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Sábado,
27/2/2016
O cantador
Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
+ de 900 Acessos
Eu queria mesmo era ser cantador,
fazer verso de improviso pra dar banho
de poesia em Doutor de Universidade.
Eu queria mesmo era ser cantador:
navegar nas pedras do rio seco,
me enrolar na rede do dia,
construir no açude o mar sonhado.
Eu queria mesmo é fazer poesia,
longe do livro de Sociologia
e conhecer o sertão dos ancestrais
sem as soluções da aula de Economia.
Eu queria saber escrever folheto,
versejar o ferro que virou brasa,
cinza que virou pavão,
onça pintada voando no céu, e eu,
fazendo emboscada com as armas
do verso nas rimas do cordel.
Eu queria mesmo era ser poeta,
com meu verso cantado na praça.
Mas, ah! essa cultura importada de cidade grande
sem pedir licença entra na minha casa
nos fins de semana, anunciado best-sellers
naqueles jornais vazios, vazios
de ideias e imaginação.
Eu queria mesmo era ser cantador:
cantar o grilo que virou onça,
a gralha que virou pavão,
fogo transformado em ave,
papagaio cantando no poleiro do céu.
E eu, depois, fazendo emboscada
com a lâmina dos versos no ritmo
do cordel.
(Do livro 50 poemas escolhidos pelo autor)
Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
Em
27/2/2016 às 11h12
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