Meus melhores discos de 2008 | Rafael Rodrigues | Digestivo Cultural

busca | avançada
52329 visitas/dia
1,9 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Circuito Contemporâneo de Juliana Mônaco
>>> Tamanini | São Paulo, meu amor | Galeria Jacques Ardies
>>> Primeiro Palco-Revelando Talentos das Ruas, projeto levará artistas de rua a palco consagrado
>>> É gratuito: “Palco Futuro R&B” celebra os 44 anos do “Dia do Charme” em Madureira
>>> CEU Carrão recebe o Festival Ubuntu nos dias 15, 16 e 17 de Novembro.
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
Colunistas
Últimos Posts
>>> Lisboa, Mendes e Pessôa (2024)
>>> Michael Sandel sobre a vitória de Trump (2024)
>>> All-In sobre a vitória de Trump (2024)
>>> Henrique Meirelles conta sua história (2024)
>>> Mustafa Suleyman e Reid Hoffman sobre A.I. (2024)
>>> Masayoshi Son sobre inteligência artificial
>>> David Vélez, do Nubank (2024)
>>> Jordi Savall e a Sétima de Beethoven
>>> Alfredo Soares, do G4
>>> Horowitz na Casa Branca (1978)
Últimos Posts
>>> E-books para driblar a ansiedade e a solidão
>>> Livro mostra o poder e a beleza do Sagrado
>>> Conheça os mistérios que envolvem a arte tumular
>>> Ideias em Ação: guia impulsiona potencial criativo
>>> Arteterapia: livro inédito inspira autocuidado
>>> Conheça as principais teorias sociológicas
>>> "Fanzine: A Voz do Underground" chega na Amazon
>>> E-books trazem uso das IAs no teatro e na educação
>>> E-book: Inteligência Artificial nas Artes Cênicas
>>> Publicação aborda como driblar a ansiedade
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Samba da benção
>>> O novo GPT-4o
>>> Um olhar sobre Múcio Teixeira
>>> Entrevista com Guilherme Fiuza
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> A Associated Press contra a internet
>>> The Newspaper of the Future
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> 3 Grandes Escritores Maus
>>> 3 Grandes Escritores Maus
Mais Recentes
>>> 12 Semanas Para Mudar Uma Vida de Augusto Cury pela Planeta (2007)
>>> Vida Pregressa de Joaquim Nogueira pela Companhia Das Letras (2003)
>>> O Menino Maluquinho de Ziraldo pela Editora Melhoramentos (2008)
>>> Na Margem Do Rio Piedra Eu Sentei E Chorei de Paulo Coelho pela Planeta (2006)
>>> A Gaiola De Ouro de Camila Läckberg pela Arqueiro (2020)
>>> Atlas de Anatomia Humana 2 volumes - 20ª ed. de Johannes Sobotta pela Guanabara Koogan (1993)
>>> Michaelis Dicionário De Sinônimos E Antônimos (Nova Ortografia) de André Guilherme Polito pela Melhoramentos (2009)
>>> A Xamã De Salto Alto de Anna Hunt pela Rocco (2013)
>>> Amor E Vida de Thomas Merton pela Wmf Martins Fontes (2004)
>>> Africa Explicada Aos Meus Filhos de Alberto Da Costa E Silva pela Agir (2008)
>>> Sete Desafios Para Ser Rei de Jan Terlouw pela Ática (2012)
>>> Big Magic: Creative Living Beyond Fear de Elizabeth Gilbert pela Bloomsbury Publishing (2015)
>>> Juca E Chico. História De Dois Meninos Em Sete Travessuras de Wilhelm Busch pela Pulo Do Gato (2012)
>>> Tratado De Enfermagem Medico-Cirurgica - 4 Volumes [Capa comum] [2009] Varios Autores de Vários Autores pela Gen/ Guanabara (2009)
>>> Psicopedagogia Da Linguagem Escrita de Ana Teberoisky pela Vozes (1993)
>>> Pedagogia Da Autonomia de Paulo Freire pela Paz E Terra (1996)
>>> Sociologia e Filosofia de émile Durkheim pela Martin Claret (2009)
>>> A Revolução Francesa de Paz E Terra pela Paz E Terra (2005)
>>> Histórias Das Mil E Uma Noites - Coleção Conte Um Conto de Ruth Rocha pela Salamandra (2010)
>>> Quem Vai Decifrar O Código Leonardo? de Thomas Brezina pela Ática (2015)
>>> Violencia Do Rosto de Emmanuel Levinas pela Loyola (2014)
>>> Emília No País Da Gramática de Monteiro Lobato pela Ciranda Cultural (2019)
>>> Deserto, Desertos de Jean-Yves Leloup pela Vozes (2003)
>>> Um Caldeirão De Poemas de Tatiana Belinky pela Companhia Das Letrinhas (2002)
>>> As Virtudes Morais de Tomas De Aquino pela Ecclesiae (2012)
COLUNAS >>> Especial Melhores de 2008

