Mínimas | Ana Elisa Ribeiro | Digestivo Cultural

busca | avançada
84294 visitas/dia
2,5 milhões/mês
Mais Recentes
>>> “A Descoberta de Orfeu” viabiliza roteiro para filme sobre Breno Mello
>>> Exposição Negra Arte Sacra celebra 75 Anos de resistência e cultura no Axé Ilê Obá
>>> Com Patricya Travassos e Eduardo Moscovis, “DUETOS, A Comédia de Peter Quilter” volta ao RJ
>>> Op-Art – Ilusão e Inclusão na Galeria Espaço Arte MM
>>> Grupo Nós do Morro abre Oficina de Artes Cênicas com apresentação da Cia. TUCAARTE
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
Colunistas
Últimos Posts
>>> Lygia Maria sobre a liberdade de expressão (2025)
>>> Brasil atualmente é espécie de experimento social
>>> Filha de Elon Musk vem a público (2025)
>>> Pedro Doria sobre a pena da cabelereira
>>> William Waack sobre o recuo do STF
>>> O concerto para dois pianos de Poulenc
>>> Professor HOC sobre o cessar-fogo (2025)
>>> Suicide Blonde (1997)
>>> Love In An Elevator (1997)
>>> Ratamahatta (1996)
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Literatura Falada (ou: Ora, direis, ouvir poetas)
>>> Bom Bril: de volta na sua TV
>>> Um estranho chamado Joe Strummer
>>> Tagore - Excertos
>>> Estoicismo e Marcus Aurelius
>>> Eu sou fiscal do Sarney
>>> Dicas Culturais: Lúcio Alves e Kathe Kollwitz
>>> Bambodansarna
>>> Vamos comer Wando - Velório em tempos de internet
>>> As fabulosas cores de LiliRoze
Mais Recentes
>>> O tesouro do organista Volume 1 de Mário Mascarenhas e Ely Arcoverde pela Irmãos Vitale (1986)
>>> Administração da Produção E Operações de Norman Gaither pela Cengage Learning Nacional (2002)
>>> Florbela Espanca Fotobiografia de Rui Guedes pela Publicações Dom Quixote (1985)
>>> Gabriel de Ilan Brenman pela Brinque Book (2008)
>>> o poder Cadernos da UNB de Steven Lukes pela Unb (1980)
>>> O Casamento Não É Para Você. É Para A Pessoa Que Você Ama de Seth Adam Smith pela Valentina (2015)
>>> Para compreender a cabala de A.D. Grad pela Pensamento (1989)
>>> Planeta Corpo de Silvia Zatz pela Companhia Das Letrinhas (2000)
>>> A vida oculta na maçonaria de C. W. Leadbeater pela Pensamento (1988)
>>> Com Amor Creekwood de Becky Albertalli pela Intrínseca (2020)
>>> Auxiliares invisíveis de C. W. Leadbeater pela Pensamento (1990)
>>> Licoes De Frances - Aventuras De Garfo, Faca E Saca-rolhas de Peter Mayle pela Rocco (2002)
>>> Direito Tributário Internacional de Heleno Tôrres pela Revista Dos Tribunais (2001)
>>> Manual Do Direito Do Agronegócio de Renato Buranello pela Saraiva (2018)
>>> A Economia Sustentável Do Seu Dinheiro de Gustavo Nagib pela Matrix (2009)
>>> Força, Hércules! de Francesca Simon pela Companhia Das Letras (2006)
>>> O plano astral de C. W. Leadbeater pela Pensamento
>>> Tô A Fim De Novas Ideias de Maura De Albanesi pela Vida E Consciência (2013)
>>> Pão-de-mel de Rachel Cohn pela Galera Record (2008)
>>> A Bruxa Da Montanha de Gloria Cecilia Díaz pela Edições Sm (2007)
>>> La Leyenda De Sleepy Hollow de Washington Irving pela Mestas Ediciones (2017)
>>> Terapia Familiar E De Casal de Vera Lúcia Lammano Calil pela Summus (1987)
>>> Dinossauros Podem Ser Adestrados? de Henning Wiesner pela Cosac & Naify (2013)
>>> O lado oculto das coisas de C.W. Leadbeater pela Pensamento (1992)
>>> Ruth Cardoso: Fragmentos De Uma Vida de Ignácio De Loyola Brandão pela Globo (2010)
COLUNAS

Sexta-feira, 25/1/2008
Mínimas
Ana Elisa Ribeiro
+ de 10100 Acessos
+ 7 Comentário(s)

Vende-se um curso de datilografia
Ainda na década de 1990, meu pai insistia em dizer que era absolutamente necessário fazer um curso de datilografia. Ganhei uma revistinha ilustrada que me dizia como me tornar datilógrafa em algumas lições, a depender da minha disciplina para levar adiante os exercícios. SDF sei lá. Não me lembro mais da seqüência batucada à exaustão. Meu sabido pai, que era exímio datilógrafo, jurava que aquilo seria necessário, que no mundo do trabalho qualificado ninguém viveria sem ser datilógrafo. Ele não imaginava que, em poucos anos, a máquina alaranjada dele viraria peça de museu, curiosidade para o neto. E nem que os teclados de computador, mesmo que semelhantes aos das máquinas, tomariam conta do mundo e dos escritórios. E nem que digitar é uma premissa. E muito menos que eu me viraria tão bem sem o curso de datilografia.

