Tarantino acabou | Relivaldo Pinho

busca | avançada
76315 visitas/dia
2,5 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Francineth Germano Homenageia a Música Popular Brasileira
>>> A história não contada das músicas infantis
>>> Estupendo Circo di SóLadies
>>> Luna Vitrolira, Mila Wander e Ana Cristina Araruna Melo, participam do Elas Publicam
>>> São Paulo vai receber o Dia Mundial da Criatividade 2025
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
Colunistas
Últimos Posts
>>> O Agent Development Kit (ADK) do Google
>>> 'Não poderia ser mais estúpido' (Galloway, Scott)
>>> Scott Galloway sobre as tarifas (2025)
>>> All-In sobre as tarifas
>>> Paul Krugman on tariffs (2025)
>>> Piano Day (2025)
>>> Martin Escobari no Market Makers (2025)
>>> Val (2021)
>>> O MCP da Anthropic
>>> Lygia Maria sobre a liberdade de expressão (2025)
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Deus está morto: Severino para presidente
>>> ... E o verão acabou
>>> Blue Jasmine, de Woody Allen, com Cate Blanchett
>>> Alive And Kicking 2003
>>> Paradoxos da modernidade
>>> Build a Fort, Set That on Fire
>>> Saudosismo
>>> Lembrando a Tribo
>>> Bate-papo com Ruy Castro
>>> Um nu “escandaloso” de Eduardo Sívori
Mais Recentes
>>> Não perca seu Latim de Paulo Ronái pela Nova Fronteira (1980)
>>> Transformação e crise na economia mundial de Celso Furtado pela Paz e terra (1987)
>>> A economia latino-americana de Celso Furtado pela Companhia editora Nacional (1976)
>>> A inflação Brasileira de Ignacio Rangel pela Brasiliense (1978)
>>> As cores da escravidão (1º edição) de Ieda De Oliveira pela Ftd (2013)
>>> Introdução à teoria do crescimento em economia socialista de Michal Kalecki pela Brasiliense (1982)
>>> Auto da compadecida (ed. especial - texto integral) de Ariano Suassuna pela Nova Fronteira (2022)
>>> América Latina, A Pátria Grande de Darcy Ribeiro pela Editora Guanabara (1986)
>>> As Outras Pessoas (2º edição) de Ivan Jaf pela Do Brasil (2016)
>>> Vendem-se Unicórnios de Índigo pela Atica (2009)
>>> O Mercado Futuro E De Opções de Octavio Bessada pela Record (1995)
>>> Memories Of My Melancholy Whores de Gabriel García Márquez pela Vintage (2005)
>>> Scarlett A Continuação De... E O Vento Levou de Alexandra Ripley pela Record (1991)
>>> Fábulas Da Floresta Encantada 1 Livro Infantil De Brinde de Eco pela Eco (1997)
>>> Kit 2 Livros: Novas Comédias Da Vida Privada: 123 Crônicas Escolhidas + Novas comédias Da Vida Pública: 347 Crônicas Datadas de Luis Fernando Verissimo pela L&pm
>>> Contos De Imaginação E Mistério de Edgar Allan Poe pela Tordesilhas (2012)
>>> A Paciente Silenciosa de Alex Michaelides pela Record (2019)
>>> Vilem Flusser: No Brasil de Vilém Flusser No Brasil Ricardo Mendesgustavo Bernardo pela Relume Dumara (2025)
>>> Estatistica Aplicada A Administracao E Economia de Dennis J. Sweeney pela Cengage (2008)
>>> A Garota No Trem de Paula Hawkins pela Record2 (2016)
>>> O Estudo Gostoso De Matemática: O Segredo do método Kumon de Toru Kumon pela Ediouro
>>> Manual de Fórmulas Técnicas de Kurt Gieck pela Hemus (1975)
>>> Os Anos Ocultos De Jesus de Elizabeth Clare Prophet pela Best Seller (1993)
>>> A Pintora De Henna de Alka Joshi pela Verus (2022)
>>> Transe E Mediunidade de L Palhano Junior pela Lachâtre (1998)
BLOGS >>> Posts

Sexta-feira, 26/2/2016
Tarantino acabou
Relivaldo Pinho
+ de 1100 Acessos

E acabou há muito tempo. O fanatismo de cinéfilos (sic) que se dane! “Os oito odiados” é o ocaso de um cinema repetitivo, sem o frescor de 1993 (“Cães de aluguel”) e 1994 (“Tempos de violência”) – já li isso em algum lugar, não lembro, e, como está certo, repito aqui. Tarantino anunciou parar de filmar em breve. Ninguém (o fanatismo que se dane 2) lembrará dele além desses dois filmes.

Vocês lerão dezenas de comentários sobre as técnicas, as influências, as retomadas temáticas, o aspecto teatral, etc etc etc. Como já disse, eu não faço isso. Na verdade, nem sei fazer esse desfile de pseudo conhecimento cinematográfico. Cinéfilo (exceções, sempre) não entende de cinema. Quem muito tem o que comentar é porque não sabe parar seu desfile de cabrocha “que vê muito filme” e esquece o cinema como “sintoma” do mundo do qual ele faz parte.

Quando vi “Cães de aluguel” e “Tempos de violência” fiquei tomado por uma sensação de que algo realmente novo estava vicejando na cultura contemporânea. Mas, ao mesmo tempo, sabíamos que ali havia muito do cinema anterior e das várias “colagens” estéticas que a cinematografia proporciona.