Terça-feira, 27/1/2009
Meus melhores discos de 2008
Rafael Rodrigues
+ de 7300 Acessos
+ 2 Comentário(s)

Apesar de ter decidido no mês de maio qual seria o meu disco do ano de 2008, algumas boas surpresas foram aparecendo nos meses seguintes. Tão boas que eu, que nunca me arrisquei a escrever sobre música aqui no Digestivo, resolvi fazer minha lista de melhores CDs de 2008, fechando, assim, a minha trilogia dos melhores, iniciada com os filmes e seguida pelos livros.

Quando fazemos uma lista de "melhores", fica subentendido que as escolhas são pessoais, limitadas pela quantidade de produtos culturais aos quais tivemos acesso. É humanamente impossível ouvir todos os discos lançados durante um ano, ou ler todos os livros, ou assistir a todos os filmes. Portanto, os discos abaixo listados são os melhores discos que ouvi dentre os que comprei ou ganhei em 2008.

O retorno de Saturno, do Detonautas Roque Clube ― Conheci o Detonautas na mesma época em que quase todo mundo, por causa de uma música do primeiro disco deles que fez parte da trilha sonora de Malhação. Só isso já me fez ignorar a banda. Ao menos até sair o segundo CD do grupo, Roque Marciano, que é um discaço e, na minha opinião, fica atrás apenas deste O retorno de Saturno, que sucede Psicodeliamorsexo&distorção (sendo este último um bom disco, mas muito desigual, uma tentativa malsucedida de "crescer").

Mas, enfim, falemos de O retorno de Saturno, um disco excepcional. Depois de flertar com o rock sujo no disco anterior, com guitarras pesadas, baterias violentas e linhas de baixo que podem causar terremotos, o Detonautas resolveu investir em um disco mais calmo ― mas nem por isso menos rock, talvez até mais, porque rock, para mim, é atitude ―, coeso, engajado e com uma presença maior dos violões, deixados um pouco de lado no Psicodeliamorsexo&distorção.

Entre o terceiro e este quarto CD a banda perdeu, para a violência que impera no Rio de Janeiro, um de seus integrantes, o guitarrista Rodrigo Netto, assassinado em um assalto. O grupo, que já era politizado, passou a ser ainda mais, com destaque para a atuação de Tico Santa Cruz, o vocalista, em protestos públicos, ONGs, em seu blog e em suas próprias letras e escolhas musicais. Uma das canções, "Verdades do mundo", é dedicada a Rodrigo. Outra, "Ensaio sobre a cegueira", tem a participação do poeta Edu Planchêz, declamando um belíssimo poema seu chamado "Filhos da morte burra", que tem versos assim: "Jovens/ sem nenhuma utopia/ caminham tensos pelas ruas de suas casas velhas sem nenhuma luz" e "Os filhos da morte burra,/ desconhecem ou nunca ouviram falar em iluminação;/ abrem a boca apenas para vomitar". A quase acústica "O retorno de Saturno", faixa título que abre o disco, é uma belíssima declaração de amor ("E você não sai do meu pensamento/ E eu me questiono aqui se isso é normal"); o refrão de "Tanto faz", sexta faixa, contradiz seu título e faz uma apologia à determinação: "Mas não venha me dizer/ O que eu devo ou não pensar/ E não ouse me impedir/ Nem dizer o que eu devo ou não devo". A música que mais se aproxima do disco anterior é a última, "Eu vou vomitar em você", uma espécie de "canção de protesto" vigorosa ("Eu não acredito numa palavra do que você diz/ E os seus amigos, eles são patéticos demais pra mim/ O seu ar de intelectual é o que há de mais escroto em você/ Seus preconceitos, seus argumentos").

