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Quarta-feira,
18/12/2019
Modesto Carone (1937-2019)
Julio Daio Borges
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Hoje eu não poderia deixar de prestar meu tributo ao homem, através do qual, eu li Kafka.
Foi em 2001-2002, por influência de um Colunista do Digestivo, que tinha Kafka e James Joyce como seus autores de cabeceira.
E, obviamente, por influência do maravilhoso projeto gráfico de Hélio de Almeida, a partir de desenhos de Amilcar de Castro.
De Junho de 2001 a Junho de 2002, eu praticamente li todos os nove volumes de Kafka, pela Companhia das Letras, traduzidos por Modesto Carone.
Nunca vou esquecer das impressões que me causaram Carta ao Pai, Um Artista da Fome, Na Colônia Penal e, naturalmente, A Metamorfose.
O Processo achei mais famoso do que bom e O Castelo achei maçante. Ainda li América ou O Desaparecido, que Modesto Carone não traduziu. E, em inglês, comprei os Diários, as Cartas, o “Franz Kafka” de Max Brod e até um “Conversations with Kafka”, de Gustav Janouch.
Graças ao professor Carone, Kafka se tornou, para sempre, um dos meus heróis literários.
Cada volume que eu terminava, com um pequeno ensaio do tradutor, era uma revelação. E eu me recordo de ir comprando exemplar a exemplar, na Martins Fontes da rua Dr. Vila Nova.
Na época, eu fazia um curso de Dreamweaver no Senac, logo em frente. E me lembro de ler O Médico Rural, nas escadarias e nos bancos da escola.
O Dreamweaver eu utilizei para tornar o Digestivo um site dinâmico - criei o nosso próprio CMS, ou Content Management System (inconscientemente, porque eu nem sabia que o termo existia).
Foi a base para os próprios Colunistas publicarem seus textos, antes dos blogs (antes do Facebook). E, a partir do Dreamweaver, eu aprendi o ASP, ou Active Server Pages - que utilizamos até hoje, no Portal dos Livreiros e, inclusive, no Integrador do Portal.
Todo esse intervalo tecnológico para reafirmar que, enquanto eu sonhava com as páginas dinâmicas do Digestivo, eu lia Kafka, e minha visão de mundo se transformava.
Em 2002, ainda, visitei uma exposição da Praga de Kafka, em Nova York - e tenho o catálogo dela até hoje. Lembro que me impressionaram a caligrafia e os desenhos de Kafka (sim, ele desenhava).
Mais do que um dos maiores autores do século XX - junto com James Joyce e Marcel Proust -, considero Kafka um profeta do nosso tempo.
Se não fossem pelas traduçōes de Modesto Carone, eu jamais teria chegado a estas conclusões.
Até estudei Alemão, mas nunca me arrisquei a ler Kafka no original...
É uma pena que o professor Carone tenha nos deixado só alguns poucos aforismos, no volume dedicado a Kafka, pela Penguin Companhia.
Eu nutria esperanças de que ele nos traduzisse as cartas e os diários...
Se você ainda não leu, por favor leia Kafka. Nas traduções de Modesto Carone, é claro.
E vai entender o que um tradutor pode fazer por um autor. E por um leitor ;-)
Para ir além
"Kafka e as narrativas", The City of K. e "Jamais se ouve uma palavra gentil, só e sempre censuras".
Postado por Julio Daio Borges
Em
18/12/2019 às 11h28
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