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Segunda-feira,
22/2/2016
Alguém notou a diferença?
Marco Garcia
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Chico Buarque diria que “todo dia ele faz tudo sempre igual”. E não faz mesmo? Graças a Deus por isso, afirma quem o conhece.
Pode passar por lá. Esquina da Abolição com a Frei Mansueto, ali, no Meireles.
Não falha. De segunda à sexta, cedinho, estaciona sua bicicleta (bikefood) no pátio do posto de combustível e vende seus quitutes a transeuntes, motoristas durante o abastecimento e taxistas.
Têm também os frentistas, funcionários do hotel, farmácia, banca de revistas, lava-jato, chaveiro, cabelereiro e loja de materiais de construção, que circundam a lanchonete itinerante.
Unânimes, dão de ombros para a loja de conveniência do posto e, mais fiéis que militantes de PT e PSDB, fazem o desjejum com as provisões daquele jovem microempresário do ramo da alimentação.
É comum vê-lo rodeado pela turba faminta, já com o dinheiro à mão.
O compartimento térmico azul (fixado na garupa do combalido veículo de duas rodas) guarda desde pão, passando por tapioca, cuscuz, bolos, sanduiches e salgados, além de sucos, refrigerantes, café e leite. Sem esquecer os ‘bombons’ que facilitam o troco.
Um inigualável banquete para quem – por conta da pressa ou apenas para dormir dez minutos mais – abdica de ‘merendar’ em casa.
Hoje, entretanto, ele não fez tudo igual. Pelo menos para quem o visita. Havia algo diferente. Todos notaram.
Até a gerente da loja de conveniência ao cutucar a menina do caixa, que fez cara de espanto. “Valha, é ele mesmo?” De fato, era.
O cardápio não mudara. Muito menos seu preço. A vestimenta era a mesma: boné, camiseta, bermuda, tênis e meia. Ah, o avental também era o de sempre, bem como a fita do Senhor do Bonfim, vermelha, no punho direito.
Mas, ali, à vista de todos, com orgulho, ele ostentava seu mais novo mimo e parceiro de trabalho.
No lugar da bicicleta {sua companheira infalível desde os tempos do antigo ponto em frente ao posto de Saúde no Mucuripe}, estava uma motocicleta linda, do ano, com um vermelho brilhante, que denunciava o cuidado prévio do dono com seu aspecto antes de apresentá-la aos clientes-amigos.
Houve uma mudança significativa, os mais chegados perceberam. De autoestima, de ânimo.
Agradeceu à ‘magrela’ pelos ótimos serviços prestados anos a fio, aposentou as pedaladas, e, agora, vencerá os quilômetros que separam o Meireles da Barra do Ceará acelerando. Realizou um sonho de adolescente.
*Marco Garcia é jornalista paulistano. Mora em Fortaleza.
Postado por Marco Garcia
Em
22/2/2016 às 12h02
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