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Quinta-feira,
23/11/2023
As duas faces de Janus
Raul Almeida
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Guardião dos caminhos, o deus Janus significava a transformação, o futuro e o passado.
Sempre com um olhar para frente e outro para trás, Janus poderia ser, nos dias de hoje, a câmera de segurança da portaria do condomínio, encarnando a personagem virtual em atalaia permanente.
Quando ligamos a TV e ouvimos as notícias, acompanhadas da advertência do apresentador que : "Estaremos acompanhando esse caso", podemos imaginar Janus vigilante, atento, alerta, absolutamente comprometido com o assunto mostrado e com os desdobramentos do mesmo. Depreendemos que o moderno jornalismo, o noticiário de TV, vai ajudar a pressionar a Autoridade na solução seja lá de que problema for, com o total apoio do consumidor de notícias, o público que tem poder, formado pela melhor fatia do Povo, aquela que está bem informada.
O Poder emana do povo, a Autoridade é paga pelo povo, e os funcionários principais do Estado, são escolhidos pelo Povo em períodos e prazos determinados.
Nada como informar com precisão, acompanhar com competência, apurar as consequências do fato que gerou a notícia, e receber o prestígio e o reconhecimento.
Em tempos de turbulência econômica, o noticiário ferve com estatísticas, previsões, comentários, vaticínios e profecias, mais a opinião do comentarista travestido de profeta, enfim mantendo a audiência sempre em dia com os fatos e seus possíveis desdobramentos. O mesmo acontece com a política. A carga de informações, boatos, falatórios, palpites e conversa-fiada atinge níveis siderais.
A tendência ao populismo, ao messianismo, às inverdades e imperfeições interpretativas, abre um espaço formidável para boquirrotos, vitimistas, distributivistas, arrivistas e deslumbrados de última hora buscando seu minuto de celebridade.No palco, no salão de festas, no plenário, o grande espetáculo se repete.
Judas vai vender, Pedro vai negar, Barrabás vai sair pela porta da frente, e quem acreditou que estavam defendendo ou atacando idéias, projetos, etc e tal, não sabe ou nunca escutou nada sobre o cafezinho depois dos tró ló lós e bafafás.
Entre acordos, conchavos, mutretas, combinações, arranjos, discursos, desaforos, bravatas, carreatas, passeatas, bumbas e meus bois, Janus perdeu a função de guardião ou sentinela de qualquer coisa. O que foi antes continuará agora e será sempre como antes foi.
Pobre Janus e suas caras. Aqui ambas são para frente.
O que passou vai pro arquivo.
Postado por Raul Almeida
Em
23/11/2023 às 20h33
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