COLUNAS
Terça-feira,
8/1/2002
Pigmentômetro
Félix Maier
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Ganha vulto junto aos arautos do "politicamente correto" os conceitos de
"ação afirmativa" inventada pelos americanos do norte. E que agora está
sendo tropicalizada para implementação na Terra de Macunaíma. Ou seja,
estudam-se formas de colocar vagas à disposição de negros, para que um
número maior deles ingresse em nossas universidades. Ao mesmo tempo,
implanta-se projeto semelhante no trabalho em geral, tanto no serviço
público, quanto no privado, a começar pelo Ministério da Justiça.
Inventou-se em nosso País um cabide de empregos com verniz negro.
É claro que nunca se vai acabar com qualquer tipo de discriminação
utilizando uma outra forma de discriminação. Isso tudo é apenas um programa
demagógico, racista, que vai contra os princípios de igualdade preconizada
em nossa Constituição. Está mais do que provado que são os pobres, e não a
apenas a população negra, que de modo geral não têm acesso ao ensino
superior e ao mercado de trabalho qualificado. É a pobreza que confina
populações inteiras a vegetar na miséria herdada de seus ascendentes, as
quais nunca tiveram a mínima condição para subir a patamares sociais mais
elevados, ocasionando um círculo vicioso que não pára de rodar.
Por outro lado, há também outras minorias, além das negras, que deveriam ser
contempladas por tal medida, de "discriminação positiva", assim chamada pelo
movimento "politicamente correto" em moda. E os nossos irmãos índios, não
terão direito a cotas? E o ciganos? E os polacos? E os alemães? E os
italianos? E os japoneses? E os chineses? E os eslavos? Conheço muitas
pessoas descendentes desses povos que não conseguem uma melhor ascensão
social em nosso País simplesmente porque são pobres, seus pais não conseguem
colocá-los em bons colégios, onde teriam mais chance de ingresso numa
universidade.
Mas, fiquemos apenas com os negros - como quer o movimento "politicamente
correto". Vai ser muito difícil estabelecer quem é na verdade "negro".
Sabe-se que há uma variação de aproximadamente 170 tons negróides no Brasil,
conforme afirmou José Carlos Azevedo, ex-reitor da Universidade de Brasília
(UnB), no "Passando a Limpo", com Bóris Casoy, da TV Record (2/12/2001).
Começando do negro profundo, do tipo "azulão", passando pelo mulato, cafuzo,
marrom, ébano, sarará, e chegando até aquele moreno claro, que faz a maioria
do povo brasileiro - como ficamos?
Se é para estabelecer cotas, medindo apenas a falta da reflexão da luz (a
cor preta, sabe-se pela Física, não reflete luz), necessita-se inventar
urgentemente um instrumento para tal. Sugiro que seja criado o
"pigmentômetro", aparelho que mediria a reflexão da luz da pele do negro -
ou a falta de reflexão de luz -, para dirimir todas as dúvidas suscitadas.
Porém, a dúvida persistirá: que grau de reflexão de luz a pele da pessoa
humana deverá ter, para que sonhe com uma vaga na universidade?
Eu, por mim, sou a favor de cotas étnicas nas universidades, desde que o
Governo me envie uma caixa diária de cerveja alemã. Gelada.
Félix Maier
Brasília,
8/1/2002
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