Minha vontade era ter escrito um texto exclusivo sobre O retorno de Saturno, mas meus conhecimentos sobre música ― não passo de um guitar hero frustrado ― não permitem isso (ao menos por enquanto). O que não me impede de dizer que este é um discaço e que, se você não ouviu ainda, ouça. É um álbum inspirador, contestador, barulhento, mas de maneira comedida, controlada; as letras são sóbrias, assim como o instrumental. Nada sobra ou falta. Arrisco dizer que o Detonautas fez um disco quase perfeito, o melhor disco que ouvi em 2008 e o melhor disco de rock brasileiro que ouvi nos últimos tempos.

Chinese Democracy, do Guns N'Roses ― Quando anunciaram que finalmente Axl Rose tinha terminado o Chinese Democracy, não acreditei. Foram tantos adiamentos, tantas notícias de que o álbum estava sendo gravado, que, para mim, o disco já estava virando uma piada. Meu interesse era apenas em saber se o tão prometido álbum iria sair mesmo ou se era uma fábula inventada por Rose para que os holofotes da mídia não o deixassem sozinho no escuro.

Mas eis que, finalmente, depois de mais de dez anos de espera ― Axl Rose e seus comparsas trabalhavam no disco, teoricamente, desde 1997 ― Chinese Democracy chegou às lojas de todo o mundo ― ou quase todo (o disco não pode ser comercializado na China). E os fãs ortodoxos do Guns N'Roses que não gostaram do disco que me perdoem, mas se há algum defeito no álbum é que ele foi calculado, melhorado e pretensioso demais. Afinal, depois de passar dez anos trabalhando num disco, você não pode lançar um, sei lá, Hopes and fears. Tem que lançar algo que pague o dinheiro gasto e a espera dos fãs; algo que valha a pena ser comprado e ouvido dezenas e dezenas de vezes.

Então, o que temos? Mais um disco quase perfeito, a exemplo de O retorno de Saturno. Mas enquanto os brasileiros tentaram simplificar e fazer um disco sóbrio (o que, aliás, conseguiram, não sei por que deixei esse "tentaram"), o que Axl Rose e companhia fizeram foi colocar a megalomania a serviço do rock'n'roll. Cada música é quase uma "ópera-rock". A faixa título, que abre o disco, é eletrizante. Você fica sem saber se toca air drums, se tenta imitar o Axl cantando ou se fica chacoalhando a cabeça feito um louco (air guitar é melhor nem tentar, o solo de guitarra é esquizofrênico, velocíssimo). "Street of dreams" é a melhor música do CD, na minha opinião. Piano do início ao fim, uma orquestrinha por trás, a voz de Axl um tanto melosa, sofrida... É uma canção espetacular. Logo em seguida vem "If the world", não tão rock quanto as outras; as guitarras não são tão vigorosas e rápidas, bem como o vocal, que é mais pausado, digamos assim, mas é uma belíssima canção, muito bem planejada e executada.

Surpreendentemente, Chinese Democracy traz quatorze faixas ― os CDs de bandas americanas estão sendo lançados, quase todos, com somente 10 ou 11 músicas ―, e tem gente dizendo que pelo menos sessenta ficaram de fora. Houve até quem tentasse espalhar um boato, dizendo que a banda estaria pensando em lançar uma outra versão do Chinese, com sobras de estúdio. Seria bom se fosse verdade, mas são apenas rumores. Alguns fãs ortodoxos do Guns não gostaram do resultado, mas paciência. Chinese Democracy é mais um disco excepcional lançado em 2008.

Nós, de Marcelo Camelo ― Ainda vestindo preto por conta do "fim" do Los Hermanos (eles chamam de "recesso por tempo indeterminado"), culpando Marcelo Camelo pela "separação" do grupo, eu disse a uma porção de gente que não queria mais saber dele, que o Amarante é que iria lançar um discaço solo e que Camelo estava sofrendo da síndrome de Chico Buarque. Ou seja: eu estava furioso.

Mas bastou passar alguns meses para eu deixar a birra de lado e voltar a acompanhar a carreira solo do ex-vocalista do Los Hermanos. Quando o disco saiu, ouvi duas faixas no site do cantor e até gostei das músicas, mas não tanto a ponto de baixar as outras. Mesmo assim, coloquei o CD na minha lista de compras e, em dezembro, minha bem-amada me presenteou com ele. Bastou a primeira audição, ainda do lado dela, para decretar que ali estava um dos melhores discos do ano, sem dúvida alguma.

Nós é um álbum que, me parece, conquista o ouvinte aos poucos ― ao menos foi o que aconteceu comigo. A canção que primeiro me fisgou foi "Menina bordada", quase uma música de carnaval baiano ― mas não como essas dos carnavais dos últimos tempos; uma música de verdade. Depois fiquei bobo com a música que abre o disco, "Téo e a gaivota", que tem guitarras tranquilizantes, por assim dizer, calminhas, calminhas, e a voz mansa de Camelo.