Ambidestros
Quando eu era adolescente, achava o máximo alguém ser ambidestro. A pessoa que escrevia com as duas mãos, mesmo que fosse forçadíssimo, tinha um ar de inteligente. Espalhava-se por aí que esse tipo de gente usava os dois hemisférios do cérebro com mais facilidade do que os pobres coitados destros. Mais ainda do que os reprimidos canhotos, que viviam engalfinhados com a sensibilidade apurada. E eu me apegava a esse tipo de mitologia. Até o dia que ouvi duas pessoas conversando (isso deve ter uns 5 anos). Um era adulto e o outro, adolescente. O primeiro perguntou: você é destro ou canhoto? O menino, espontâneo como um girassol, ficou perplexo com a pergunta. O adulto percebeu e traduziu: com que mão você escreve? O menino disse, com ar de obviedade: com as duas! E fez um gesto de quem teclava.

Canhotos censurados
E por falar em canhotos, meu irmão caçula escreve com a mão esquerda, quando o faz com a mão, o que também é raro. Minha mãe vivia às voltas com tesouras invertidas e toda sorte de objetos virados para o outro lado. Ele dizia que não fazia diferença. Parece que as pessoas se adaptam, não é? Mas ele torcia para não querer tocar violão. E fazia gestos estranhos para subir o zíper da calça ou abotoar as camisas. Pegava no garfo do lado de lá e parecia que estávamos no espelho, quando nos sentávamos diante dele à mesa do almoço. Também penteava o cabelo para o lado contrário, contramão de todo mundo em casa.

Ex-canhoto
Meu marido é canhoto, mas isso está em algum lugar da memória dele. É um ambidestro treinado. A professora da escolinha lhe amarrava a mão esquerda para que ele escrevesse com a direita, como "toda a gente normal". Ele aprendeu. Não é gago. Também não tem lá a dicção de um locutor de aeroporto. E daí?

Lateralidade
Até hoje me confundo com direita e esquerda. Não no sentido político, porque isso nunca foi muito preciso mesmo, mas no sentido de me dirigir a um ou a outro lado. Até hoje preciso estalar os dedos da mão direita para saber se é esta ou a outra. E detesto relógio digital porque o 5 e o 2 me parecem, por um segundo, a mesma coisa. E um segundo muda tudo.

Hospitalidade
Quando a gente vai conhecer outra cidade, de repente precisa perguntar onde é isto ou aquilo. O transeunte, solícito, pára para responder. O senhor vire à direita e depois à esquerda, vai subir um pouquinho. Continue direto. Na parte mais alta, pergunte a outra pessoa porque daqui é complicado. Por etapas, fatias de informação. Pior é quando o cara também confunde direita e esquerda.

Dimensão
Não me esqueço dos morros de Campinas e nem da parte mais alta de Campos dos Goytacazes (que anda aparecendo muito no jornal). Quando me disseram que ali havia ladeiras, quase morri de rir. Para quem mora em Minas, em Belo Horizonte, isso só pode ser piada.

Usos e costumes
Coisa mais chata é chegar atrasado na aula e ter que sentar na carteira do canhoto. O contrário, eles nem reclamam.

Escrita
Achava estranhíssimo o jeito como meu colega, o Gustavo, escrevia. Passava a mão por cima dos escritos, só via o que estava lá depois que já estava registrado. Os destros vêem o rastro da caneta antes de a palavra chegar ao fim.

Mais usos
Coisa chata é usar o computador depois de um canhoto. O mouse está do lado de lá, o teclado, mais para a esquerda, os botões estão invertidos. Mas é gostoso quando isso é complementar.

Meu lado
O lado da cama em que cada um vai dormir não é motivo de conflito.

Notas e gráficos
Meu pai nos colocava a todos sentados na mesa da copa e tínhamos que traduzir nossas notas da escola em gráficos, coloridos e por disciplina. Depois do serviço feito, tínhamos que colar tudo na parede da sala para que ele examinasse sob boa luz. Azul, amarelo e vermelho, à maneira dos semáforos. Não havia multa, havia coro. Alguém sabe o que é "coro"?

Folclore
Vou tentar aquelas brincadeiras de menina para ver no que dá. Aquelas de bater as mãos, uma espécie de coreografia com trilha sonora. Dom dom baby, coisa assim. Depois te conto.


