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Quinta-feira,
27/8/2020
Morreu de véspera
Marco Garcia
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Foi assaltar mães e filhos na porta da escola. Uma viu e avisou. Outra puxou a filha e correu. A policial, mais esperta, se aproximou e disparou. Ele, alvejado, caiu. Socorrido, não resistiu.
Naquele momento, o clima era tenso. Não tinha como prever as consequências. Como tudo acabaria. O risco era geral. Prevaleceu a experiência e a audácia da mãe-policial.
Ela foi aplaudida e, no Dia das Mães, condecorada. Ele, vinte e poucos anos e vários inquéritos policiais, foi-se. Como tantos outros têm ido. Homens, jovens, adolescentes e meninos.
Vivem o jogo do mata-e-morre sem calcular as perdas, pois não há nada a perder. Era apenas mais um dia comum, dentre tantos.
O repórter explicou os fatos. A mãe-policial atribuiu a Deus e aos treinamentos na academia o sucesso da ação.
Tomando meu café num domingo à noite, apenas acompanhei as notícias. Na distância necessária, segura. Do lado de cá da tela, existe a emoção diante das imagens, mas sem a tensão do acontecido. Não há como tomar partido.
Como quantificar as dificuldades de vida que o levaram a empunhar um revólver e partir para o terror? Por outro lado, como frear o instinto de uma mãe na defesa do filho, amplificado pela farda e porte autorizado de arma?
Para ela, não há vítimas da sociedade quando se tem vidas em risco. Não pensa em Direitos Humanos quando há uma arma apontada para a sua cabeça. Teses acadêmicas e teoria de especialistas e ativistas não seguram o dedo que aperta o gatilho.
Também não peça ao que se sente excluído das benesses do Estado por anos, segundos de consciência e piedade pela vítima que, para ele, é uma das responsáveis por seus males desde o ventre da mãe. O pêndulo social leva a razão para os dois lados, tornando o convívio aterrorizante. Fica o espanto. O medo.
Mas a barbaridade não é algo novo. O mundo está e sempre foi muito violento. Não se engane. Para nós, espectadores dessa guerra sem vencedores, resta a insegurança ou a sensação dela – o que é muito pior.
Resta a prece diária ao Deus da crença de cada um, mesmo que seja um ser totalmente fora do convencional. Somos livres para acreditar naquilo que nos faz bem.
*Breve comentário sobre o caso da Policial Militar que, para defender mães e filhos em frente a escola, matou o assaltante no Dia das Mães
Postado por Marco Garcia
Em
27/8/2020 às 11h01
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