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Domingo,
11/8/2019
Grito primal II
Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
+ de 2300 Acessos
Quando a vida concedeu-me o acalanto dos madrigais,
desde aquele dia, quaisquer ouvidos
ouvem-me a exaltada canção
do nascer de mim mesma.
Canto para as paredes. Canto para
o jardineiro. Ao moldar versos de argila,
minhas mãos repercutem meu grito.
Aos rituais da terra, há sonoridades da fúria.
Às vozes da fúria, há cantigas de docilidade.
Evocando o som das bacantes
meu grito repercute no barro,
moldando seios nas esfinges,
moldando falos nos sátiros.
Mas à reunião do macho e da fêmea,
a réplica do andrógino não os divide
em dois. Nem os dispersa.
Um só corpo.
Minha ambiguidade.
Minha fé.
E a meus pés, o asfalto distendendo-me
esta rua bem maior que o mundo.
(Do livro Nada mais que isto)
Postado por Mirian de Carvalho (e-mail: [email protected])
Em
11/8/2019 às 12h52
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