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Sábado,
27/5/2017
Jano
Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
+ de 800 Acessos
Para Valdir Rocha
Em rastreante luz a nascer e esconder-se
de si mesma, meu diário das horas escuta
vozes do mito:
“Tão antigo quanto o mundo
tudo se abre ou se fecha à vontade de Jano
que preside as portas do céu
guardando-as ao ritmo das Horas.
Em qualquer sacrifício a outro deus
é ele invocado em primeiro lugar.”
Diante do seu rosto
meu diário das horas percorre leste-oeste
duplicando olhares de rastreante luz a nascer
e esconder-se de si mesma.
Desejo então fixar lume e imagens
entre horizonte e possibilidade.
Duplicando olhares, as duas faces de Jano
tangenciam limites no tempo de agora.
Guardião das portas, ele se apercebe
protetor dos caminhos
e me fala do seu ofício:
Inquietam-me longos tempos
que se foram e que hão de vir,
por isso vou escavando pequenos intervalos
para encontrar alguma véspera feliz
inscrita no agora.
Meu grito primal sonoriza-se
na fala do visitante à soleira das portas
fechadas ou entreabertas.
Dia de hoje e tempo remoto,
vejo-me antigo e atual. Encontro-me
ontem e amanhã na revelação de mim mesmo
aos sobressaltos das andanças daquele que me ouve.
Ante meus relógios sem ponteiros
tingem-se de sol as paredes do quarto.
E as paredes do mundo.
Muito antigo e atual,
não mais me assusta a fuga do instante.
Eu também busco meus caminhos.
Meus caminhos e minhas portas.
(Poema inspirado na escultura “Jano”, de autoria de Valdir Rocha)
Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
Em
27/5/2017 às 10h29
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