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Segunda-feira,
22/8/2016
Sobre o Encerramento das Olimpíadas do Rio em 2016
Julio Daio Borges
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Escrevo ainda sob o impacto da festa de encerramento das Olimpíadas 2016
Vai demorar um tempo, não sei quanto, para conseguirmos entender o que aconteceu no Rio de Janeiro em 2016
Eu confesso que não acreditava que o Brasil fosse capaz de sediar uma Olimpíada - mas isso acaba de acontecer
Quando o Rio foi anunciado como sede, em 2009, o clima era de megalomania - e eventos como a concessão do "grau de investimento", a descoberta da "camada pré-sal" e o Cristo Redentor "decolando" na capa da Economist se misturam, hoje, na minha cabeça
Depois que perdemos o grau de investimento, o pré-sal se tornou inviável, porque *a Petrobras* se tornou inviável, e o Cristo Redentor afundou, em parafuso, na capa da Economist, o último delírio que restava, de um certo ex-presidente, era a "Rio 2016" (porque "A Copa das Copas", bem, deu no que deu...)
Para completar o quadro, o Brasil vem de uma crise representativa desde 2013, com as primeiras manifestações; e vem de uma crise política, desde o Petrolão e a Lava-Jato - que já derrubou uma presidente, transformou um ex-presidente em "proscrito", ameaça cassar o registro de um certo partido, sem falar no resto do establishment político, respingando em quase todos os outros partidos, e em praticamente todos os demais poderes, Judiciário inclusive
Como se não bastasse, o governo do Rio de Janeiro decretou, semanas atrás, estado de calamidade pública...
Ou seja, vínhamos de um desilusão - os BRICs que não foram -; de uma crise de identidade - no fundo, uma crise liderança -; e de uma crise econômica - que, para nós, o único paralelo é a crise de 29...
Ou seja: não tinha como dar certo. E acho, até, que, no fundo, muitos de nós não queriam que desse certo... Como que para "purgar" a megalomania de 2009, um certo ex-presidente, um certo partido, todo o espectro de governo *a* oposição, todo um povo que "não aprende a votar" etc.
Mas um milagre aconteceu, no Rio de Janeiro, em agosto de 2016, e as Olimpíadas foram um retumbante sucesso, repercurtindo no mundo inteiro, contaminando o planeta com a chamada "brasilidade", e revelando uma cultura, pujante, que, no meio de tanta lama, de tanta vergonha e de tanto escracho, havíamos "esquecido" de que era nossa...
Esse "milagre" precisa ser estudado pelas próximas gerações (coloco entre aspas porque fomos nós que realizamos)
Mas, independente de qualquer coisa, ficam algumas lições:
A primeira é a de que "governo não é estado" e "estado não é nação"
Mais do que nunca, esses políticos *não nos representam*. A vergonha de os termos eleito, sim, é nossa - mas temos de virar essa página da nossa História. Porque a Rio 2016 demonstrou que a nossa História pode ser bem outra...
A segunda lição é de que "crise econômica" não é desculpa para deixar de fazer, para deixar de tentar e, mesmo, para deixar de fazer bem feito
Desde a abertura até o encerramento, não dava para fazer, poderíamos ter desistido e, sobretudo, poderíamos ter feito muito pior do que fizemos...
Só que acabamos fazendo, sem condições - e com muito brilho. O brasileiro é como aquele peixe, de Nelson Rodrigues, que, por viver nas profundezas, e na escuridão, emite luz própria...
A terceira lição é de que, no meio dos escombros, pode nascer um novo dia. A flor no asfalto, de Drummond
O Brasil não acabou. Não chegamos ao "fim do Brasil"
A Rio 2016 provou que podemos renascer das cinzas. Que existe um coração batendo ainda
Que existe uma cultura, exuberante, uma identidade, única, que é a nossa - e da qual não devemos nunca nos envergonhar
Repetindo:
Podemos fazer; podemos fazer *do nosso jeito*; e podemos fazer bem feito - sem ficar devendo nada para ninguém
As Olimpíadas de 2016 eternizaram o Rio. Que elas inaugurem uma nova era para o Brasil
Para ir além
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Postado por Julio Daio Borges
Em
22/8/2016 às 10h10
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