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Segunda-feira,
27/2/2017
Como nascer em vulcões inventados
Aden Leonardo Camargos
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Imagem: Million Pictures
Ou manual de tatuagem
Cassirrá nasceu da entrega de corações ao vulcão 7uMyJ de criptografia radioativa. Foram três corações que sacrificaram para que ela surgisse e o mal continuasse a reinar na tribo. Um dos corações exigidos foi o de uma criança que observava borboletas. Outro de um arqueiro que caçava coelhos. O último de um bobo da corte do reino mais pobre já encontrado. Foi uma exigência de um deus bêbado revelada em sonho para o sacerdote numa noite de chuva codificada.
Não foi fácil encontrar os ingredientes do sonho quente exigidos pelos deuses (havia outros bêbados juntos). Mas assim que os corações arrancados e jogados ainda pulsando lá caíram, surgiu uma luz mequetrefe, saiu do fundo do caldo azul da cratera número três, do lado contrário da 44. Cassirrá já surgiu feito fim de mágica ruim: com arco, flechas e tinha cara de homem mau. Um cavalo que caçava borboletas veio junto - era um combo dos deuses para a tribo.
Cassirrá não sabia palavras. Não sabia sequer olhar. E mestre Super-Cocho-da-tribo foi ensinar as coisas difíceis de ser. As fáceis também. Mesmo Cassirrá não sabendo bulhufas, detestou os ensinamentos. E eram os únicos que teria. Não sabia que não sabia o que era errado ou tosco. Apenas não gostava, ou queria.
“continue limpando sua mente, de crenças, de limitações, teorias, ideias e a verdade será revelada”.
Por que já não revelava a verdade logo, não sabia. Já que ela ainda não sabia o que era verdade. Todas essas aulas na tenda branca fez Cassirrá montar seu cavalo e não agradecer coisa nenhuma. Porque não existem essas coisas de verdade, de realidade. Ela descobriu isso, com seu cavalo procurando borboletas, com sua flecha em punho, mirando para o chão onde nenhum coelho passava. Era apenas uma alma de bobo da corte brincando com fome. Como todos que são eles mesmos.
Cassirrá errou pelo mundo. Por não saber.
Bem velhinha e já com milhares de borboletas-moedas no vestido, aprendeu. E por fidelidade à filosofia, só aprende quem não sabe.
Morreu iluminada. Virou uma aguinha azul que voava borboletas em janeiro. Naquele lugar que ninguém foi visitar ou colher flores.
Postado por Aden Leonardo Camargos
Em
27/2/2017 às 11h45
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