Ana Elisa Ribeiro
Belo Horizonte, 25/1/2008

Mais Ana Elisa Ribeiro
Mais Acessadas de Ana Elisa Ribeiro em 2008
01. Uísque ruim, degustador incompetente - 8/8/2008
02. Trocar ponto por pinto pode ser um desastre - 3/10/2008
03. Substantivo impróprio - 25/4/2008
04. Mínimas - 25/1/2008
05. Minha coleção de relógios - 31/10/2008


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
25/1/2008
11h08min
Não tenho nenhuma dificuldade em definir lado direito ou esquerdo. Meu problema é no sentido Norte-Sul, pra frente ou pra trás. Entro de carro num posto de gasolina e, na saída, tenho que pensar duas vezes pra continuar na mesma direção, hahah. Delicioso o texto, Ana. Abraços.
[Leia outros Comentários de Guga Schultze]
26/1/2008
19h15min
E não é que no meio desse negócio de destro e ambidestro sempre fica o antônimo a pairar sobre a mão do canhoto e a lhe chamar sinistro, do latim sinister, ora vejam, esquerdo e funesto? Muitos abraços, Ana Elisa.
[Leia outros Comentários de Paulinho Assunção]
28/1/2008
10h27min
Ah, mas por que gosto de inventar tanto? Achei de aprender a escrever com a mão esquerda. Uma aventura. Aprendi. Não sei pra que, mas aprendi. Rs! E já escutei todas estas conversas escritas aqui...
[Leia outros Comentários de Anna]
28/1/2008
20h24min
Agradeço a Deus por ter encontrado aqui esclarecimentos dos mais variados no que se refere à construção de textos, sendo eu um iniciante na comunicação pela escrita. E assim, através de farto material textual aqui apresentado, vou escalando, com os escritores deste site, a compreensão do fazer literatura. Agradeço ao Julio Daio, Rafael Rodrigues, Ana Elisa e aos demais escreventes deste Digestivo, que tanto nos ajudam. Do aluno novato Marco Félix, abraços.
[Leia outros Comentários de marco félix de lima]
30/1/2008
13h36min
E imagina como os peruanos, por exemplo, se sentem quando os mineiros ficam se gabando de morar nas montanhas, bem aí do alto de um punhado de morrinhos mixurucas...
[Leia outros Comentários de Paulo Moreira]
30/1/2008
22h58min
Ana, um belo exercício de concisão. Gosto muito desta tua polaroid registrando impressões cotidianas e extraindo do ordinário um prenúncio de poesia. Estas "mínimas" nos situaram diante de mitos que nos revelam semelhanças e situações de reconhecimento, gosto do seu olhar atento ao que brota do cotidiano e fica registrado intensamente em nossas vivências. Penso sempre nestes pequenos episódios como a nossa conquista particular de identidade. Às vezes minha própria cidade se cansa de mim e se apresenta de modo a me confundir, e esta insegurança de não saber para onde ir é um estar vivo. Abraços.
[Leia outros Comentários de Carlos E. F. Oliveir]
1/2/2008
09h55min
"Vende-se um curso de datilografia": Eu também fiz. Era início da década de 1990. Dona Amélia era minha professora, dava aulas de datilografia e crochê. Fiz os dois cursos ao mesmo tempo. Formação profissional ou para ser uma dona de casa exemplar? Conflitos do mundo moderno. Ah, se a fita da máquina acabasse, a gente não podia trocar. Ela ia lá, puxava um pouquinho pra trás, pra economizar. Se ela ouvisse o barulhinho da fita voltando, podia saber: a bronca ia vir forte!!!; "Ambidestros": Sou canhota. Quer dizer, quando escrevo, faço isso com a mão direita. Mas a agulha de crochê e o mouse uso com a mão direita. Será que isso é culpa da Dona Amélia?; "Lateralidade": Papo de doido no trânsito: "Vira à direita". "Não, essa direita não, a outra!!!"; "Usos e costumes": Detesto carteira de canhoto. Não sei me sentar nesse troço.; "Meu lado": Mesmo sozinha, na cama king, durmo do mesmo lado: o lado da luminária!!!; "Notas e gráficos": Gente, nunca vi isso! Agora, me conta pelamordedeus, o que é "coro"?
[Leia outros Comentários de Ana Elisa Novais]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Novo Tesouro da Juventude - Vol. 5
Enciclopédia de Conhecimentos
Opus
(1978)



A Espada Selvagem de Conan 16 - Conan, O Libertador
Diversos autores
Panini Comics
(2020)



Medicina Chinesa-diagnóstico diferencial
P Wang e outro
Andrei
(1996)



Feitas para Durar-práticas Bem-sucedidas de Empr Visionárias
James Charles Collins e Outro
Rocco
(1995)



O Futuro de uma Ilusão
Sigmund Freud
L&pm Pocket
(2019)



Os 300 Erros Mais Comuns da Lingua Portugursa
Eduardo Martins
Laselva Negócios
(2012)



Urban Legends
Peaders
Red Ballon
(2017)



Livro Infantil Manhã de Descobertas
Dimaz Restivo
Eireli
(2021)



Stufen Internacional 3 Zusatzubengen
Piet Luthi/margit Mayer
Ernst International
(2003)



Em Nome do Filho
Lino de Albergaria

(1993)





busca | avançada
84294 visitas/dia
2,5 milhões/mês