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COLUNAS

Sexta-feira, 19/10/2001
Poucas não tão boas
Rafael Azevedo
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Daniela Mountian

A ira que vem de Deus.
Bombas explodem na Caxemira, fazendo os indianos ameaçarem retaliar (retaliando). Malucos palestinos assassinam cruelmente um ministro imbecil e falastrão de Israel, o que põe por água abaixo qualquer possibilidade de paz na região pelos próximos dez anos. Pelo mundo inteiro, hordas queimam bonecos do Bush, bandeiras americanas, britânicas e israelenses, turbas enfurecidas brigam com as polícias de seus países pelo direito de arremessar coisas em cidadãos e embaixadas ocidentais. Imãs e mulás em todos os cantos do globo condenam os Estados Unidos em seus discursos semanais, e apregoam que os americanos apenas tiveram o que merecem, enchendo de ódio, intolerância e burrice seus fiéis, e relembram que Deus lhes ordenou, através de Maomé, defender a todos os muçulmanos como se defenderia um irmão. “Pois somos todos irmãos, e o mundo está contra nós. Sempre foi assim.”
Nossos amigos muçulmanos continuam aprontando das suas por aí. E o pior é que obviamente isso não é obra da totalidade da população islâmica. É coisa de uma minoria. Mas uma minoria muito, muito barulhenta.

The enemy within.
Toda essa série de ataques com anthrax nos EUA tem algo de muito estranho. Não sei não, mas não me parece ser obra de um bando de fundamentalistas perdidos no outro canto do mundo... há algo de que ainda não sabemos, a história ainda está por ser descoberta. Mas pode-se ver algo muito diferente, algo que pode ser percebido pelo conteúdo das cartas que foram enviadas à NBC e ao tal senador. Ironias, sarcasmo, - uma delas perguntava ao Tom Brokaw se ele vinha tomando seus antibióticos - coisas que não combinam com típicos terroristas muçulmanos, que não têm absolutamente NENHUM senso de humor, por pior que seja. Mas não ficaria surpreso de ver nessa história um dedo de algum maluco americano, seja um novo Unabomber agindo por conta própria em cima do terror pós-11 de setembro, ou algum novo McVeigh ajudando conscientemente os terroristas islâmicos a aterrorizar a América. Aliás, é algo que suspeitava desde o início – esses assassinos devem ter tido algum auxílio de dentro, para cometer semelhante ato. Devem ter sido ajudados, de alguma maneira, por uma dessas milícias de direita do imenso midwest.

Uma estrela se apagou.
Há alguns anos atrás tive a oportunidade única de ver Isaac Stern tocando, e, o que é melhor, sem ter de aguentar metade dos transtornos que costumam afligir quem se interessa por música clássica no Brasil. É que tive a abençoada chance de assisti-lo nos EUA. Sim, não tive que aguentar guardadores de carro, nem estacionar meu carro na calçada, ou muito menos ter que tolerar aqueles patéticos e mal-educados figurões do jet-set com seus sorrisos boçais e suas mulheres plastificadas que compõem grande parte do público de música por essas bandas – aquele tipo de pessoa que sai do espetáculo antes do bis para não pegar fila no estacionamento. Num lugar civilizadíssimo, tendo como companhia vários simpáticos aposentados judeus da Flórida, o sr. Stern nos brindou com uma noite memorável, onde ele compartilhou conosco, além de momentos sublimes com sua música, uma inesquecível simpatia em todos os momentos em que se dirigiu à platéia. Talvez ele conhecesse vários dos que ali estavam, e isso explique seu entusiasmo; o fato é que poucas vezes um concerto me deixou tão feliz, independentemente da qualidade do que fora executado. Ali estava um homem que gostava do que estava fazendo, e que o fazia com imenso prazer e orgulho, contagiando a todos ali com esse gosto pela música.
Já nem me lembro mais de tudo o que ele tocou. Minha memória, coitada, já falha, me prega peças quase todo dia – e esta é uma que dificilmente vou perdoar. Lembro-me do concerto pra violino de Bruch, que está longe de ser uma grande obra, e algo de Tchaikovsky – mas o fato é que naquela noite mágica tudo o que ele tocou soou sublime a meus ouvidos. As estranhas melodias que abrem essa obra de Bruch nunca fizeram tanto sentido para mim, e aquele virtuosismo que eu outrora achei exagerado parecia dosado na medida certa para mostrar o talento daquele senhor bonachão.
Agora Isaac Stern não está mais entre nós, e o mundo com certeza fica um pouco mais triste. É um golpe fortíssimo, um do qual não sei se a música erudita, nesses tempos de Nigels Kennedies e Pavarottis, irá se recuperar. Alav ha-shalom.