Lá pela quarta ou quinta audição, fiquei doente por "Mais tarde", que dá a impressão de se estar em um barco, velejando por algum lugar silencioso e belíssimo do Atlântico. Mais recentemente, a que mais ouvi foi "Copacabana", uma marchinha de carnaval carioca deliciosa e bem-humorada. Um peralta, esse Marcelo Camelo. Pregou-me várias peças. Pensei que seu disco fosse ser algo triste, sofrido, mas não. É um álbum alegre, vivo, com suas doses de melancolia, é claro, mas, no fim das contas, o saldo é positivo. Além disso, enganou toda a mídia, divulgando seu disco com o título de Sou. Descobri a brincadeira e disse que o nome do disco é Nós, como continuo e continuarei chamando o CD, aliás.

Mas agora noto que o nome do disco parece ser, na verdade, Sol. Ora, na capa do disco tem escrito "sóu", sendo que o "ó" está de cabeça pra baixo; e, na última página do encarte, tem escrito "capa poema 'sol' por Rodrigo Linares". Deduzo, portanto, que o disco se intitule Sol, mas continuarei me referindo a ele como Nós, porque é mais poético, mais romântico. Brincadeiras e birras à parte, Marcelo Camelo inicia sua carreira solo com um álbum digno de figurar em qualquer lista de "melhores do ano".


Rafael Rodrigues
Feira de Santana, 27/1/2009

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Os dinossauros resistem, poesia de André L Pinto de Jardel Dias Cavalcanti
02. A origem da dança de Jardel Dias Cavalcanti
03. Baudelaire, um pária genial (parte III) de Jardel Dias Cavalcanti
04. [email protected] de Ana Elisa Ribeiro
05. Nouvelle Vague: os jovens turcos de Marília Almeida


Mais Rafael Rodrigues
Mais Acessadas de Rafael Rodrigues em 2009
01. Meus melhores livros de 2008 - 6/1/2009
02. Sociedade dos Poetas Mortos - 10/11/2009
03. A resistência, de Ernesto Sabato - 15/9/2009
04. Indignação, de Philip Roth - 27/10/2009
05. No line on the horizon, do U2 - 24/2/2009


Mais Especial Melhores de 2008
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

ENVIAR POR E-MAIL
E-mail:
Observações:
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
27/1/2009
14h19min
Parabéns pelo review dos discos. Em destaque, o "Chinese Democracy", um grande trabalho de Axl e cia.
[Leia outros Comentários de Luiz Gustavo]
28/1/2009
18h45min
É... não teve jeito, o mesmo aconteceu comigo em relação ao disco solo do Camelo. É um bom disco para se acordar ouvindo.
[Leia outros Comentários de Gabriel Pardal]
COMENTE ESTE TEXTO
Nome:
E-mail:
Blog/Twitter:
* o Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar Comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal;

** mensagens com tamanho superior a 1000 toques, sem identificação ou postadas por e-mails inválidos serão igualmente descartadas;

*** tampouco serão admitidos os 10 tipos de Comentador de Forum.




Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




The IBM Way
Buck Rodgers
Harbra
(1990)



No Principio era Deus e Ele Se Fez Poesia
Salma Ferraz
Edufac
(2008)



Gúphos psicanálise: O desejo da analista
Vários Autores
Iepsi



Livro Infanto Juvenis A Relíquia Coleção Prestígio
Eça de Queirós
Ediouro



Transplante De Amor
Roboels (espiritu) - (euripedes Kuhl, Psicografia)
Petit
(2001)



kit com 3 Livros: Negocie Qualquer Coisa Com Qualquer Pessoa + Pare De Sabotar e Dê a Volta Por cima + Guia de Sucesso Financeiro + 1 Livrinho de Brinde
Eduardo Ferraz, Flip Flippen, Robb Thompson
Gente, Sextante, Central



Garcia Lorca
Edgard Cavalheiro
Civilização Brasileira
(1956)



Amigos e Inimigos - Como Identifica-los
Platão; Plutarco; Cícero
Landy
(2008)



Direitos Étnicos e Territorialização
Cíntia Beatriz Müller
UFRGS
(2011)



Possessão espiritual
Dr. Edith Fiore
Pensamento





busca | avançada
52329 visitas/dia
1,9 milhão/mês