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Terça-feira,
8/3/2016
A praia, o dindin e o desapego
Marco Garcia
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Em São Paulo é chamado de geladinho. No interior de Alagoas, Flau. Em Fortaleza o descobri como dindin. Iguaria gelada e deliciosa que alivia o calor à base de sabores infinitos. Parente do sorvete. Nice to meet you.
Cartão de visita entregue linhas acima, visualize o cenário. Praia de Iracema, orla de Fortaleza, domingo à noite. Em meio a um ‘mar de gente’, um casal de vendedores destoa da multidão pela originalidade.
Aqui, uma pausa. Volto já à Beira Mar.
Lorena e Erich.
Ele é pedagogo e poeta. Ela, publicitária e, em pouco tempo, esteticista. Se conheceram há três anos. Antes disso, Lorena morou nos Estados Unidos e Nova Zelândia. Erich publicou um livro de poesias e trabalhou como editor, na capital do Ceará.
Em 11 de dezembro de 2015, num desses instantes inexplicáveis da vida, ele – desiludido com os pedregosos caminhos das artes – a confidenciou que estava largando tudo, compraria um isopor e, a partir dali, seria um vendedor de dindin na Praça do Ferreira, centro de Fortaleza.
Lorena topou a ideia.
Iniciava ali uma grata costura no projeto de vida a dois. Da produção própria e venda, nascia a Dindinharia Artezanale, uma espécie de fábrica goumert do delicioso produto apreciado por pessoas de todas as idades – em várias gerações.
O início foi doloroso, com mais erros que acertos na composição dos sabores. Sendo quase um fracasso o primeiro lote. Vale lembrar a desconfiança de familiares e amigos.
Mas as coisas se ajeitaram. Vieram o ajuste produtivo e as receitas customizadas, que deram água na boca e aguçaram paladares requintados.
Para chegar ao nível de receptividade do público atual, o processo passou de copiar receitas da internet para algo bem particular, original.
Como cientistas, gastaram dinheiro, horas e suor em testes madrugadas a dentro.
Misturaram ingredientes, buscaram a fruta diferenciada (a maioria colhida no sítio da família), juntaram itens. Isso com isso dá um gosto bom àquilo?
Por fim, a minuciosa arquitetura das embalagens, com riqueza de detalhes (enfeitadas com fitas coloridas e cores neutras). Sem esquecer outros adereços.
A indumentária final para ganhar o calçadão, sempre aos fins de semana – do final da tarde até o movimento cair –, além da simpatia envolvente, é composta por vestes escolhidas a dedo.
Menu de cantina italiana, guarda-sol e carrinho com identidade visual retrô. Transeuntes desavisados pensam estar em meio à uma peça de teatro – eu avisei que voltaria à Beira Mar.
E lá se vão pouco mais de dois meses de um sonho em andamento. Por enquanto, ambos dão conta do mister.
But, os objetivos cresceram. Querem mais sabores. Querem funcionários. Querem ponto físico de venda. Os amantes de dindins agradecem.
Viva a criatividade.
*Marco Garcia é jornalista paulistano. Mora em Fortaleza.
Postado por Marco Garcia
Em
8/3/2016 às 13h26
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