Acabou de estrear na Netflix o filme "Uma Garota de Muita Sorte" com Mila Kunis no papel título e uma história baseada em fatos reais que se inspira também no romance "Luckiest Girl Alive" da autora Jessica Knoll. Assim, a película aborda uma trama pontual ao falar de violência sexual, mas ela também possui um segundo enredo muito importante falando de aceitação.
Desse modo, entre as atitudes sempre incômodas e sufocantes pra adequação e demarcação de território da protagonista, fica a pergunta - O que você é capaz de fazer pra ganhar a aceitação de alguém? Quanto está disposta a ceder pra que o seu meio te aceite de forma incondicional? E quando isso é abordado, trata-se não apenas da sociedade em geral, mas também das pessoas que estão ao seu lado, te orientando, criando, se relacionando diariamente. Muitas delas com opiniões e crenças delimitantes que são instauradas na mente desde a infância e acreditam ser para o seu bem.
E de modo geral, não é só a tal "garota de sorte" que faz isso pra sobreviver, mas todos nós em diferentes proporções, cedendo em pequenos gestos e atitudes, por demasiados interesses até que seja um modo de sobrevivência e autodefesa contra seus "oponentes sociais". É claro que se não haver acordo e consenso, a vida não segue, e o que imperará será o egoísmo lancinante de uma praça de guerra, porém é preciso saber mediar pra que não percamos nossa identidade em busca de uma imagem desejada do que os outros vejam, mas que em nada reflete na sua personalidade.
A vibe aqui é daquelas comédias românticas do começo dos anos 2000, que sim adorávamos, porém se tratava sempre de uma protagonista estereotipada de inseguranças que toda vez acabava inventado uma personagem pra conquistar - o cara ideal cheio de defeitos - e ainda amargava um perrengue no final, se passando por mentirosa, quando o tal cara descobria que novamente "a garota de sorte" não era bem como ele imaginava. E incrivelmente, eles acabavam juntos, deixando a impressão de aprovação das suas ações.
Com base nisso, numa época em que a vida está avançando tão rapidamente e tem nos machucado tanto, chego a conclusão que independentemente dos desafios apresentados na sua rotina, este é o tempo da liberdade de escolhas, sejam elas grandes ou pequenas pra não deixar passar um trabalho, ou viagem dos sonhos, uma ação que agregue resultados inesperados, ou ainda, uma experiência motivadora. Tudo porque alguém achou melhor você não seguir por esse caminho, ou porque não quer magoar nem desafiar o outro subindo de cargo ou tendo maior destaque. Dessa forma, desde que não prejudique nem faça mal a ninguém, principalmente a você, vale a tentativa.
Resta a conclusão de que no final, nenhuma dessas atitudes importa e que a maioria delas não passará de abnegações dos pequenos prazeres que poderiam levar a inesperados e gratos caminhos. Sendo assim, quando for o momento, imponha sua vontade, e sim muitas vezes será doloroso e difícil, porém você estará cortando com isso toda uma trilha de decisões erradas acumuladas e talvez uma vida de plástico.
E tudo bem errar e recomeçar, desde que seja de uma maneira autêntica e minimamente apaixonada, pois só assim sobrarão muito mais forças para colher os resultados, sejam bons ou não.
Acredito que a frase mais impactante do filme foi a da chefe da garota, que resume tudo o que poderia ser discutido sobre aceitação - "Basta dizer o que você quer, não o que todos os outros querem, aí você consegue"! - #chefesensata
Então, é isso! Eu já disse o que queria, acho que você também deveria, pra nós duas conseguirmos algo de bom. Seja uma carreira, uma relação saudável, a realização de um sonho secreto ou um simples dia de paz, sossego e sinceridade na vida... E analise bem, não queira, no fim das contas, ser somente uma garota de muita sorte.