O melhor filme de 2011 | Marta Barcellos | Digestivo Cultural

busca | avançada
74965 visitas/dia
1,9 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Hospital Geral do Grajaú recebe orquestra em iniciativa da Associação Paulista de Medicina
>>> Beto Marden estreia solo de teatro musical inspirado em Renato Russo
>>> Tendal da Lapa recebe show de lançamento de 'Tanto', de Laylah Arruda
>>> Pimp My Carroça realiza bazar de economia circular e mudança de Galpão
>>> Circuito Contemporâneo de Juliana Mônaco
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
Colunistas
Últimos Posts
>>> Lisboa, Mendes e Pessôa (2024)
>>> Michael Sandel sobre a vitória de Trump (2024)
>>> All-In sobre a vitória de Trump (2024)
>>> Henrique Meirelles conta sua história (2024)
>>> Mustafa Suleyman e Reid Hoffman sobre A.I. (2024)
>>> Masayoshi Son sobre inteligência artificial
>>> David Vélez, do Nubank (2024)
>>> Jordi Savall e a Sétima de Beethoven
>>> Alfredo Soares, do G4
>>> Horowitz na Casa Branca (1978)
Últimos Posts
>>> Escritor resgata a história da Cultura Popular
>>> Arte Urbana ganha guia prático na Amazon
>>> E-books para driblar a ansiedade e a solidão
>>> Livro mostra o poder e a beleza do Sagrado
>>> Conheça os mistérios que envolvem a arte tumular
>>> Ideias em Ação: guia impulsiona potencial criativo
>>> Arteterapia: livro inédito inspira autocuidado
>>> Conheça as principais teorias sociológicas
>>> "Fanzine: A Voz do Underground" chega na Amazon
>>> E-books trazem uso das IAs no teatro e na educação
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Carona na Rede
>>> De cima da goiabeira
>>> Jimi Hendrix encontra o Deep Purple
>>> Internet & Ensino, de Júlio César Araújo
>>> Laymert politizando novas tecnologias
>>> Quem sabe eu ainda sou uma garotinha
>>> Gabeira sobre os protestos
>>> A Symphonia da Metropole
>>> Bar ruim é lindo, bicho
>>> A crise dos 28
Mais Recentes
>>> Introdução ao Estudo da Escola Nova 12ª edição bases, sistemas e diretrizes da pedagogia contemporânea de M B Lourenço Filho pela Melhoramentos (1978)
>>> O Príncipe e o Mendigo de Mark Twain (tradução de A B Pinheiro de Lemos) pela Record
>>> Estorias dos sofrimentos, morte e ressurreição do senhor jesus cristo na pintura de emeric marcier de Affonso Romano de San'anna pela Edições Pinakotheke (1983)
>>> Coleção com 3 livros: Piadas De Boteco + Piadas de escritório + Piadas (muito) Bobas de Pepe Borrachov. Aníbal Litvin pela Vergara & Riba
>>> Kit com 2 livros: Lidere Sua Mente + Autocontrole de Augusto Cury pela Gold (2015)
>>> Laços (5ª reimpressão) de Domenico Starnone pela Todavia (2019)
>>> Apollinaire par lui meme (ecrivains De Toujours) de Pascal Pia pela Editions Du Seuil (1954)
>>> Old Man and the Sea de Ernest Hemingway pela Jonathan Cape (1955)
>>> A Essência do Talmud de Theodore M. r. Von Keler pela Ediouro
>>> O Pum E O Piriri Do Vizinho (5º reimpressão) de Blandina Franco - Jose Carlos Lollo pela Companhia Das Letrinhas (2020)
>>> South Africa 2010 Fifa World Cup - Livro Ilustrado Completo de Varios autores pela Panini (2005)
>>> No tempo dos Bandeirantes de Belmonte pela Melhoramentos (1948)
>>> Magia Do Verbo Ou O Poder Das Letras de Jorge Adoum pela Pensamento (1985)
>>> A Grande Fraternidade Branca e os Dirigentes Invisíveis de Kenneth w. Bourton pela Maya (1997)
>>> Academia Paulista de Letras - cadeira número cinco de Ignacio da Silvia Telles/ Paulo Bomfim pela Quatro (1991)
>>> A Varinha Mágica. Como Fazer de Ed Masessa pela Moderna (2007)
>>> Educação De Um Kabalista (2º edição) de Rav Berg pela Kabbalah (2015)
>>> Timequake. Tremor De Tempo de Kurt Vonnegut pela Rocco (1999)
>>> Através Do Espelho de Jostein Gaarder pela Companhia Das Letras (2000)
>>> Através Do Espelho de Jostein Gaarder pela Companhia Das Letras (2000)
>>> Através Do Espelho de Jostein Gaarder pela Companhia Das Letras (2000)
>>> Garota Das Laranjas, A de Jostein Gaarder pela Companhia das Letras (2012)
>>> Garota Das Laranjas, A de Jostein Gaarder pela Companhia das Letras (2012)
>>> O Alienista de Machado De Assis pela Penguin Books - Grupo Cia Das Letras (2014)
>>> Batman: Trilogia Do Demônio (Edição de luxo) de Jerry Bingham pela Panini (2024)
COLUNAS

