Scott Henderson, guitarrista fora-de-série | Rafael Fernandes | Digestivo Cultural

busca | avançada
51918 visitas/dia
1,9 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Mario Tommaso lança CD Rasga o Coração: poemas e canções de amor para o nosso tempo
>>> Paço Municipal de São Bernardo do Campo recebe o infantil VerDe Perto, o Musical Ecológico
>>> Núcleo Negro de Pesquisa e Criação abre inscrições para Laboratório de Poéticas Cênicas
>>> Empresas do ecossistema Argenta integram o projeto Pipa Parade
>>> Graffitti Pra Cego Ver: projeto chega à segunda edição promovendo inclusão através da arte
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
Colunistas
Últimos Posts
>>> David Sacks no governo Trump
>>> DeepSeek, inteligência que vem da China
>>> OpenAI lança Operator
>>> Um olhar sobre Frantz Fanon
>>> Pedro Doria sobre o 'pobre de direita'
>>> Sobre o episódio do Pix
>>> Eric Schmidt no Memos to the President
>>> Rafael Ferri no Extremos
>>> Tendências para 2025
>>> Steven Tyler, 76, e Joe Perry, 74 anos
Últimos Posts
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
>>> Editora lança guia para descomplicar vida moderna
>>> Guia para escritores nas Redes Socias
>>> Transforme sua vida com práticas de mindfulness
>>> A Cultura de Massa e a Sociedade Contemporânea
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Minha finada TV analógica
>>> Paz é conto da Carochinha
>>> Ao leitor, com estima e admiração
>>> Homenagem a Zé Rodrix
>>> Os dez mandamentos do leitor
>>> Capacidade de expressão X capacidade linguística
>>> Era uma vez...
>>> A história de Roberto Vinháes (2023)
>>> Publicar um livro pode ser uma encrenca
>>> YouTube, lá vou eu
Mais Recentes
>>> The Myth of the State de Ernst Cassirer pela Doubleday (1955)
>>> Contos Populares Do Brasil de Sílvio Romero pela Wmf Martins Fontes (2007)
>>> Box- Obras De Mario De Andrade de Mário de Andrade pela Novo Século (2017)
>>> A Idade da Razão (Raro) de Jean Paul Sartre pela Instituto Progresso Editorial (1949)
>>> Estratégias do Pensamento (capa dura) de Larry E. Wood pela Círculo do Livro
>>> Orbs: Their Mission & Messages Of Hope de Klaus Heinemann Ph.d., Gundi Heinemann pela Hay House (2014)
>>> Passos Atuais de Trigueirinho pela Pensamento (1992)
>>> As Obras Escolhidas. Magia E Técnica, Arte E Política 3 volumes de Walter Benjamin pela Brasiliense (1996)
>>> O Maior Sucesso do Mundo de OG Mandino pela Record (1981)
>>> Tratado de Filosofia III - Metafísica de Régis Jolivet pela Agir (1972)
>>> Minha Vida Querida de Malba Tahan pela Conquista (1959)
>>> Novo Dicionario Francês-Português de José Lello; Edgar Lello pela Lello & Irmão Editores (1962)
>>> Novo Dicionario Português-Francês de José Lello; Edgar Lello pela Lello & Irmão Editores (1962)
>>> As Bases Anátomo-patológicas da Neuriatria e Psiquiatria 2 Volumes de r Walter Edgard Maffei pela Imprensa metodista (1951)
>>> O Fantasma Do Espelho (Coleção Salve-se Quem Puder) de Karen Dolby pela Scipione (1995)
>>> Seis Personagens À Procura De Autor de Luigi Pirandello pela Peixoto Neto (2004)
>>> Construtores Da Estratégia Moderna - Tomo 1 de Jehan Sadat pela Biblioteca Do Exercito (2001)
>>> Liderança E O Gerente Minuto de Kenneth Blanchard pela Record (1986)
>>> Curso de Ciências Biológicas de Renato Basile e Luiz Edmundo de Magalhães pela Cultrix (1972)
>>> Sem Medo De Ter Medo de Tito Paes De Barros Neto pela Casa Do Psicólogo (2010)
>>> Cavalo de Tróia 2 - Segunda Viagem de J. J. Benítez pela Mercuryo (1994)
>>> Princípios Básicos do Saneamento do Meio de Anésio Rodrigues de Carvalho pela Senac (2006)
>>> Razao E Caos No Discurso Jurídico de Ricardo Aronne pela Livraria Do Advogado Editora (2010)
>>> Cabala - Uma Jornada De Autoconhecimento de Kadu Santoro pela Gryphus (2019)
>>> Gerente De Sucesso de Cusins pela Clio (2003)
COLUNAS

Quarta-feira, 21/3/2007
Scott Henderson, guitarrista fora-de-série
Rafael Fernandes
+ de 9600 Acessos
+ 1 Comentário(s)

Nascido em 1954 e criado na Flórida, Scott Henderson é um dos ícones da guitarra elétrica moderna. Idolatrado num pequeno nicho (muito provavelmente por sua música variar entre o jazz fusion e um blues-rock envenenado, estilos não muito populares, digamos) certamente não tem a reverência na proporção de seu talento e suor. Esteve no Brasil para shows no Festival Jazz & Blues em Guaramiranga e Fortaleza e para uma apresentação de embasbacar em São Paulo no pequeno e charmoso Ao Vivo Bar. A sensação de ver um mito - não por celebridade, mas por obra - a poucos metros de distância beira o indescritível. Uma ótima experiência em plena terça-feira de carnaval!

