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Quarta-feira,
13/7/2016
Arte e Individuação
Heberti Rodrigo
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"Não me interessa vir a ser o homem mais rico no cemitério...Ir à noite para a cama dizendo a mim próprio que fiz algo de maravilhoso...é isso que me interessa." Steve Jobs
A maioria de nós nasceu para uma vida superficial. Está aqui para girar as engrenagens, para dizer amém, e não para pensar. Por quê? Porque pensar é tomar um caminho difícil e perigoso. Quem pensa, quem obstinadamente mergulha em seus próprios pensamentos pode ir muito longe, descobrindo novos mundos, ideias e intuições no fundo de si mesmo; expõe-se, no entanto, ao risco de se perder nestes mesmos mundos e não ser capaz de tornar à superfície. Corre o risco de se isolar. Não digo com isso que cada homem não tenha um pensamento - uma visão de si mesmo e do mundo. Seria tolice negar algo inerente à existência humana como a necessidade de encontrar meios de explicar e justificar para si mesmo a vida, sobretudo em seus aspectos mais dolorosos. Nesse sentido todos temos um pensamento, mas pensar é coisa diversa, é um ato individual de coragem e rebeldia, é viver por conta própria. Quem entre nós ousa seguir elaborando por si mesmo, segundo suas próprias intuições e vivências, aquele pensamento que se inicia na mais tenra idade sendo constantemente pressionado a silenciá-lo para adotar a crença alheia? Quem estaria disposto a correr o risco de se ver à margem? Apenas aquele que resiste a ser domesticado, uma personalidade que compreende que, para se desenvolver e se afirmar, não poderá evitar os desafios íntimos e as lutas que travará com outras personalidades se sensibilizará com a beleza de tal caminho e terá força para percorrê-lo.Um homem que não assume por si mesmo responsabilidade alguma pela sua vida e não quer nem mesmo pensar sentirá necessidade de procurar fora de si uma autoridade. Exigirá um chefe, um guru. Tomará como sua a opinião alheia. Tal homem se corromperá diante do coletivo em busca de aceitação e segurança. Houve ocasiões em que ouvi dizerem que todos podem ser artistas. Não creio. Ainda que todos nascessem com alguma inclinação para as artes, poucos não condenariam ou asfixiariam em si mesmos o aspecto introspectivo, insubmisso e inquieto que caracteriza toda natureza criativa e constantemente a predispõe a conflitos com o meio que a circunda. Diante do outro, a maioria dos homens se sente desencorajada a expressar e viver o que realmente pensa; não se permite desenvolver plenamente sua personalidade. Longe de se tornarem mais ricos, empobrecem. Já o grande artista não faz concessões quanto à sua maneira de pensar ou de externar um pensamento pelo qual se afirma em sua obra. Não há distinção entre o seu sentimento de vida e a maneira pela qual o expressa. Aceita os riscos de ser o que é, de preservar a excepcionalidade de um pensamento que se desenvolve e enriquece a partir de suas vivências intimas, não das alheias. Cresce, mas não se deixa domesticar e, assim, com o decorrer dos anos, aprofunda sua singularidade, tornando-se cada vez mais fiel ao que o faz ser o que é, distanciando-se da grande massa de homens e mulheres que é meramente arrastada pelos modismos e conveniências.
Contato: [email protected]
Postado por Heberti Rodrigo
Em
13/7/2016 às 07h47
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