Sexta-feira, 6/1/2012
O melhor filme de 2011
Marta Barcellos
+ de 4600 Acessos

O cinema em 2011 foi marcado por um debate com cara de Fla X Flu: você gostou mais de A árvore da vida ou de Melancolia? Veja bem, apreciar igualmente ambos é como torcer por um empate no Maracanã, revela total falta de personalidade. Mas não basta gostar e vestir a camisa. Para quem é chegado a discussões filosóficas (quase todo cinéfilo é), a questão ia além: qual dos dois filmes cumpre a promessa de desvelar artisticamente o sentido da vida, ou a inexistência dele?

Ligeiramente pretensioso? Pois é... Chegaremos já já neste ponto.

Primeiro, retornemos à polêmica da época do lançamento - quase simultâneo no Brasil - dos dois filmes. O parentesco entre as duas obras é evidente, e não faltou assunto em mesa de bar para quem teve a chance de assisti-los nos primeiros dias. Mas vale lembrar que a expectativa era alimentada também pela excentricidade dos cineastas em questão: Lars Von Trier havia elogiado Hitler - provavelmente de forma irônica, mas com elogio ao nazismo não se brinca - na coletiva de imprensa do lançamento de seu filme no Festival de Cannes. Como se diz, perdeu a chance de ficar calado. Um risco de Terrence Malick não corre: o cineasta queridinho dos atores-cabeça de Hollywood não é dado a piadinhas porque, além de anti-social, jamais concede entrevistas. Aliás, ia passar maus bocados se tentasse explicar os próprios filmes.

Antes que eu passe por torcedor de empate em jogo clássico, vou deixar claro: gostei mais de Melancolia. E não duvido que a crítica tenha se deixado influenciar pelas declarações de mau gosto de von Trier para considerá-lo inferior ao filme de Malick. Mas a questão que me interessa é outra. Enquanto nós, apreciadores do bom cinema, éramos atraídos por essa discussão, grandiosa no tema existencial, na trilha sonora e nas imagens espaciais, corria por fora um outro filme - este sim - sensacional. E sobre o sentido da vida.

Para discorrer sobre algo assim, nos ensinam os grandes artistas, é preciso abandonar a pretensão e a grandiloqüência, para abraçar a poesia. Se for possível fazer isso com uma boa dose de bom humor... bingo! Eis aí um grande filme.

Refiro-me aqui a Um conto chinês, o melhor filme de 2011. Chinês no título, mas argentiníssimo, no bom sentido cinematográfico. Aliás, mais argentino impossível, já que tem como protagonista ninguém menos do que Ricardo Darín, um ator que nesta época de rankings e retrospectivas deveria estar na lista de melhores da atualidade. Se você ficou confuso porque já começaram a surgir pretendentes ao Globo de Ouro ou Oscar, tire a prova pegando na locadora outros dois filmes recentes estrelados por ele: Abutres e O segredo dos seus olhos. Depois desse pacote triplo, não sobra chance para nenhum ator de Hollywood.

