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Terça-feira,
15/3/2016
O velho e a balsa
Ezequiel Sena
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Como eu gostava de sonhar o meu sonho de ser canoeiro.
Comandando uma balsa de uma margem a outra
Levando e trazendo amigos e passageiros
Bichos de toda espécie, cachorro, menino e mulher
E vê tanta água no rio que chega dá susto à maré .
.
Um dia me levaram para a cidade
Com a promessa de que seria doutor ou padre
Não fui amarrado, mas sim contrariado.
Escondi meu sonho debaixo do travesseiro
Para toda noite tê-lo como companheiro
Era um segredo meu, pois queria um dia voltar
Mas cada dia, esse dia mais distante ficava
O tempo era meu inimigo e eu não sabia.
Fingia que não estava passando, era para eu acreditar,
Aí fiquei velho, mesmo assim resolvi voltar.
.
Vejo agora rios agonizantes, não vejo mais navegantes.
Nelores malhando pelo areal,
Sem sombra de matas virgens e nem mesmo das ciliares
Cadê o vaqueiro Geraldo e tantos outros
Sumiram na Estação, pegaram a linha do trem
E se foram para nunca mais.
.
E eu? Apenas passando pela estrada do rio
Ruminando a saudade daqueles distantes amigos
Que aqui não vejo mais.
Olho para o céu e vejo o lindo predador carcará
Sem cobras e sem lagartos, caçado agora como bandido,
Tendo que visitar galinheiros de ribeirinhos desprevenidos
Ai que doído progresso, liberdade sempre tardia, adeus.
Vou soltar meu sonho do travesseiro.
.
Oh Minas! Quero meu ouro, minha bateia só cascalho,
Não me deixes viver uma vida vazia
Sinto-me como um veleiro, lançado em alto mar
Procurando ancorar em uma linda baía.
Eu passando em cima da ponte, que é de grande valia.
Mas olhando para baixo, para o leito do rio
Não se vê nada, nem mesmo uma balsa vazia.
.
texto gentilmente cedido por Aller Cruz – 03/2016.
Postado por Ezequiel Sena
Em
15/3/2016 às 14h09
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