Isso não é defesa nem resposta. É uma tentativa. Não sei bem de quê. É sobre como as pessoas são eternamente pessoas. Existe uma caixa de invisibilidade que todos os montadores de caixas dizem conhecer. As pessoas são em essência montadores de caixas. Coisa simples é montar uma caixa. Até capenga não deixa de ser caixa. Então todos somos montadores e colocamos o que não vemos. São pedaços das coisas que não sabemos e mesmo assim colecionamos como sabedoria.
Abrimos essa caixa e dizemos:
__ Usa isso. É assim que você tem que ser.
E esse naco de objeto cai no seu rosto, perna, orelha, o que for… e te apaga um pouco. Primeiro porque a caixa é de outra pessoa e segundo, foi jogado. Se você não aceita, logo um crime vem acoplado com outro pedaço de plaquinha invisível com o dizer “dei a solução, você que não quis” é dolo eventual.
É preciso parar os coaches de como tratar a mim e pasme, coaches com instruções de como tratar a expectativa do outro. Ninguém que dá conselhos NUNCA veio ver como é. Só ouve e carimba com “sei como é”. Não, não amigui, não sabe como é.
E se for para comprovar com a razão do outro é melhor nem explicar. Porque cansa.
E vocês não vão acreditar! A pessoa aconselhada possui uma própria vida. Engraçado né? Ela tem opiniões. Muito embora ela abra mão até, olha bem “até” das opiniões, abre mão de várias horas de sono, dos passeios, inclusive paga conta que nem dela é! Ela não (nononinono) não pode fazer nem dizer o que der na telha só porque está triste ou nervosa… porque ela é a mulher invisível, lembra? Vamos colocar na mesa. Isso: a mulher invisível que mesmo assim continua sendo uma pessoa, pasme nº2: uma individualidade.
Todas essas conclusões do que uma mulher (aqui já no manisfesto feminista) que sustenta uma casa, vida com dinheiro, trabalho e cuidados, escuta o que a vai tornando invisível:
__ É só você me chamar que te ajudo. (aí você chama mas no dia a “ajudante” arrumou algo para fazer, e, faltando 15 minutos para você poder ir no @#$% qualquer, tu - tu porque tô ficando pistola- recebe um zap que tal coisa visível aconteceu na vida dela). Isso é uma toalhada invisível que passou raspando na sua bunda.
__ Tem um chá de casca de brioche com camomila e folha de árvore das cheias do Araguaia que se ferver por 35 segundos e coar no pano molhado com essência de menta faz bem para (acrescente depressão, joelho inchado, qualquer coisa). Vou trazer e você faz, viu?. (agora tacaram o pano de prato invisível no seu nariz).
__ Vou na sua casa pra a gente conversar, tá bom? (esta é uma rasteira com uma enxada da invisibilidade que arranca o seu pé, filhinhis, ninguém quer conversar, a mulher quer dormir, criatura! Quer ler, tomar banho, ver TV. Não vai, amor, não vai sem essa frase ter sido dita pelo menos três vezes pela mulher invisível.
Tem mais, muito mais. Mas o grande poder da invisibilidade jaz no predicativo de precisar ser quem A CAIXA DO OUTRO determina que você precisa ser. A mulher já anda sem pé, manca, sem pedaço de bunda, sem nariz, na sua PRÓPRIA CASA e tem que dar conta da casa, do idoso, da limpeza, das compras, do dinheiro e… ainda o Gran espetáculo: tem que ser COMO os outros ACHAM que deve ser.
Nenhuma mulher invisível tá usando droga. Nenhuma mulher invisível abandonou quem quer que seja. Nenhuma mulher invisível quer mal a ninguém. Deixa ela em paz. Deixa ser a louca da limpeza. Deixa as regras com ela da casa dela que ela paga o IPTU a luz água internet.
Não tente emendar o que tá acontecendo.
Aqui trato na essência da palavra Mulher, isso, essa que queimou o sutiã em 1960. Não disse abusadora, aproveitadora, malfeitora, mal tratadora, eu disse MULHER e coloquei a adjetivo INVISÍVEL…
Só tem uma coisa que a mulher invisível não faz, amiguini… É abrir sua caixa e jogar peças da sabedoria no outro. Isso é o super poder de quem se torna ou está se tornando invisível.
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