Foi apenas um sonho, de Richard Yates | Rafael Rodrigues | Digestivo Cultural

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Terça-feira, 31/3/2009
Foi apenas um sonho, de Richard Yates
Rafael Rodrigues
+ de 7900 Acessos

Adaptações cinematográficas de obras literárias têm um papel inestimável para a literatura. Não no caso dos best-sellers; nestes casos, um filme só faz aumentar as vendas e a procura por um livro que já era sucesso. Mas, sim, no caso de obras e autores que, por um motivo ou por outro, foram esquecidas e relegadas às sombras.

Diante disso, o filme Foi apenas um sonho, estrelado por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, que chegou aos cinemas brasileiros no início deste ano de 2009, é de grande importância, porque contribuiu para que chegasse ao mercado nacional o romance em que foi inspirado, do escritor norte-americano Richard Yates ― publicado aqui com o mesmo título do filme, acrescido do subtítulo Rua da Revolução, que corresponde ao original em inglês Revolutionary Road.

Morto em 1992, Yates, como tantos outros bons escritores, não chegou a conhecer o sucesso retumbante, apesar de suas obras sempre receberem elogios da crítica norte-americana e de Revolutionary Road ter sido muito bem recebido na época em que foi lançado (tendo também recebido elogios efusivos de Tennessee Williams e Kurt Vonnegut, por exemplo). Num longo ensaio publicado no fim de 1999, intitulado "The lost world of Richard Yates", o também escritor Stewart O'Nan afirma que "Across his career he was consistently well-reviewed in all the major places, and four of his novels were selections of the Book-of-the-Month Club, yet he never sold more than 12,000 copies of any one book in hardback" (numa tradução literal: "Durante toda sua carreira ele foi constantemente bem resenhado na maioria dos grandes veículos, e quatro de seus romances foram indicados do Clube do Livro do Mês; apesar disso, ele nunca vendeu mais de 12 mil cópias de qualquer livro ― em capa dura"). Não obstante a repercussão do ensaio de O'Nan, que certamente contribuiu para a volta de Yates às livrarias norte-americanas em novas edições e até mesmo em uma biografia (A tragic honesty: The life and work of Richard Yates, de Blake Bailey), no Brasil o autor só foi editado graças ao já referido filme.

Foi apenas um sonho (Alfaguara, 2009, 312 págs.), originalmente publicado em 1961, se passa em 1955 e gira em torno de Frank e April Wheeler, um casal com o relacionamento em frangalhos, sempre prestes a entrar em mais uma crise. O romance tem início com o relato de uma apresentação teatral da qual April é a protagonista. A peça, que prometia ser um sucesso após o emocionante último ensaio, naufraga devido a uma substituição de última hora no corpo de atores. April, que se agarrava ao teatro comunitário como se ele fosse seu último fio de esperança na vida, sua última chance de fazer bem algo que ela realmente gosta, fica arrasada com o resultado da apresentação e, na volta para casa, ela e Frank têm uma grande discussão. Yates parte desta briga para narrar as agruras do casal e também o seu passado.

Quando se conheceram e começaram a namorar, na altura de seus vinte e poucos anos, Frank e April imaginavam que teriam uma vida tranquila e feliz, e que seriam parte da classe de pessoas abastadas financeira e intelectualmente. Afinal, eles eram jovens, bonitos, inteligentes e sabiam o que queriam. Mas um filho não planejado e, pouco tempo depois, outro, colocaram por terra os planos dos outrora jovens sonhadores. Frank, visto pelos amigos de faculdade como uma mente perspicaz e brilhante, teve de se resignar a trabalhar numa empresa que, a rigor, não conhecia a fundo, e tampouco se esforçava para conhecer:

"― A grande vantagem de um lugar como a Knox é que a gente pode desligar a mente todas as manhãs, às nove horas, e mantê-la desligada o dia todo, e ninguém vai notar ― Frank dizia."

April, antes uma garota "primeira classe" que sonhava em ser atriz, foi forçada a render-se aos afazeres de dona de casa, tornando-se mais uma das milhares donas de casa norte-americanas moradoras do subúrbio.

Alguns dias depois da briga, Frank completa trinta anos. Surpreendentemente, April, que o estava tratando com indiferença, organiza uma festa surpresa para o marido e depois, a sós, propõe uma mudança radical em suas vidas:

"O plano, nascido da tristeza e da saudade e do amor dela por ele, era um programa detalhado para se transferirem para a Europa 'permanentemente', no outono."

A partir daí segue-se um período de tranquilidade nas vidas do casal. Eles já não discutem mais, as conversas agora são todas animadas, sempre focadas no plano, Frank está mais disposto no trabalho e April, além de cuidar da casa, tem outras ocupações, como providenciar passaportes e comprar dicionários de francês. A mudança no ânimo de ambos é tão grande que Frank chega a receber uma proposta de promoção no emprego. Esse período de flores dura até o dia em que April confirma sua terceira gravidez, e as coisas jamais serão as mesmas para os Wheeler.

Como se não bastasse a vida triste e arrastada de um casal que vive assombrado pelos fantasmas do que poderiam ter sido e não foram, Foi apenas um sonho aborda temas como o adultério e o aborto, além de fazer duras críticas aos Estados Unidos através de declarações de Frank ("― Este país está podre de tanto sentimentalismo ― Frank disse certa noite, dando as costas à janela, com um movimento solene e andando pelo carpete. ― O sentimentalismo vem se alastrando como uma doença, há anos, há gerações, e hoje qualquer coisa que a gente toca parece estragada, de tanto sentimentalismo.") e de personagens próximos aos Wheeler, como Milly e Shep Campbell, amigos do casal, e Helen Givings, que se aproxima deles por força das circunstâncias e pelo fato de Frank e April serem "diferentes", segundo ela.

Não obstante alguns lampejos de esperança e bom humor, Foi apenas um sonho é, acima de tudo, um romance arrebatador, duro, amargo, sofrido. Um livro que deve ser lido por todo jovem casal que tem sonhos e pretensões de uma vida feliz e brilhante pela frente. Melhor que aprender com os próprios erros é aprender com os erros dos outros. E, por mais que seja uma ficção, os Wheeler certamente existiram e continuam existindo, é só mudar o sobrenome e o endereço.

Para ir além






Rafael Rodrigues
Feira de Santana, 31/3/2009

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