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Quarta-feira,
11/5/2016
Itaúnas não será esquecida e nem Bento
sonia maria de araujo sobrinho
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O coração teima em doer e a memória não se apaga. Não tem como não se indignar ao acompanhar as notícias sobre o maior desastre ambiental do Brasil e um dos maiores do planeta, ocorrido em novembro de 2015 em Mariana, Minas Gerais.
O distrito de Bento Rodrigues foi varrido por um mar de lama após o rompimento da barragem do Fundão. Milhares de toneladas de barro, minério e água contaminada destruíram o Rio Doce, atingindo toda a fauna e a flora da região.
O Estado do Espírito Santo, onde o Rio Doce deságua no mar, também foi atingido e retrocedendo a memória, não podemos nos esquecer que a vila de Itaúnas também já foi alvo de tragédia semelhante.
Se Bento Rodrigues foi varrido por um tsunami de lama devido a atividades desenvolvidas à margem das responsabilidades pela mineradora SAMARCO , a vila de Itaúnas foi soterrada num processo lento ocorrido pela ação dos ventos. Dunas se formaram à partir do desmatamento da restinga nos anos 30 e 40 .devido a exploração intensa dos madeireiros na região capixaba.
Ambos os cenários foram engolidos pela ganância do homem em busca do lucro fácil, desprezando compromissos éticos para com o planeta e futuras gerações.
O impacto além de ambiental destruiu vidas e histórias. Não dá para mensurar a importância da memória do outro pois sob o olhar “de fora” ela terá sempre pouco ou nenhum valor.
A Vila de Itaúnas conseguiu se reerguer e vive hoje, exclusivamente do turismo e da pesca. Tombada como patrimônio histórico e natural é um dos marcos de luta pela preservação ambiental no Espírito Santo.
Bento Rodrigues ainda está contando prejuízos, nem os especialistas mais otimistas conseguem dizer quando haverá reversão do atual quadro. Caminha também para um processo de tombamento; criação de um memorial ou museu.
O desejo comum agora é a reconstrução nos moldes do que foi perdido.
Não se reconstrói vidas partidas apenas mudando para a outra margem do rio.
Contrariando o conceito já instalado de que o povo brasileiro esquece suas tragédias antigas assim que aparecem outras, Itaúnas não será esquecida e nem Bento.
Postado por sonia maria de araujo sobrinho
Em
11/5/2016 à 00h42
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