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Sábado,
17/9/2016
Meias
Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
+ de 700 Acessos
De balõezinhos, de flores, de listas
(também aquelas lisas e finas),
minhas meias saem das gavetas.
Na loja, um cosmos de matizes me acena.
Dobradas, as meias me pedem motivos
que as levem para longe ou perto.
Em meus pés elas percorrem metro
e légua. E eu gosto de saber das meias
nos pés dos outros.
Para a foto do livro de poemas,
Celso de Alencar calçou
meias vermelhas.
Mas não há objeto neutro.
Íntimos e táteis, pequenos ou grandes
impulsos nos atraem às coisas. Algumas vezes,
como se fossem anjos do instante. Outras vezes,
como se fossem demônios da hora inteira.
Ensaiando passadas e coreografia, minhas meias
são bonequinhas (vestidinho enfeitado ou liso)
andando pela parte boa da lembrança, visitando
estórias mui antigas nos pés do Gato de Botas
que sai a passeio por um mundo
maior que as gavetas e ruas.
Maior que os lugares da dor.
Maior que os espaços neutros e ásperos
da memória.
(Do livro 50 poemas escolhidos pelo autor)
Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
Em
17/9/2016 às 09h25
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