| Mais Recentes >>> Arte E Sociedade No Brasil de 1957 a 1975, Volume 2 de Aracy Amaral; André Toral pela Callis (2010) >>> Aquele Estranho Colega, o Meu Pai de Moacyr Scliar pela Atual Didáticos (2009) >>> Incentivando O Amor Pela Leitura de Org. Eugene H. Cramer e Marrietta Castle pela Artmed (2001) >>> As Dores e as Superações do Dia-a-Dia Reveladas nas Mídias Sociais (Autografado) de Katie Borteze pela Chiado (2017) >>> Poliedro Livros Português Livros 1 , 2, 3 e 4 de Sistema de Ensino Poliedro pela Poliedro (2012) >>> Drogas Opção de Perdedor de Flavio Gikovate pela Moderna >>> A Traição De Bourne de Eric Van Lutsbader pela Rocco (2010) >>> Estudo Sobre Constitucionalismo Contemporâneo de Professor Francisco Pedro Juca pela Lumen Juris >>> Calunga Tudo pelo Melhor de Luiz Antonio Gasparetto pela Vida e Consciencia (1997) >>> Poliedro Livros Português Livros 1 , 2, 3 e 4 de Sistema de Ensino Poliedro pela Poliedro (2012) >>> O Feijão e o Sonho de Origenes Lessa pela Aticas >>> 1984 de George Orwell pela Companhia Das Letras (2017) >>> Livro O Sermão Da Montanha de Georges Chevrot pela Georges Chevrot (1988) >>> 1984 de George Orwell pela Companhia Das Letras (2017) >>> Perto do Coração Selvagem de Clarice Lispector pela Rocco (1998) >>> Japonês Em Quadrinhos de Marc Bernabe pela Conrad >>> Tratado das Locações, Ações de Despejo e Outras de Jose da Silva Pacheco pela Revista dos Tribunais (1998) >>> Poliedro Livros Geografia Livros 1 , 3 e 4 de Sistema de Ensino Poliedro pela Poliedro (2018) >>> Araribá Mais História 9 de Maira Rosa Carnevalle pela Moderna (2018) >>> Livro Geração De Valor Futuro de Daniel Egger pela Campus (2015) >>> Introdução a Admistração Financeira de Clovis Luizs Padoveze pela Cengage >>> O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint Exupéry pela Harper Collins Br (2006) >>> Poliedro Física Livros 1 , 2, 3 e 4 Ensino Medio de Sistema de Ensino Poliedro pela Poliedro (2014) >>> Livro Todo Mundo Tem de Edith Derdyk pela Dsp (2012) >>> Presente para Você de Fernando Vilela pela Leiturinha (2021)
|
|
COLUNAS
>>> Especial
Biblioteca Básica
Sexta-feira,
17/10/2003
O Meu Mundo das Idéias
Daniel Aurelio
+ de 5100 Acessos
Acho que respondi a contento, no último artigo, como penso o processo da leitura. Meu divisor de águas está lá e dá medida escandalosa do apreço que cultivo pela literatura para jovens. Mas é claro que houve boa luz em meu período pós Bandeira e Ziraldo (de quem destaco os livrinhos "Dodó" e "Flicts").
A obra-prima que me arrebatou de vez foi o "Dom Quixote", do Cervantes. Lutar contra os moinhos de vento, contra aquilo que se impõe ao espírito retroativo da nossa memória afetiva. Não é isso que fazemos - ou deveríamos fazer - o tempo todo?
Confesso que consumi muito mais literatura brasileira que estrangeira. Não por nacionalismo: as traduções tendem a deixar as obras meio soltas, capengas e às vezes desconexas. Perde-se força narrativa. E eu a vontade de ler os gringos. Portanto, até os 20 anos, meus autores prediletos eram (e são) Machado de Assis ("Memórias Póstumas de Brás Cubas"), Lima Barreto ("Clara dos Anjos") e Guimarães Rosa (qualquer conto). Legítimo empate técnico.
Uma visita à biblioteca pública e a iminência da Fuvest fizeram-me descobrir Rubem Fonseca (e através de seus textos a violência como uma norma introjetada nas veias frouxas e inchadas do social). Pirei. Dos mais recentes eu destaco o Fernando Bonassi, que aprendi a gostar nas páginas da revista da rádio 89 FM e a Simone Campos ("No Shopping", 2001), um prodígio de apenas duas décadas de vida.
A literatura estrangeira chegou-me (antes tarde do que nunca) por intermédio de Franz Kafka. Eu me perguntava a toda hora por que diabos a crítica o idolatrava: uma leitura despretensiosa em "A metamorfose" e outra, mais analítica, em "O processo" e eu acabara de descobrir o motivo. Dou-lhes razão. Hoje minha febre é pela filosofia de tintas literárias dos franceses Voltaire ("O Filosofo Ignorante"), Sartre ("A Nausea") e do franco-argelino Albert Camus ("O Estrangeiro"). A ironia zombeteira e rascante. E o vazio também.
Dos poetas, a despeito das injúrias do Diogo Mainardi, o maior de todos foi Drummond. E João Cabral. E Augusto dos Anjos. Ainda que o bom poema seja aquele do bêbado de paixão, do homem -desequilíbrio em queda livre. Os melhores poemas jamais foram publicados. Alguns sequer foram escritos.
Tenho uma mórbida queda por livros jornalísticos, de preferência escritos pelos próprios. O melhor foi o "Notícias do Planalto", do Mario Sérgio Conti, que além de achincalhar a classe (Mino Carta chegou a propor passeatas contra o calhamaço), trouxe ao palco uma tragicômica encruzilhada: ou ele falara a verdade - o que é péssimo - ou mentira com a desfaçatez imprópria para um ex-Diretor da maior revista semanal do país, a Veja. O rei míd(i)as ficou nu. Despido por um de seus melhores filhos.
Destaco também outros: "Vigiar e Punir" (Michel Foucault), "Os Vermes" (José Roberto Torero) - a melhor sátira política da literatura brasileira - "Revolução dos Bichos" e "1984" (George Orwel), "Ensaio sobre a Cegueira" (Saramago), "Lolita" (Nabokov) - que para mim é o verdadeiro marco da modernidade ( ao menos temática) literária - e todas as compilações possíveis das crônicas do Luis Fernando Veríssimo (de quem sou admirador dos fraseados e do humor refinado: como é complicado fazer humor popular com elegância!).
"O Príncipe", de Maquiavel, "Raça e História" do Levi-Strauss e "Mozart", do Norbert Elias ratificam o que escolhi como profissão.
E este é o epicentro do meu modesto mundinho das idéias em formação. Meus vinte e poucos anos debruçados em livros. E antes que alguém me pergunte/deboche: anos muitíssimos bem aproveitados, sim senhor! Com a melhor das companhias. E o leitor do Digestivo sabe bem o que isso significa.
Daniel Aurelio
São Paulo,
17/10/2003
Quem leu este, também leu esse(s):
01.
Depois do chover de Elisa Andrade Buzzo
Mais Acessadas de Daniel Aurelio
em 2003
01.
Canto Infantil Nº 1: É Proibido Miar - 26/9/2003
02.
Canto Infantil Nº 2: A Hora do Amor - 7/11/2003
03.
O Sociólogo Machado de Assis - 5/9/2003
04.
O Calígrafo de Voltaire - 13/6/2003
05.
Elogio Discreto: Lorena Calábria e Roland Barthes - 19/12/2003
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
|
|
|
|