Era uma vez um garoto (eu) que procurava um site bom na Internet. Achou (o Digestivo). Não me lembro exatamente como comecei a ler o Digestivo, mas deve ter sido há uns três ou quatro anos mais ou menos. E o que me atraiu primeiro foram os Digestivos do Julio, mesmo, com a interessante mistura de nota e crítica que sai regularmente. Passei a assinar a newsletter e acompanhar com certa freqüência o site. Também fui atraído pelos convidados - gente do naipe de Sérgio Augusto, Daniel Piza, Ruy Castro, Ana Maria Bahiana, entre outros. Nesse período também tenho acompanhado outros colunistas, como a Adriana Baggio, o próprio Julio, as minhas "colegas de 4ª feira", Ana Elisa Ribeiro e Tais Laporta, o Rafael Rodrigues e o Ram. Procuro vez por outra ler um pouco dos demais, mas esses são os colunistas que acompanho com mais freqüência, ao menos com uma passada de olho - mas que quase sempre se torna uma leitura voraz. Mas, voltando um pouco, minha leitura assídua do Digestivo se deu mais por acompanhar o Eduardo Carvalho.
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Acho que não comecei a ler os textos do Edu direto do site, mas sim por causa de um artigo dele que saiu no jornal da faculdade - acabei descobrindo que estudávamos no mesmo local e que ele escrevia num lugar que eu sempre admirei muito - o Digestivo. A partir daí comecei a ler assiduamente a coluna dele - foi a minha primeira experiência de acompanhar freqüentemente um autor pela Internet (os blogs não tinham "explodido" ainda aqui no Brasil). Acompanhei as "brigas" nos textos sobre duas festas (da FFLCH e da FGV); acho que li todos seus textos, concordei com algumas opiniões, discordei de muitas outras, mas sempre lendo com respeito e admiração seus textos sempre bem escritos - com grande capacidade de passar por vários assuntos diferentes e de mostrar força mesmo (ou principalmente) quando discordamos de suas opiniões. Depois, foi o Edu que encaminhou um texto meu para avaliação, e cá estou. Não me lembro se agradeci apropriadamente o Edu, mas fica aqui meu obrigado a ele e minha indicação de seu blog. (Também agradeço ao nosso amigo em comum Luiz Pereda, que me encheu a paciência para que eu escrevesse um texto).
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O tal texto foi meu primeiro - sobre o segundo disco da Maria Rita. Depois de poucos meses fui convidado para ser colunista e, claro, aceitei. Isso me forçou a ser (ou ao menos tentar ser) mais disciplinado para escrever. Nunca escrevi com freqüência - apenas eventualmente no jornal da faculdade - e a necessidade de apresentar uma coluna regularmente me deixa até hoje meio desesperado (sempre acaba ficando pra última hora, como este aqui, admito). Como não tenho nem um ano de Digestivo, não creio que eu tenha como avaliar como isso tem me afetado, mas tem sido uma experiência excelente - e um prazer, mesmo quando as horas parecem passar como nunca antes.
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Algumas coisas que sempre achei interessantes no Digestivo, que o diferencia de quase tudo que tem na Internet no Brasil: o fato de não necessariamente seguir a famigerada "agenda cultural" - pode ou não seguir, mas o que é mais importante é a relevância que o escritor acha em determinado assunto; também a característica de não ter cartilha editorial, há liberdade de temas, formas, etc. E o que eu acho o melhor é que o mérito de escolha dos textos é simplesmente a avaliação do editor - não há necessidade de curriculum, "costas quentes", ou sei lá o quê: se o editor gosta, acha que vale colocar, ele coloca e fim de papo. Também gosto pela variedade de formatos: apesar da maioria dos textos ser longa, há espaço para textos curtos no blog e os já famosos Digestivos.
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Não vou negar minha curiosidade em ver quantas pessoas já leram meu texto. E acho sempre meio bizzaro... Sejam 100, 200, 500 ou 1000 acessos, acho meio "absurdo" uma quantidade tão grande de pessoas que ao menos teve a curiosidade de dar uma passada de olho no que escrevi, naquilo que começou com umas idéias, umas frases. Aquilo que fiz solitariamente (muitas vezes na companhia apenas de um fone de ouvido) com a intenção apenas de expressar alguma coisa pode realmente alcançar muitas pessoas e pode até ter algum significado para elas. É, isso soou meio bobo mesmo, mas é assim que eu acho, pelo menos nesses poucos meses de Digestivo. Enfim, meu primeiro hit - ou ao menos o texto que teve uma visitação consideravelmente maior que os anteriores, num período de tempo semelhante - foi o do especial da Copa. Na minha avaliação isso ocorreu apenas pelo frisson do momento. Mas meu maior hit é o texto "10 vídeos musicais no YouTube", que tem até hoje um acesso absurdamente maior que os outros. Acho que fez tanto sucesso mais pela necessidade de "re-acessos" ao texto do que qualquer outra coisa: como são 10 vídeos acompanhados de comentários, acredito que o leitor que se interessou pelo texto não consegue finalizá-lo de uma vez, já que tem que acessar o YouTube, esperar o vídeo carregar, assistir e reler o que foi escrito pra ver se é pertinente ou se é besteira. Ou também pode ser uma tremenda besteira o que acabei de escrever. Ou o que já escrevi até hoje. Ou não. Estou indeciso nesse parágrafo. Aliás, será que o termino agora ou não? Acho melhor não. Pensando bem, vou terminar sim.
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Com este, serão quinze textos meus nessa minha ainda curta carreira no Digestivo. Não sei se por preguiça, esquecimento ou qualquer outra coisa, ainda não tive o cuidado de reler todos eles para fazer uma retrospectiva pessoal. Quem sabe se eu completar um ano de Digestivo (espero que sim) faça uma reavaliação - quem sabe até com mais "propriedade" e confiança. E, afinal, a hora agora é de celebrar os 6 anos do Digestivo e desejar muitos mais com a mesma qualidade. Saúde!