A lanterna que nos tem faltado.
Morreu também nesse último mês, como todos devem saber, Roberto Campos. Não entendo muito de economia, mais por falta absoluta de interesse que por qualquer outro motivo, e jamais me interessei muito em lê-la. Mas sei reconhecer uma grande inteligência quando a vejo, e, se havia uma pessoa, no entanto, que era capaz de fazer-me ler sobre o assunto, e com imenso gosto, era o sr. Campos. Seus artigos semanais, quando escrevia para a Folha, estavam entre as únicas coisas de valor a serem lidas cotidianamente, pérolas de extrema lucidez, altamente elucidativas sobre o que vivíamos; e seu livro, Lanterna na Popa, está muito além de qualquer rótulo, seja ele biografia, economia, ou o que quer que seja – é um grande depoimento de um grande homem, e que teve um enorme papel na história de nossa nação. Atraiu para si, como qualquer homem coerente nesse país, um imenso ódio dos esquerdóides, o que por si só já seria motivo de minha admiração; mas além disso foi um homem de extremo bom senso, de educação e fineza únicos, e dotado de uma rapidez de espírito impressionante, e que deixou sua marca, indelével e positiva, na história de nosso país. O período em que foi ministro do planejamento, durante o governo Castello Branco, acabou desencadeando imenso crescimento à economia do país. Claro que há a sombra da ditadura, que paira sobre seu nome e faz com que idiotas de todas as idades lhe recriminem; mas gostaria de ver tais críticos na mesma situação, o que fariam – se sacrificariam-se em nome de um idealismo, ou fariam o que ele fez, e aproveitariam-se da situação para tentar fazer o que sabem da melhor maneira possível. Antes tivéssemos alguém que aliasse com tanta intensidade integridade moral e envergadura intelectual no cenário contemporâneo.

Cordeiros de Deus.
Para quem ainda apregoa que o Islã é uma religião que “prega o respeito à vida, a tolerância, e a paz”, e que não têm a intenção de converter, ainda que à força, o resto da humanidade, aí vão uns lembretes... diretamente do Corão, “verdade absoluta” ditada por Deus a Maomé através do Anjo Gabriel.

3:12 Diz àqueles que rejeitam a Fé: “Logo sereis vencidos e congregados ao Inferno, - um leito terrível!”

3:20 E se eles discutirem contigo, diz-lhes: “Submeti-me inteiramente a Deus, assim como aqueles que me seguem!” E pergunta ao Povo do Livro (cristãos e judeus) e aos analfabetos: “Tornai-vos-ei (também) muçulmanos?” Se se tornarem, encaminhar-se-ão; mas se negarem, Tua obrigação é revelar a Palavra; e aos olhos de Deus são (todos) Seus servos.

3:21 Quanto àqueles que negam os Sinais de Deus, e desafiando o que é certo, assassinam os profetas e matam aqueles que ensinam como se lida justamente com os homens, anuncia-lhes que terão um funesto castigo.

3:22 São estes cujas obras não terão fruto, neste mundo e no outro, e tampouco terão quem lhes socorra.

3:56 Quanto aos que rejeitam a Fé, castigá-los-ei severamente com agonia terrível, neste mundo e no outro, e jamais terão protetores.

3:151 Logo infundiremos terror nos corações dos Incrédulos, por terem atribuído parceiros a Deus, sem que Ele lhes tivesse conferido autoridade alguma para isso; sua morada será o Fogo. E funesta é a morada dos iníquos!

3:178 Que os incrédulos não pensem que os toleramos, para o seu bem; ao contrário, toleramo-los para que suas faltas sejam ainda mais aumentadas. Mas eles terão um castigo vergonhoso.

3:195 Seu Senhor nos atendeu, dizendo: “Jamais desmerecerei a obra de qualquer um de vós, seja homem ou mulher, porque procedeis uns dos outros. Quanto àqueles que foram expulsos dos seus lares e migraram, e sofreram pela Minha Causa, ou combateram e foram mortos, absolvê-los-ei dos seus pecados e os introduzirei em jardins, abaixo dos quais correm os rios, como recompensa de Deus. Sabei que Deus possui a melhor das recompensas.”



Rafael Azevedo
São Paulo, 19/10/2001

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