O guitarrista ficou inicialmente conhecido por integrar a Chick Corea's Eletric Band, mas chamou atenção mesmo na banda que liderou em parceria com o baixista Gary Willis - o Tribal Tech, uma banda de fusion "nervosa", que unia harmonia e melodia complexas típicas do jazz, divisões rítmicas quebradas e não usuais com uma pegada forte característica do rock. De 1986 a 2000 lançaram uma dezena de excelentes álbuns, com grandes músicas executadas com rigor e disposição. Gary Willis mudou-se dos EUA e o Tribal Tech parou suas atividades por tempo indeterminado. Graças ao YouTube podemos ainda ver pequenas mostras de suas apresentações. Aqui, a fantástica "The big wave", que abre o álbum Illicit de 1992 e aqui outra excelente, "Canine", de melodias insinuantes presente no álbum Face First, do ano seguinte.

Em 1998 e 2000, o guitarrista tocou num trio de arrasar, com o baterista Steve Smith e o baixista Victor Wooten, outros dois instrumentistas fora de série. Assim surgiu o Vital Tech Tones, nomeado a partir das bandas principais dos músicos: Vital Information (Smith), Tribal Tech e Bela Fleck and The Flectones (Wooten). Novamente é o fusion que aparece, mas numa sonoridade muito mais roqueira e limpa. As músicas iam surgindo de improvisos, gerando pérolas como "Crash course", "King Twang", "SubZero", "Catch me if u can", entre outras, presentes em seus dois discos auto-intitulados.

Sua carreira solo é mais ligada a uma sonoridade blues-rock - sem abdicar do fusion, claro - e afirma seu talento não apenas como guitarrista, mas também como compositor, já evidenciado no Tribal Tech. Em comparação ao Tribal, Scott solo tem sonoridade mais crua e livre dos teclados, que por vezes soavam enjoados e excessivamente ligados a uma sonoridade viciada do fusion dos anos 80. Foi iniciada paralelamente à sua banda principal em 1994 com o disco Dog Party, com várias referências a cachorros, a começar pela hilária capa. Musicalmente tem tanto canções instrumentais quanto vocais - mais uma marca do trabalho solo; alternam no posto de cantores Erin Mcguire e o baterista Kirk Covington. Entre os destaques estão a faixa título, "Hole Diggin'" e uma espécie de balada blues intrincada e num formato acústico - "Same as you". Essa faixa, aliás, é revisitada (numa versão elétrica) em Tore down house de 1996; outros achados deste disco são a faixa-título - outra "balada intrincada" - e "You get off on me", um rock nervoso. Well to the bone, de 2002, traz algumas das melhores músicas com vocais já compostas pelo guitarrista, como "Devil boy", "Lady P.", e a fantástica faixa-título. Scott Henderson Live!, de 2005, é seu disco mais recente e foi lançado no Brasil pela Hellion.

O guitarrista ficou do dia 18 ao dia 23 de fevereiro no Brasil basicamente para participar do Festival Jazz & Blues em Guaramiranga e Fortaleza, no Recife, que contou também com artistas como Egberto Gismonti, Arismar do Espírito Santo, Badi Assad, Oswaldino do Acordeon, entre outros. Felizmente deu um "pulinho" em São Paulo, para o show no Ao Vivo Bar e um workshop no Conservatório Souza Lima. Esteve acompanhado de dois excelentes músicos: John Humphrey (seu baixista mais assíduo) e o baterista Alan Hertz, substituindo quem o acompanha desde o disco Dog Party - Kirk Covington, que além de tocar, canta. Por isso, a apresentação de São Paulo foi estritamente instrumental; dividiu-se em dois sets de cerca de uma hora cada, com um intervalo de meia hora, no qual o guitarrista passou sentado à beira do palco, atendendo os fãs com autógrafos, fotos, apertos de mão, algumas conversas e recebendo tapinhas nas costas, com uma enorme simpatia e humildade. Aliás, humildade também presente antes do show, quando Scott entrou no palco para regular e afinar sua guitarra, gerando um misto de frisson e anticlímax.

