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Terror nos EUA
Sexta-feira,
21/9/2001
O dia do caçador
Rafael Azevedo
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“O fanático é alguém que não consegue mudar de idéia nem quer mudar de assunto.”
Sir Winston Churchill
“Maomé é o Mensageiro de Deus,
e aqueles que estão com ele são duros
contra os infiéis, e misericordiosos
uns com os outros.”
Corão, Triunfo 48:35 (ed. de Arthur J. Arberry, 1955)
A administração Bush está começando efetivamente nestes últimos dias; suas primeiras atitudes de relevância, tanto na política interna como na externa, estão sendo realizadas – com grande competência, diga-se de passagem; a visita dele a uma mesquita em Washington foi um golpe de mestre, com direito a declarações citadas em todos os jornais do Oriente Médio – e Colin Powell finalmente assume uma posição de relevância, ele que parecia ter desaparecido de cena totalmente, e que a revista Time perguntava, há alguns dias, por onde andaria. Bom, o “negão que só deu desilusão”, como cantava o Francis no Manhattan Connection, apareceu e está com a corda toda, dando seus ultimatos aos insanos Talebans. Dificilmente eles surtirão efeito; a tradição islâmica, principalmente naquela região da Ásia Central, dita que um hóspede jamais pode ser maltratado por seu anfitrião, muito menos sumariamente expulso; ainda mais quando esse hóspede doou milhões de dólares em armamentos e participou ativamente das lutas de independência do Afeganistão (com ajuda da CIA e da SAS, diga-se de passagem). contra os soviéticos, e financiou a tomada de poder do Taleban. Seria uma ofensa imperdoável da parte dos afegãos entregarem bin Laden “de bandeja” aos americanos, e algo que duvido que acabe ocorrendo. Enquanto isso, do outro lado da fronteira, a população do Paquistão – país tradicional e fervorosamente anti-americano, cuja população é dominada informalmente por muçulmanos radicais – revolta-se contra a decisão de seu líder político e militar, o General Pervez Musharraf, de auxiliar os EUA no sentido de pressionar o governo Taleban a entregar Osama. Não fosse ele um líder militar, de uma ditadura feroz, duvido que ainda estivesse no poder. E os americanos têm de tratá-lo a pão-de-ló; um eventual ataque ao Paquistão está completamente descartado, tanto pelo “efeito dominó” que isso poderia causar na opinião pública islâmica do mundo inteiro (e principalmente dos países vizinhos, todos correligionários), como pelo perigo que o exército paquistanês, detentor de armamento fortíssimo, inclusive nuclear, poderia oferecer mesmo aos mais raivosos marines.
Bush e Powell saíram-se muito bem até agora, no campo político, demonstrando firmeza sem intolerância e convicção sem destempero; a hora da ação militar, no entanto, se aproxima, e eles terão que demonstrar na prática essa firmeza e serenidade que aparentaram ter até o momento. Um ataque convencional ao Afeganistão dificilmente surtirá efeito em pouco tempo; o território é difícil, a altitude atrapalharia um ataque terrestre, o clima apresenta temperaturas e condições extremas. Os soldados afegãos, os mujaheddin da guerra contra os soviéticos, aliam táticas de guerrilha ainda mais sangrentas que as dos vietnamitas com um fervor suicida embasado na autorização que o Corão lhes dá para que cometam qualquer tipo de atrocidade na defesa de seu território. Armados pelos ocidentais, com mais o resto de armamento largados pelos russos quando de sua debandada, a perspectiva não é fácil para os americanos. Bin Laden, ainda por cima, não estará em local de fácil acesso, obviamente, nem em nenhum de seus esconderijos; especialistas especulam que ele estará refugiado em locais de alta concentração populacional, especialmente próximo à fronteira paquistanesa, onde ele poderá contar com a proximidade da TV para culpar os americanos por possíveis vítimas civis dos bombardeios que visam sua cabeça.
Na hora do vamo ver...
Diante do horror, do choque das imagens do World Trade Center desabando, e da revolta expressa nos meios de comunicação, Yasser Arafat, e os palestinos, apressaram-se em negar qualquer envolvimento com os atentados. Foi quase engraçado, se não fosse patético, ver a cara de medo (que a imprensa julgou “abatimento” e “choque”) do ex-assassino, ex-terrorista, ex-guerrilheiro Arafat indo à TV minutos após o ocorrido garantir que não tinha relações quaisquer com aquilo. Mulheres jordanianas aparecem em capas de jornais assinando condolências e depositando flores em homenagem às vítimas. Os aiatolás iranianos, e mesmo o sádico Saddam frisaram que nada tinham a ver com o assunto; e mesmo os obviamente culpados Taleban e Osama Bin Laden juraram de pés juntos que não sabiam de nada, não tinham visto nada, nada tinham ouvido. Queimar bandeiras americanas, e ofender o “Grande Satã” é fácil, mas na hora que a águia abriu suas asas, ninguém ousou ficar embaixo da sombra delas. Como diz o vulgo, tiraram rapidinho os deles da reta...
Troca de gentilezas
“Não há nada em nosso livro, o Corão, que nos ensine a sofrer pacificamente. Nossa religião nos ensina a sermos inteligentes. Sermos pacíficos, sermos corteses, obedecermos a lei, e respeitarmos a todos; mas se alguém colocar a mão em você, mande-o pro cemitério. Essa é uma boa religião.”
Malcolm X
“Maomé trouxe do céus e colocou no Corão não apenas doutrinas religiosas, mas também máximas políticas, leis civis e criminais, e teorias científicas. Os Evangelhos, por outro lado, lidam apenas com as relações gerais entre o homem e Deus e entre o homem e o homem. Fora disso, não ensinam nada e não obrigam as pessoas a acreditar em nada. Só isso, entre mil razões, é suficiente para mostrar que o Islã não conseguirá manter seu poder por muito nas eras de iluminismo e democracia, enquanto o Cristianismo está destinado a reinar em tais eras, como em todas as outras.”
Alexis de Tocqueville, Democracia na América.
Premonição
“Imagine aquele líder de todos os inimigos, naquela grande planície da Babilônia, sentado numa espécie de trono de chamas fumegantes, uma visão horrível e aterrorizante. Observe ele conjurar inúmeros demônios, para despachá-los a diferentes cidades até que o mundo inteiro esteja coberto, não esquecendo província ou lugar, nem estado ou indivíduo.”
São Inácio de Loiola, Exercícios Espirituais, “Segunda Semana”.
Rafael Azevedo
São Paulo,
21/9/2001
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