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Segunda-feira,
6/5/2013
Garanto que você não vai gostar
Carina Destempero
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Se você quer garantias, não se apaixone. Se você não quer se apaixonar, não se aproxime de ninguém. Se não vai se aproximar de ninguém, melhor nem conhecer, então. Não converse, não interaja. Aliás, nem saia de casa. Se você quer garantias, é melhor morrer.
Desculpe ser assim tão direta, mas é que vida e garantia são coisas incompatíveis. E como paixão é das coisas mais vivas que existe, não dá pra se apaixonar querendo certezas. Aliás, posso contar outra coisa? Quase uma confissão, daquelas que a gente fala baixinho, e mesmo sozinho olha pros lados pra ver se ninguém mais escutou? Certezas e garantias são superestimadas. Sim, também acho estranho pensar isso, todo mundo quer garantias, mas a verdade é que elas são só uma fuga neurótica da vida. Uma maneira de não arriscar, de fingir ter controle das coisas. De se iludir achando que não haverá mais sofrimento. Você já sofreu uma vez, achou que nunca fosse se recuperar, e aí, quando está quase recuperado conhece alguém. Você se interessa pela pessoa, ela por você, mas bate aquele medo: "E se acontecer tudo de novo? É melhor me certificar antes que dessa vez vai ser diferente." O problema é que não é possível saber esse tipo de coisa. Você até pode achar que sim, pensar em como agir diferente, observar e questionar o outro pedindo provas. Mas para as coisas serem diferentes elas precisam ser reais, precisam acontecer, e isso só se consegue vivendo, não pensando.
Garanta que você vai me amar para sempre e que não vou sofrer. Se alguém te garantir isso, fuja, deve ser um robô ou habitante de outro planeta. Humano algum pode garantir isso. Só podemos dizer de um desejo, hoje, de que o amor dure enquanto vivermos. Mais do que isso, é falácia. E prejudicial, inclusive. Só desejamos na falta, só amamos na dúvida, só vivemos na incerteza. É ela que nos move. É o não saber que nos faz sonhar, querer, desejar. A certeza, ao contrário do que pode parecer, acaba com a graça da vida. Quando falam de relacionamentos que terminam por caírem na rotina, a coitada da rotina está levando uma culpa que não é dela. Caiu na rotina porque não havia desejo, não havia desejo porque havia garantia.
Então, da próxima vez que sentir-se tentado a exigir que o outro te garanta a eternidade de um amor que ele não pode controlar, olhe pra você mesmo. Escute o que nem você tem coragem de falar. Faça o que o seu desejo pedir. Porque eterno não é o que dura para sempre, mas aquilo que, enquanto acontece, te transforma irreversivelmente. E amor não é o que não faz sofrer. Amor é aquilo que a gente vive falando, mas morre sem saber dizer.
Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado no blog Confraria dos Trouxas.
Carina Destempero
Rio de Janeiro,
6/5/2013
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