O repertório guiou-se em seu último lançamento (que por sua vez se baseou no disco Well To The Bone), mas começou com um clássico: "All blues" (Miles Davis). Para destacar algumas das grandes performances da noite, fico com "Devil boy", que começa como um "rockão" nervoso e se transforma num blues - uma bela cama para os improvisos de Scott Henderson. Originalmente do disco Well To The Bone, se sustentou muito bem sem vocal e ficou extremamente pesada ao vivo. E essa foi a tônica da noite: peso e vigor, que não se fazem tão presentes em suas gravações de estúdio. Outros dois destaques vieram do mesmo disco: "Lady P." e "Sultan's boogie". Pegou uma música do repertório do Vital Tech Tones, "Nairobe Express" e do disco Live! veio "Silidin'".

Por último, "Hillbilly in the band" se inicia com uma série de licks com delays que desemboca num country esperto. Uma ótima música para encerrar o show por ser bastante representativa de seu estilo, que faz uso intenso da alavanca da guitarra, quase que ininterruptamente e alia isso a uma pegada forte, única, que torna seu tocar bastante expressivo; sua execução é cheia de nuances e dinâmicas. Amante do improviso, seu objetivo é sempre o fraseado coerente, que é consistente, bem feito e tem grande variedade melódica e rítmica. É claro que há espaço para um virtuosismo desenfreado, mas isso é o de menos - o importante é a comunicação através de suas idéias musicais, os solos devem ter começo meio e fim, como numa conversa ou num texto - e conseguem estar ligados ao contexto da música. Com suas execuções ao mesmo tempo estudadas, espontâneas e intensas, Scott Henderson é uma espécie de Jimi Hendrix moderno com estudo formal, e como nos grandes usa seu conhecimento a serviço da música, da espontaneidade, da criatividade. (E para os geeks da guitarra, vale ressalvar seu timbre quente e cortante, com um belo crunch; desculpem-me, mas não achei palavra melhor em português - os geeks que se virem pra entender...). Foi uma grande exibição de um dos ícones da guitarra mundial, para deleite dos amantes deste instrumento já não tão novo, mas que ainda tem muitas válvulas pra queimar.


Rafael Fernandes
São Paulo, 21/3/2007

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Stan Lee - o reinventor dos super-heróis de Gian Danton
02. De onde vem a carne que você come? de Wellington Machado
03. Sobre o Oscar Social de Vicente Escudero
04. A geração que salvou Hollywood de Gian Danton
05. Teatro anárquico-dionisíaco de Zé Celso M. Corrêa de Jardel Dias Cavalcanti


Mais Rafael Fernandes
Mais Acessadas de Rafael Fernandes em 2007
01. White Stripes, Icky Thump e a unanimidade burra - 26/12/2007
02. Guinga e sua Casa de Villa - 1/8/2007
03. Scott Henderson, guitarrista fora-de-série - 21/3/2007
04. Vale ouvir - 23/5/2007
05. Ofício x Formato - 15/8/2007


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
26/3/2007
10h42min
Realmente, Scott Henderson, revolucionou a guitarra em sua forma dita, popularizou o jazz e o blues em suas formas mais interessantes, sua musica é repleta de idéias melódicas similiares as de grandes guitarristas que vão do blues ao jazz, como Buddy Guy e John Scofield, mas com uma característica própria e única. Na minha opinião se todos os guitarristas se espelhassem mais em profissionais com Scott, não veriamos tanta mediocridade nessa grande lixeira que é o nosso mercado fonográfico, que vem destruindo a criatividade e matando aqueles que ainda sentem o prazer em fazer o melhor e com qualidade. Scott é uma grande influência que agrada gregos e troianos, pois ir do blues ao jazz, com extrema destreza, feeling, técnica e criatividade, são apenas para aqueles que são iluminados pela musicalidade, para aqueles que sentem a música e não apenas a admiram! Grande matéria, parabéns a todos do Digestivo Cultural, é exatamente o que este país necessita: essencialmente, cultura e educação!!!
[Leia outros Comentários de Alexandre Junqueira]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Livro Convivendo Com O Mal A Luta Contra Os Demônios No Monaquismo Antigo
Anselm Grün
Vozes
(2003)



A Obra do Artista ( uma Visão Holística do Universo)
Frei Betto
Ática
(1995)



Um Novo Pensamento na Era Nuclear
Anatóli Growko
Caminho
(1984)



o caminho da cura
H. K. Challoner
Pensamento
(1990)



Fora De Controle - A Dramatica Trajetoria Do Voo 800 Da Twa
Nelson DeMille
Landscape
(2005)



Porto - Um Vinho E Sua Imagem
Carlos Cabral
De Cultura
(2006)



Recados do meu coração
José Carlos de Lucca
InteLítera
(2010)



Direito das Obrigações - Vol I
Luís Manuel Teles de Menezes Leitão
Almedina
(2015)



O Processo de Alfabetização - Novas Contribuições
Cláudia Maria Mendes Gontijo
Martins Fontes
(2002)



Livro Literatura Brasileira Viventes das Alagoas
Graciliano Ramos
Record
(1980)





busca | avançada
51918 visitas/dia
1,9 milhão/mês