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Sexta-feira,
4/3/2016
Não Prossiga! Só Para Equilibristas.
Heberti Rodrigo
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Migrations, Ursula Abresch
"Cada pessoa é um abismo. Dá vertigem olhar dentro delas." Sigmund Freud
E porque desde tempos imemoriais os homens se defrontam com placas com a inscrição “Não Prossiga”, inúmeros são os que, de fato, não o fazem. Se agem desta maneira não é porque se possa distinguir algum iminente perigo mais à frente. Não, não é este tipo de coisa que detém quase toda a gente que com estas placas se depara uma vez que nada de efetivo se pode avistar adiante que justifique uma ameaça real. Na verdade, até se poderia dizer que o mundo acaba onde tais advertências foram assentadas tão vertiginosa é a sensação de liberdade e vazio suscitada em qualquer um que ouse delas se avizinhar. É, pois, notório que coisa alguma de comunicável se possa discernir para além das mesmas que explique tais proibições – mas quanto não se é capaz de pressentir! Ainda assim todos foram se habituando a se curvar perante as mesmas graças ao temor que instintivamente nos inspira aquilo que a razão humana não pode impetrar. Muitos justificam sua resignação com crença em supostos predicados divinos de tais inscrições. Mesmo aqueles que a esta espécie de explicação não aderiram, por considerá-la misticismo de gente ignorante, também jamais foi necessário apresentar uma justificativa para que igualmente se submetessem. Aos olhos destes, elas funcionam “na prática”. Crêem que tanto asseguram como tornam mais simples a vida em sociedade, o que por si só lhes serve como uma positiva justificava para cultuá-las. Assim, de um jeito ou de outro, a esmagadora maioria dos homens foi se mostrando cordata a respeitar e defender tais fronteiras e, conquanto ao longo dos séculos este comportamento tenha se perpetuado, seria injusto não dizer que esta incondicional subordinação causa, a todos, certo descontentamento. Esse fato é inegável, pois toda a gente não faz segredo disso ao lamentar que tal estado de coisas suscita-lhes, em algumas ocasiões, a impressão de estarem a afogar suas vidas num mar de monotonia e enfado. Entretanto, se de um lado isso ocorre, de outro, a sensação de segurança e comodidade que lhes é sugerida parece compensá-los de tal desagrado. Por isso, insistem em respeitá-las e transmitir aos seus descendentes a crença de que o mundo resume-se à superfície delimitada por tais placas. De tempos em tempos, todavia, surge um e outro que, ao se deparar com tais limites, manifesta o ímpeto de desobedecer-lhes seguindo adiante, precipitando-se vertiginosamente num abismo de dúvidas, êxtases e liberdade em busca de uma resposta própria para a razão de ser de tudo isso. Toda vez que um destes homens vem ao mundo ele é condenado pela maioria. O crime? Alargar a fronteira do real, trilhando um caminho original por meio do qual o rico e inusitado universo de idéias e imagens por ele intuído é atingindo e revelado.
Postado por Heberti Rodrigo
Em
4/3/2016 às 19h07
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