretores de uma instituição de ensino superior em que deseja ingressar. Os jogos, de uma forma geral, são importantes na trama, mas o tênis é talvez uma das principais metáforas para serem decifradas. “Você compete com seus próprios limites para transcender o eu em imaginação e execução. Sumir no jogo: romper limites: transcender: melhorar: vencer. (...) Você busca vencer e transcender o eu limitado cujos limites são a mesma razão do próprio jogo.”

Há ainda a destacar os outros núcleos que, de certa forma, se relacionam com os Incandenzas: 1 – Os internos na Casa Ennet de Recuperação de Drogas e Álcool alimentam outro tema importante do romance, que é o vício, seja o proporcionado por substâncias tóxicas ou mesmo o proporcionado pelo entretenimento dos cartuchos. Pode-se dizer que a leitura do romance também é viciante. “Que quase todas as pessoas viciadas em Substâncias também são viciadas em pensar, o que significa que elas têm uma relação compulsiva e patológica com o seu pensamento.” 2 – Os separatistas denominados Cadeirantes Assassinos do Quebéc, que praticam atos terroristas com intuito de separar o Canadá dos EUA e usam como instrumento o cartucho com o filme de James O. Incandeza.

Já revelei muitas coisas, por isso paro por aqui, para não estragar a viagem de quem resolver se embrenhar na mata fechada de DFW. Fica o convite ao leitor, ou melhor, ao Leitor, que reserve boas horas do seu dia, durante os próximos meses, nessa experiência infinita. Torne-se um viciado, se necessário, e saia da leitura em estado de graça.


Postado por Cassionei Niches Petry
Em 1/2/2016 às 17h41

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