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Segunda-feira,
19/12/2022
A culpa é dele
Raul Almeida
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Afinal, de quem é a culpa?
A lenda nos dá conta que Pandora, a primeira mulher criada por Zeus, na verdade por Hefesto, a mando do Chefão, abriu uma caixa, que na versão original era um jarro com uma tampa, libertando todos os males até então desconhecidos pela humanidade. A mitologia grega é formidável em seu conteúdo. Deuses, semi-deuses, titãs, heróis, vilões, ingênuos, patifes, maravilhosos e maravilhosas em narrativas e cenários diversos. Uma leitura muito divertida.
Os autores gregos, Homero, Hesíodo, e outros brilham até hoje.
As explicações desde as origens do Universo e suas criaturas, até o registro dos momentos históricos, batalhas, conquistas, fenômenos climáticos, místicos, enfim, toda a obra dos grandes mestres, continua ajudando aos contemporâneos donos do saber, a explicar, interpretar ou fabular sôbre o grande mistério da vida.
Mas, além do Paraíso, perdido por conta da desobediência do casal primevo, uma das explicações para os sofrimentos e atribulações da humanidade é a pobre Pandora que levou a culpa pela dispersão de toda as mazelas do Mundo, ao abrir o tal jarro, ou caixa sem saber o que ali estava guardado. Ainda assim, conseguiu manter a esperança, como prêmio de consolação.
A coincidência entre Eva e Pandora, mulheres, mostra o lado misógino das narrativas, sempre atribuindo à fêmea a culpa pelos infortúnios, sofrimentos e tristezas da vida.
Que horror!
A mulher, fonte da vida, retratada como vetor do mal.
Mas, de quem seria a culpa por todas as coisas adversas, ruins, tristes, negativas, que trazem dor e pranto durante as nossas andanças pelo Paraíso?
O que é que permite a um ser pensante, decidir , tomar partido, escolher, definir, agir ou não em determinada situação?
O que levou Eva a provar do fruto proibido e o compartilhar com Adão, assim como Pandora a destampar o jarro e liberar as mazelas, foi ele!
Vamos perceber que o fruto proibido assim como o jarro destampado são masculinos. Mas ele quem? O que? O masculino, o macho, o poderoso, o decisivo livre arbítrio. Comum aos dois gêneros, é o que decide.
Acertar ou errar, perder ou ganhar, progredir, ou estagnar, regredir, encolher. Em todas ocasiões, o Juiz interno, endógeno, soberano, sutil ou cruel será sempre o responsável.
O livre arbítrio é o filho mais velho do destino de cada um. É o pai do remorso, da tristeza, da culpa, do amargor, da infelicidade ou do Sucesso.
A culpa dos males do Mundo?
O poder divino de decidir o próprio rumo.
(é jarro e não caixa, nas versões primitivas do mito)
Postado por Raul Almeida
Em
19/12/2022 às 13h50
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