Dirigido por Sebastián Borensztein, Um conto chinês tem como protagonista um personagem rabugento e impenetrável. À medida que compreendemos Roberto, sua humanidade e a natureza das manias que o ajudam a sobreviver, descobrimos também a questão filosófica que o paralisou, desde que foi enviado para o combate na mais absurda das guerras, a das Malvinas, se é que dá para hierarquizar guerras como mais ou menos absurdas - todas o são. "A vida não faz sentido; ela é um grande absurdo", diz Roberto. Para provar a sua tese, Roberto não invoca o fim do mundo, como aqueles que apontam para a conclusão do calendário maia em 2012, ou para uma melancólica colisão com outro planeta. Nem se consola tentando achar um sentido na transcendência ou na graça, como em A árvore da vida. Roberto coleciona notícias. Absurdas.

Mas o absurdo da vida o desafia. Porque, a despeito da falta de sentido (ou talvez por causa dela), a vida não é preenchida apenas por existências e mortes absurdas (que por sinal povoaram 2011). Quando tudo já estava planejado, um chinês pode ser arremessado bem na sua frente, uma vaca pode cair do céu. Pergunte a um ficcionista a principal diferença entre a ficção e a realidade, e ele responderá: a ficção precisa parecer verossímil. A vida real não.

Transformar os absurdos da vida em arte é o nosso desafio em 2012, o ano em que o mundo de novo não vai acabar.

Se a vida não basta, como dizem o poeta e o filósofo, vamos reinventá-la, cada um a seu modo, na literatura, no cinema, na música. Em nossas instalações pessoais. Você não é um artista? Sem problemas. Aprenda a rir e se enternecer por Roberto, e não espere que um chinês lhe seja arremessado para enfim afirmar a vida e descobrir a arte. Principalmente, não se deixe embotar pelo ritmo frenético do trabalho, do consumo e da tecnologia que nos torna distraídos para a vida, ou para a falta de sentido dela.

Outro dia ouvi uma pessoa defender o entretenimento fácil, aquele "que apenas distrai". "Depois de trabalhar tanto, não quero ter que pensar. Só quero me distrair um pouco", defendeu. Lembrei-me de pessoas mais velhas que tenho tido a oportunidade de entrevistar lamentando o excesso de distração em vidas que agora prenunciam seu fim. "Passou muito rápido", dizem uns. "Não vi meus filhos crescerem", se entristecem outros.

Por isso, o meu voto para 2012 é que não sejamos distraídos. Estejamos atentos e intensos. Pensando, sim, no sentido da vida, e sobretudo buscando transformar toda essa confusão em narrativas maravilhosas como Um conto chinês.



Marta Barcellos
Rio de Janeiro, 6/1/2012

Quem leu este, também leu esse(s):
01. O livro do Natal de Marta Barcellos
02. O Marceneiro e o Poeta de Yuri Vieira
03. Felicidade: reflexões de Eduardo Giannetti de Jardel Dias Cavalcanti
04. A dor do inexplicável de Vera Moreira


Mais Marta Barcellos
Mais Acessadas de Marta Barcellos em 2012
01. A Paris de Chico Buarque - 19/10/2012
02. O fim do livro, não do mundo - 20/4/2012
03. Esquecendo de mim - 25/5/2012
04. O Facebook e a Alta Cultura - 17/8/2012
05. O direito autoral vai sobreviver à internet? - 27/1/2012


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Leite Derramado
Chico Buarque
Companhia das Letras
(2009)



Mecânica Dos Fluídos
Franco Brunetti
Pearson
(2009)



Lady Gaga - A Revolucao Do Pop
Emily Herbert
Globo
(2010)



E-business e Tecnologia: Autores e Conceitos Imprescindíveis
Vários Autores
Publifolha
(2001)



Livro O Pensamento Vivo de Picasso Volume 4
José Geraldo
Martin Claret
(1985)



Livro Administração A Meta um Processo de Aprimoramento Contínuo
Eliyahu Goldrat
Imam
(1992)



Intoducción a los Principios y la Prática de la Homeopatía
Charles E. Wheeler
El Ateno
(1984)



O Pequeno Vampiro no Vale das Lamentações
Angela Sommer-bodenburg
Martins Fontes
(1994)



Eu Consigo Emagrecer
Dr. Joel Fuhrman
Agir
(2014)



Crainquebille - Putois, Riquet et Plusieurs Autres Récits Profitables
Anatole France
Calmann-levy
(1973)





busca | avançada
74965 visitas/dia
1,9 milhão/mês