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Sexta-feira,
14/2/2025
Encontro em Ipanema (e outras histórias)
Diana Guenzburger
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A cidade do Rio de Janeiro, fonte inesgotável de inspiração, é cenário frequente neste livro de contos de DIANA GUENZBURGER. No purgatório da beleza e do caos, a escritora, eclética, passeia por muitos temas. O sentimental e o romântico aparecem, entre outros, em “SOLIDÃO”:
Uma mesa, duas cadeiras, algumas prateleiras. A única luz vinha do abajur sobre uma mesinha encostada na parede. O homem encontrava-se sentado, um copo na mão e uma garrafa na mesa. Cabeça baixa, apoiada nas mãos. Parecia tão desamparado, um cão abandonado. Tive pena e, sem esperar convite, sentei-me na outra cadeira.
e “O ÍDOLO DA TORCIDA”:
Dirigiu-se à Barra da Tijuca e estacionou junto à praia. Sentou-se num banco de pedra e ficou olhando o mar, meio perdido. Sentia-se inseguro. Como faria, o resto da vida sem o assédio dos fãs? Ia ficar um vazio.
A violência, sempre presente na cidade, é abordada, entre outros, no original “CARNAVAL NA FAZENDA”, que mistura reportagem com ficção:
...homem é ferido em confronto entre policiais e bandidos no Catumbi... moradora é morta durante tiroteio no Alemão...
Os homens renderam Jorge e mandaram todo mundo sair do carro.... Fizeram a limpa. Queriam levar o Jorge para pegar dinheiro nas máquinas, ele se recusou. Diz que prefere morrer do que largar as crianças.
Impossível esquecer o social, que permeia os textos. O papel escravizante da mulher como cuidadora aparece em “CINDERELA MODERNA”:
Mais um domingo de sol. Cristina, na janela do seu quarto, observava as crianças brincando . Do outro lado da casa, ouviu-se uma voz rouca chamando:
“Cristina, anda logo!”
“Já vou, mamãe.”
e os resquícios da escravidão, até hoje presentes na empregada doméstica, em “A EMPREGADINHA”:
A patroa foi logo enfileirando uma série de obrigações, que Marinalva teria que cumprir. A pobre foi tratando de obedecer o mais rápido possível, com medo de perder a oportunidade do emprego. Estava difícil trabalhar no Rio de Janeiro. Pior no interior da Paraíba, de onde viera e deixara a família. Lá, as pessoas passavam fome mesmo.
Humor, mistério, problemas familiares, distopias, um pouco de tudo neste livro de ficção de agradável leitura. O fantástico, gênero cultivado pela escritora, é representado em vários contos, entre eles “O PÁSSARO PRETO”:
Um sábado, estava abrindo a porta para sair de casa, quando reviu o animal. Estava de pé em frente à soleira, as asas arriadas. Parecia esperá-la. Quando a viu, abriu as asas de enorme envergadura e gralhou, parecendo ameaçá-la. Desta vez, já devia ter mais de dois metros de altura.
O efêmero, o inusitado, o inesperado, tudo ocorre, como em “ENCONTRO EM IPANEMA”:
O garçom voltou, parecendo um tanto impaciente:
“Já escolheu o seu jantar?”
“Aguarde um pouco, estou esperando alguém, deve ter-se atrasado, com esse trânsito...”
“Senhorita, vamos fechar”.
Era o maître.
Um encontro que nunca aconteceu.
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Postado por Diana Guenzburger
Em
14/2/2025 às 18h29
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