Evidentemente, não era apenas isso. Havia também um certo rompimento com uma ideia “negativa” do pastiche, da bricolagem, da ideia de autor. Não era apenas a “nostalgia de estilos mortos” que se repetiam[1], mas a possibilidade de, dentro dessas características estéticas, fazer surgir uma imagem cinematográfica que delas se aproveitando, lançava algo novo a ser percebido, uma estética, talvez, de acordo com um espírito contemporâneo que se apropria de estilos já existentes, mas que neles não se encerra.

Garoto, aos 18 anos, recém adentrando os portões da faculdade, os dois filmes coincidiam com o auge, em algumas faculdades de comunicação, da ideia de pós-modernidade, da qual aquelas características acima fazem parte. Para essa ideia, Tarantino era um pós-moderno por excelência.

E talvez fosse. Mas, talvez, para nós – e ainda hoje para mim – ele não se encaixava, naquele período, perfeitamente na condição de mero recitador de estilos e referências. Era bem possível pensar que, se ele estava naquela época de acordo com esse espírito contemporâneo, ele teria ido além da mera noção da referência ao passado como cópia.

Mas é no que se tornou agora. Seu último filme não é apenas inconstante, é acima de tudo, a perfeita reprodução, como os anteriores já foram, de uma estética contemporânea que faz referência a outros e a si como fundamento de sua representação. Tarantino sucumbiu ao criacionismo de si mesmo e acabou se auto-implodindo ao som de Ennio Morricone.

Uma das melhores críticas e comentários que vi sobre o diretor e sobre um de seus filmes foram feitos pelo saudoso Daniel Piza : “o curioso a respeito do novo filme de Quentin Tarantino, ‘Bastardos Inglórios’, é que até seus mais ardentes admiradores o levaram a sério de uma forma que ele próprio satiriza”. Piza estava criticando o tom sempre muito canônico com que fãs do cineasta tratavam seu cinema e demonstrava como a boutade de Tarantino era essencial para a compreensão de sua cinematografia.

É isso. Tarantino deixou, depois dos dois primeiros filmes da década de 90, de ser um Sátiro que poderia, a partir de sua boutade imagética, nos surpreender além da repetição de uma imagem contemporânea que nos imprimia cópias sem graça de imagens anteriores.

Curioso perceber como na exibição de seus filmes, especialmente desse último, os espectadores tendem a rir, gargalhar, mais do que se surpreender, mesmo em suas cenas propositalmente kitsch de violência.

Em muito isso é uma provocação do diretor, mas isso também diz muito da condição do cinema e não apenas das famosas misturas de gêneros de Tarantino, mas, especialmente, como o espectador participa nesse mundo imagético de um conteúdo esperado, necessariamente identificador de um fazer técnico já assimilado (isso existe em “Tempos de violência” e “Cães de aluguel”, mas, percebam lá como isso tinha o gosto de uma novidade que extrapola a nostalgia das referências, daí talvez nosso riso mais contido nesses filmes, daí nosso “espanto” ao vê-los naquele momento. Datou, porque se tornou standard, e a indústria também, evidentemente, faz parte disso).

O espectador sempre quis, pelo cinema, a evasão necessariamente egóica de um mundo que o ignora, de um caos que parece não lhe dizer respeito, de uma contingência inelutável. Tarantino nos dá tudo isso. E nós espectadores nos deleitamos com sua repetitiva implosão de si mesmo e com nossas repetitivas gargalhadas “terapêuticas”[2] e histriônicas. Isso é um certo tipo de fanatismo. Ah! O fanatismo que se dane.

________________________________________ [1] JAMESON, Fredric. Pós-modernidade e sociedade de consumo, Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 12, p. 16-26, jun. 1985.
[2] CHAVES, Ernani. Inconsciente ótico e função terapêutica do cinema. In: COUTO, Edvaldo Souza; MILANI, Carla Damião. (Orgs.). Walter Benjamin: formas de percepção estética na modernidade. Salvador: Quarteto, 2008. p. 127-139.

Uma versão deste texto foi publicada em Relivaldo Pinho


Postado por Relivaldo Pinho
Em 26/2/2016 às 02h09

Mais Relivaldo Pinho
Mais Digestivo Blogs
Ative seu Blog no Digestivo Cultural!

* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Discursos da Bem Amada Mestra Rowena
Ponte para a Liberdade
Ponte para Liberdade
(1990)



Biologia - Volume II
Armenio Uzunian
Harbra
(2002)



La Gouvernance En éducation
Guy Pelletier
De Boeck Universite
(2009)



Fiorillo 36 Caprices Or Estudes For Violin
Fiorillo Federigo
Carl Fischer
(2009)



A Casa do Caminho
M. B. Tamassia
Lake
(1991)



Os Livros da Fuvest/ Unicamp I
Não Informado
Cered



A Arte de Compartilhar a Vida
Franco del Casele
Summus
(1995)



Jung T: Bmw R1200gs Wassergekühlt Typen-technik-tipps-trick
Text & Technik Verlag
Text & Technik Verlag



Sofia Makes a Friend-sofia the First
Catherine Hapka e Outros
Disney Junior
(2014)



Livro Laços Inseparáveis
Emily Giffin
Editora Novo Conceito
(2012)





busca | avançada
76315 visitas/dia
2,5 milhões/mês