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Sábado,
8/10/2016
Pano de Despir III, IV, V
Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
+ de 900 Acessos
III
Despido meu manto, encontro-me
neste solo de espera e sossego.
No cais, aportaram navios e pássaros.
Dentro de mim, despertam memórias.
Monossílabos. E o sêmen.
Daquelas árvores no quintal,
herdamos os frutos.
E a doçura.
Legados do viajante.
Entre a carne e a pele, o mundo
se mostra menor que este manto.
IV
Despido meu manto, depois do exílio
o mundo renasceu na cópula dos amantes.
Relembrando palavras do profeta, eu rezara
as rezas sagradas. Mas, nas barbas do profeta,
cofiaram-se os ritos profanos.
À flor da pele, minhas rosas de carne.
Minha mandrágora. Meus bulbos nascentes.
Todos os caminhos convergindo no leito.
À sela do manto, meu fauno de pano.
Ao repouso do tecido, nossas coxas
abrindo asas ao encontro.
V
Despido meu manto, dentro de mim
desperta o amado. Com cheiro de flor,
a casa estremece nas águas do espelho,
refletindo o que vê. E o que não pode ver.
Vão-se as luzes. Retém-se o reflexo.
Vão-se as barcas. Fica o navegante.
Trazendo esse cheiro de mar
que ondula as entranhas.
À casa, habito meu leito.
Entre o macho e a fêmea,
desfia-se o tecido das roupas.
(Do livro Travessias)
Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
Em
8/10/2016 às 09h50
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