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Segunda-feira,
27/4/2020
Declínio e Queda de Moro no Ministério da Justiça
Julio Daio Borges
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Sempre me pareceu um erro o Sergio Moro ter aceitado o cargo de ministro da Justiça.
A meu ver, seria um erro em qualquer governo. Um juiz, na minha concepção, deveria ser neutro e não participar de nenhum governo ou partido.
Desde o começo estava claro que Jair Bolsonaro pretendia usar Sergio Moro para conferir reputação ilibada ao seu governo.
Mas aí, como em muitas situações, vale a frase de Margareth Thatcher: “Se você precisa dizer que é uma lady... é porque você *não é* uma lady.”
O que sempre me impressionou é que Sergio Moro concordou em ser usado por Bolsonaro e teve de se calar - ou de se abster de comentar - em situações grotescas, como, por exemplo, essas da pandemia, em que o presidente insistiu na “gripezinha”, desafiando o vírus, o bom senso, a lógica - e colocando em risco, como se diz, a saúde de milhões de brasileiros.
Quantas vezes nos perguntamos: “Onde está Moro? Por onde anda? Será que ele concorda?”.
Pelas declarações de Bolsonaro depois do rompimento, ficou claro que Moro nunca se sentiu à vontade na posição, nunca foi próximo do presidente e, em seu próprio depoimento, quase lamentou ter abandonado a magistratura.
Não tenho pena dele. Pelo menos utilizou o cargo para, num último ato, desmascarar o presidente, e sua falsa postura anticorrupção, revelando um desconhecedor completo do funcionamento de um órgão como a Polícia Federal, ou fazendo-se de desentendido para prevaricar mesmo.
Bolsonaro se elegeu não porque fosse bom. Na verdade, foi eleito, justamente, porque não se queria eleger “o outro”, ou “o partido do outro”.
O voto útil está longe de conferir unanimidade a alguém, só que Bolsonaro acreditou que ele era “o cara”. Não era nada. E deve voltar para o nada de onde veio.
O episódio Moro demonstra que não adianta querer transformar o que é ruim em bom, ou o que é um quebra-galho num governo de salvação nacional. Bolsonaro era um deputado folclórico do baixo clero, não tinha como virar do avesso.
E se eu fosse o Paulo Guedes, iria embora logo, enquanto é tempo. “Ah, mas o governo vai afundar sem ele”. Já afundou. “Ah, mas a economia vai afundar sem ele”. Já afundou também. “Ah, mas o dólar vai explodir sem ele”. Já explodiu. E vai continuar explodindo, com ele ou sem ele.
Imaginem de quantas “lives” o Paulo Guedes vai ter de participar, e de quantos bilhões (ou trilhões) ele vai precisar, para tentar contornar, minimamente, a saída de Sergio Moro (a última reserva moral do governo)?
Haja gogó, Paulo Guedes, e haja promessa de dinheiro sem lastro. O ministro bem que tentou. Só que a “janela de oportunidade” para o nosso liberalismo se encerrou. Mudamos de “slide”, PG. O estado mínimo - aquele que iria nos salvar - agora está nos matando...
Mas estou tergiversando. Eu queria falar da minha decepção com o Moro e da sua tentativa de redenção. Se tiver ferido o governo Bolsonaro de morte, acredito que terá cumprido a sua função.
Agora, se esse governo continuar se degenerando, e *nos* degenerando como nação, vou lembrar que o Sergio Moro participou dele, e que o Paulo Guedes continuou participando (mesmo depois)...
Postado por Julio Daio Borges
Em
27/4/2020 às 11h45
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