O grande jogo de Billy Phelan | Rafael Rodrigues | Digestivo Cultural

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COLUNAS

Sexta-feira, 2/4/2010
O grande jogo de Billy Phelan
Rafael Rodrigues
+ de 8500 Acessos

Nascido em janeiro de 1928 na cidade de Albany, no estado de Nova York, o escritor e jornalista norte-americano William Kennedy é um dos maiores romancistas de sua geração. Sua obra, apesar de não ser extensa ― se comparada à de um Balzac ―, pode ser chamada de robusta, além de ambiciosa. Kennedy é autor do que ele mesmo batizou de "Ciclo de Albany", uma série de romances que têm em comum, entre outras coisas, o fato de todos terem sua cidade natal como cenário, além de ter escrito livros infantis, peças de teatro, roteiros de filme e obras de não-ficção.

Alguns de seus livros já haviam sido publicados no Brasil, durante as décadas de 1980 e 1990, mas estão fora de catálogo há anos. Isso começa a ser corrigido com a edição ― a primeira, no País ―, pela editora Cosac Naify, do romance O grande jogo de Billy Phelan (Cosac Naify, 2010, 344 págs.), o segundo volume do Ciclo de Albany. Para este ano de 2010 estão previstos, ainda, Ironweed (também em sua primeira edição no Brasil; com este livro William Kennedy venceu o Prêmio Pulitzer de 1984) e uma reedição de Velhos esqueletos, dando prosseguimento à publicação de todo o Ciclo.

Em O grande jogo de Billy Phelan ― que é precedido por Legs (título do original em inglês), que romanceia a vida do gangster Jack "Legs" Diamond, que atuou em Nova York no início do século XX, e cuja leitura não interfere no entendimento dos livros que vieram depois ―, acompanhamos alguns dias da vida de Billy Phelan, um jovem ― não tão jovem assim, pois Billy está prestes a fazer 30 anos ― que ganha a vida com o jogo ― boliche, sinuca, cartas, corridas de cavalo. Pela sorte e pelo talento que possui, Billy Phelan já poderia ter feito fortuna, mas seu prazer em correr riscos, seu desapego ao dinheiro e sua vida libertina não o permitem economizar dinheiro algum.

Apesar de dar título ao livro, Billy não é seu único protagonista. Ele divide esse posto com Martin Daugherty, um jornalista/escritor amigo e admirador de Billy, que se vê às voltas com a sombra do pai ― um escritor muito talentoso e extravagante que, na época em que se passa o romance, encontra-se num asilo, com a saúde debilitada ―, com um filho que decide ser padre, mesmo contra a vontade do pai, e com questionamentos sobre seu papel como jornalista numa cidade dominada politica e economicamente pelo clã dos McCall (seria Martin um reles serviçal, mesmo que involuntariamente, da família?) que, logo no segundo capítulo do livro, tem um dos seus, o jovem Charlie, sequestrado.

O grande jogo de Billy Phelan se passa, em quase sua totalidade, em menos de uma semana do mês de outubro de 1938. O fio que conduz a trama é o sequestro de Charlie. E é a partir desse fato que o autor revela os detalhes da cidade e da oligarquia dos McCall. As referências a preconceitos contra imigrantes ― representados no livro pelos irlandeses ―, aos negros ― há citações à Ku Klux Klan ― e ao Crash de 1929 dão ao romance uma importância ainda maior do que a pretendida pelo autor, que era a de, inicialmente, ficcionar os anos em que a cidade onde nasceu e foi criado era um território controlado pela família O'Connell ― os McCall do "mundo real". "Não tive a intenção de criá-lo [o "Ciclo"]: comecei pensando num romance de grande porte que pudesse satisfazer a minha obsessão com a história da cidade, uma das mais antigas dos Estados Unidos", diz o autor em um texto que escreveu em 2002.

Escrito de maneira que lembra a prosa rápida do escritor John Fante ― a diferença está em Kennedy ser mais refinado ― e com diálogos que chegam perto da perfeição, às vezes engraçadíssimos e às vezes desoladores, O grande jogo de Billy Phelan é leitura que se faz ligeira, motivada pela ânsia de descobrir como será o destino de Billy ― que contraria os McCall ao não se dispor a colher informações que poderiam levar aos sequestradores de Charlie, o que lhe traz sérios problemas ―; de Martin, que é amigo de Billy mas também tem relações com a poderosa família, além de ter a sua própria para sustentar, ou seja, tomar o partido do amigo pode lhe custar caro; e, claro, como termina o sequestro de Charlie.

Paralela às histórias dos personagens, está a discussão de temas relevantes e atemporais, como o vale-tudo que acontece dentro da política (os McCall e suas atitudes para manter o poder a qualquer custo), a relação entre pais e filhos (o pai de Billy que passa anos desaparecido e retorna a Albany, a influência que tem o pai de Martin sobre a carreira do filho e a vontade do próprio Martin de que seu filho não siga a carreira religiosa), e até mesmo a fé, já que Martin é uma espécie de sensitivo.

Na quarta capa do romance, o jornalista e crítico Daniel Piza escreve que "O grande jogo de Billy Phelan é o melhor romance do norte-americano". Mas Ironweed, livro que o sucede e que daqui a alguns meses o leitor brasileiro poderá, finalmente, ter acesso, é o mais conhecido, até por conta da adaptação que dele foi feita para o cinema, uma produção dirigida por Hector Babenco, protagonizada por Jack Nicholson e Meryl Streep, cujo roteiro ficou a cargo do próprio William Kennedy. Não existe, é claro, competição entre um livro e outro, mas saber qual deles é o melhor não deixa de ser uma motivação a mais para ler ambos os romances.

Para ir além






Rafael Rodrigues
Feira de Santana, 2/4/2010

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